Apontado como um item fundamental para uma alimenta��o saud�vel, o azeite virou alvo de den�ncia. Consumidores brasileiros, acostumados a sempre t�-lo � mesa, est�o, em muitos casos, comprando “gato por lebre” e podendo contrair problemas prejudiciais � sa�de. A conclus�o � do teste feito, este ano, pela Associa��o Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), que mostrou que de 20 marcas oferecidas no mercado, 11 apresentam problemas. Entre as reprovadas, em quatro foram encontrados �leos vegetais adicionados, o que � ilegal e n�o pode ser considerado azeite; e sete n�o s�o o que dizem ser, o que os tornam, inclusive, arriscados para o consumo. Por causa da reincid�ncia no teste, a entidade pede �s autoridades no assunto a retirada de oito marcas do mercado.
Desde 2002, a Proteste realiza esse tipo de an�lise e, de acordo com a coordenadora institucional da entidade, Maria In�s Dolci, foi constatado durante esses anos que os problemas s�o persistentes. Este ano, aqueles que n�o podem ser considerados azeite (veja arte) foram eliminados do teste ap�s a an�lise do laborat�rio comprovar a adultera��o. Segundo a entidade, as propriedades antioxidantes do azeite de oliva s�o o principal atrativo do produto, devido ao efeito ben�fico � sa�de. Mas, para que o produto mantenha suas caracter�sticas, � importante que ele n�o seja misturado a outras subst�ncias. Os quatro produtos desclassificados pela entidade s�o, na verdade, uma mistura de �leos refinados, com adi��o de outros �leos e gorduras.
Das quatro marcas que apresentaram adultera��o, tr�s j� tinham sido reprovadas pelo mesmo motivo no �ltimo estudo, em 2013. Na �poca, eles foram desclassificados pela fraude ter sido detectada. Na an�lise, s�o levados em conta a umidade, as impurezas e a presen�a de metais, entre outros par�metros. Assim, as marcas Pramesa, Figueira da Foz, Tradi��o e Quinta d'Aldeia foram tidas como de m� qualidade.
Com exce��o dos eliminados, o restante foi bem classificado no quesito estado de conserva��o. Segundo a entidade, cada um dos produtos passou por tr�s pain�is de especialistas treinados pelo Conselho Oleico Internacional (COI). E, segundo eles, sete marcas n�o podem ser consideradas extravirgem. As marcas Figueira da Foz, Tradi��o e Quinta d'Aldeia, e Filippo Berio apresentaram, segundo o teste, fraude por ter caracter�sticas para uso industrial, e n�o dom�stico.
Segundo a pesquisa, o tipo de azeite ben�fico para a sa�de � o extravirgem, ideal para finaliza��o de pratos e saladas. J� o virgem � mais apropriado para o preparo de alimentos quentes – como refogados e cozidos –, enquanto o lampante n�o deve ser consumido diretamente em casa. “Quando voc� compra um azeite adulterado, acaba comprando gato por lebre: paga o equivalente a um produto mais caro, mas leva outro para casa”, afirma Dolci.
Darcy Mattos de Azevedo, de 78 anos, uma das fundadoras do Movimento Dona de Casa (MDC), diz que sempre se preocupa com o azeite que p�e em casa. “Sempre olho a marca, a qualidade e o pre�o. Observo muito a cor do �leo na embalagem”, conta. Ela se diz preocupada com a conclus�o da pesquisa da Proteste e afirma que o MDC deve ir aos supermercados em Belo Horizonte para conferir se as marcas reprovadas continuam � venda. “Tudo que � adulterado faz mal � nossa sa�de”, refor�a.
Das reprovadas, a Proteste pede imediatamente a retirada de oito do mercado. De acordo com a entidade, � inadmiss�vel que o consumidor continue sofrendo com a adultera��o do azeite pela adi��o de outros �leos vegetais. Al�m disso, ser enganado levando para casa um produto que se proclama extravirgem – mas n�o o �. “Ambos os casos s�o infra��es grav�ssimas ao C�digo de Defesa do Consumidor e outras legisla��es que tratam de crimes de consumo”, diz o texto do teste.
