S�o Paulo, 17 - Como reflexo da queda do consumo e a retra��o do faturamento, quase sete em cada dez micro e pequenas ind�strias paulistas enfrentam dificuldades para pagar o 13� sal�rio dos funcion�rios neste ano. Para 17% delas, a situa��o � ainda mais grave e j� se trabalha com a perspectiva de atrasar o repasse do benef�cio. Os dados s�o de um levantamento do Sindicato da Micro e Pequena Ind�stria do Estado de S�o Paulo (Simpi).
As empresas paulistas correspondem a cerca de 40% do total de micro e pequenos fabricantes do Pa�s, segundo o Simpi.
A fabricante de parafusos Tec Stam � uma das que ter� de postergar o pagamento de fim de ano dos empregados. "� uma situa��o muito constrangedora. A segunda parcela, que dever�amos repassar para a equipe at� dezembro, s� vamos conseguir pagar em fevereiro, com recursos pr�prios", diz Humberto Gon�alves, s�cio da firma.
Com os neg�cios em baixa, a empresa atrasou o cumprimento de contratos, o que a fez perder credibilidade com bancos e dificultou o acesso a cr�dito. "Fornecemos para diferentes segmentos, de m�quinas e equipamentos a fabricantes de carrocerias para �nibus e caminh�es, mas o capital fugiu, quem h� dois anos tinha planos de investir teve de se preocupar em sobreviver, e diminu�mos tamb�m. Hoje, a empresa opera com 30% de ociosidade.
Na ind�stria de cutelaria La Lupe, a queda estimada no faturamento em 12 meses at� novembro � de 15%, o que tamb�m dificultar� o pagamento do 13.� sal�rio, segundo S�rgio Luiz Kyrillos, s�cio da fabricante. "Estamos fazendo um esfor�o para n�o atrasar o pagamento, mas o ano est� sendo cruel, sobretudo para quem faz artigos que n�o s�o de primeira necessidade."
Caso uma parte significativa dos micro e pequenos fabricantes atrase o 13.�, o impacto poder� ser grande nas vendas de Natal, lembra Jos� Luis Oreiro, economista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Os comerciantes j� esperam vendas natalinas mais fracas para este ano, mas um consumidor com menos dinheiro no bolso e mais receoso de gastar pode fazer com que o n�vel de estoque nas lojas aumente e a ind�stria j� come�aria o ano que vem tendo de contrair a produ��o e demitir mais gente. � um cen�rio alarmante para todos."
Segundo Oreiro, a retra��o do mercado interno � ainda mais impactante para os fabricantes de menor porte, que n�o t�m condi��es de exportar seus produtos, mesmo em um cen�rio de d�lar mais valorizado. "Fica cada dia mais dif�cil reverter essa situa��o, em que as empresas operam com capacidade ociosa e sem perspectiva de melhora no consumo interno. Se nada for feito, pode chegar um momento em que a economia atinja um ponto de ruptura, caso a recess�o se aprofunde."
Ele lembra que muitos Estados em crise j� atrasam pagamentos de servidores e, caso a iniciativa privada tenha de fazer o mesmo, n�o haver� como evitar um Natal mais magro.
Conta atrasada
O cen�rio atual do mercado interno � negativo para qualquer lado que se olhe, mas os pequenos industriais t�m uma fragilidade maior do que as empresas grandes quando precisam recorrer aos bancos em busca de cr�dito, lembra Gustavo Loyola, da Tend�ncias Consultoria.
Nesse contexto, a maior restri��o a empr�stimos, que afeta a todos, acaba sendo mais perversa com os menores, o que tamb�m reduz as suas possibilidades de defesa durante a recess�o econ�mica, avalia.
Em outubro, 11% dos empres�rios disseram ter deixado de pagar seus fornecedores no m�s anterior e 19% admitiram n�o conseguir honrar d�vidas com bancos ou financeiras, ainda de acordo com o levantamento do Simpi.
"� como uma bola de neve. A receita diminuiu e, sem recursos para arcar com seus custos operacionais, as empresas se tornam inadimplentes. O passo seguinte � cortar na carne e atrasar os benef�cios dos funcion�rios", diz Joseph Couri, presidente do sindicato.
"Outubro e novembro s�o meses em que a produ��o nessas empresas costuma estar em alta, para atender �s demandas de Natal do com�rcio, mas n�o � o que se v� neste ano. As m�quinas est�o paradas. Sem facilitar o acesso ao cr�dito para os micro e pequenos, n�o h� muito o que o empres�rio possa fazer para tentar se reerguer." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.