Diante disso, a Proteste pede ao Minist�rio da Agricultura e ao Departamento de Prote��o e Defesa do Consumidor (DPDC) a retirada dessas marcas. O problema tamb�m foi comunicado ao Minist�rio P�blico. “E denunciamos os problemas �s associa��es de supermercados. Desaconselhamos ainda a compra dessas marcas, enquanto n�o readequarem seus produtos”, comenta Dolci.
Questionamento
O Estado de Minas entrou em contato com as oito marcas acusadas pela Proteste, mas n�o obteve retorno dos respons�veis pela Pramesa, Figueira da Foz e Beir�o. A reportagem n�o conseguiu entrar em contato com a marca Tradi��o. Em sua p�gina no Facebook, a Quinta d'Aldeia informou que a empresa Sales, respons�vel pela distribui��o, n�o foi notificada e que n�o teve ci�ncia sobre a realiza��o de qualquer teste nos azeites e acusa a Proteste de fazer an�lises tendenciosas, “com o objetivo de prejudicar uma empresa s�ria e id�nea. Desta forma, novamente as medidas judiciais cab�veis ser�o tomadas”, diz o texto.
Sobre a Carrefour Discount, a companhia informou, por meio de nota, que tamb�m n�o foi notificada sobre o teste nem teve acesso ao lote testado. E tamb�m afirma que, na �ltima an�lise feita, em janeiro deste ano, no produto da marca, “testes laboratoriais comprovaram que o lote era extravirgem, resultado diferente portanto do apresentado pela Proteste”.
O grupo P�o de A��car, respons�vel pela distribui��o da marca Qualit�, informou � reportagem , por meio de nota, cumprir rigorosamente as normas em vigor e que o azeite Qualita � importado, e o fornecedor cumpre com todas as especifica��es legais e de qualidade necess�rias para a comprova��o da pureza do produto. “A Qualit� informa tamb�m que, a partir setembro de 2016, a embalagem de colora��o verde escura j� estar� dispon�vel no mercado”, diz o texto. A marca Filippo Berio informou que a empresa iria se manifestar, por�m, at� o fechamento desta edi��o n�o houve retorno.
No laborat�rio
AS MARCAS QUE MELHORARAM
>> De acordo com a pesquisa da Proteste, foi percebida uma melhora em algumas marcas. S�o elas: La Espa�ola, Carbonell, Serrata, Gallo e Borges foram tidos como virgens nos �ltimos testes. Desta vez, contudo, eles provaram ser extravirgens.
R�TULOS E EMBALAGENS
>> A Proteste considera inadequada a embalagem de vidro transparente. Para melhor conserva��o do produto, segundo a entidade, o melhor � que ele seja armazenado em embalagem preferencialmente de vidro escuro. No geral, os produtos se sa�ram bem diante dos testes em rela��o aos r�tulos. No entanto, a Proteste alerta que a maioria deles n�o traz o prazo de conserva��o ap�s a abertura da embalagem e alguns pecam quando o assunto � estreitar e facilitar a intera��o entre o consumidor e a empresa: falta e-mail e telefone para contato.
MELHOR NO TESTE
>> O Cocinero foi escolhido como O Melhor do Teste e A Escolha Certa. Segundo a Proteste, ele � o aut�ntico azeite extravirgem e apresentou qualidade excelente, al�m do melhor custo/benef�cio entre os produtos avaliados. Por�m, a embalagem de pl�stico foi apontada como ponto negativo. Outra observa��o � que o r�tulo precisa de adequa��es, uma vez que n�o informa a data de envase do produto.
N�O S�O EXTRAVIRGEM
>> Qualit�, Beir�o, Carrefour Discount, Filippo Berio, Figueira da Foz, Tradi��o e Quinta d'Aldeia.
N�O S�O AZEITES
>> Pramesa, Figueira da Foz, Tradi��o e Quinta d’Aldeia. Eles foram eliminados do teste ap�s a an�lise em laborat�rio comprovar adultera��o.
LONGE DA MESA
>> Figueira da Foz, Tradi��o e Quinta d'Aldeia. Segundo a Proteste, essas marcas apresentaram fraude, t�m caracter�sticas sensoriais de azeite lampante, o qual nem poderia ser levado � mesa, devido � sua acidez intensa, s� devendo ser destinado para uso industrial.
Fonte: Proteste