S�o Paulo, 22 - Cada ano que passa a Black Friday, a megaliquida��o inspirada no varejo do Estados Unidos e marcada para a pr�xima sexta-feira, est� roubando vendas do Natal no com�rcio brasileiro. E, neste ano de crise, essa tend�ncia deve se acentuar, pois o consumidor est� em busca de maiores descontos.
A inten��o do brasileiro de antecipar as compras de dezembro para novembro � clara em duas pesquisas que acabam de ser conclu�das. Quase a metade (48%) dos consumidores que j� fizeram pelo ao menos uma vez na vida compras pela internet pretendem comprar presentes de Natal na Black Friday, segundo enquete online com cerca de mil pessoas feita pela Bonus Quest a pedido da loja online Mercado Livre. Pesquisa do Ibope realizada para a �rea de varejo do Google chegou a um resultado semelhante: 47% dos internautas declararam que planejam antecipar compras de Natal na megaliquida��o.
"A fatia de consumidores interessados em antecipar as compras de Natal pode ser maior do que � apontada nas pesquisas", observa Leandro Soares, diretor de Marketplace do Mercado Livre. Ele faz essa afirma��o com base nos resultados da sua enquete, na qual um ter�o dos entrevistados disseram que n�o tinham pensado sobre essa possibilidade e n�o descartam a antecipa��o. A mesma pesquisa mostrou que 19% disseram que n�o antecipariam compras.
A inten��o do consumidor de antecipar compras para aproveitar os descontos j� foi identificada em edi��es passadas da Black Friday. Em 2014, por exemplo, a Black Friday respondeu por 42% do faturamento no varejo em novembro de uma cesta de 11 categorias de eletroeletr�nicos, entre os quais est�o TV, celular, geladeiras, por exemplo, segundo a consultoria GFK que monitora o com�rcio online e nas lojas. Essas categorias representam 60% das vendas de eletroeletr�nicos. Em 2015, a fatia das vendas da Black Friday para esses mesmos itens em novembro chegou a 48%.
"Cada vez mais a Black Friday est� roubando a import�ncia do Natal, que sempre foi a primeira data de vendas", observa Andr� Silva, gerente de atendimento da GFK. Ele ilustra esse movimento com resultados concretos de faturamento em novembro, marcado pela Black Friday; dezembro, pelo Natal, e janeiro, que reflete os sald�es de come�o de ano. Entre 2012 e 2015, novembro ganhou cinco pontos porcentuais de participa��o de vendas nesse trimestre: respondia por 29% das vendas e, em 2015, chegou a 34%. No mesmo per�odo, os meses de dezembro e janeiro perderam participa��o na receita das lojas.
Silva ressalta tamb�m que o faturamento das lojas de eletroeletr�nicos na semana do Natal durante o ano passado (R$ 1,140 bilh�o) representou cerca de 40% da receita obtida na semana da Black Friday no mesmo ano (R$ 2,753 bilh�es).
Descontos
Se para o consumidor descontos atraentes num cen�rio de crise t�m sido o grande apelo para antecipar as vendas, h� lojistas que, na ponta do l�pis, n�o consideram a megaliquida��o um bom neg�cio. "Se formos analisar pelo lado comercial n�o � um bom neg�cio, porque h� represamento de vendas, aumentos de custos e gargalos na entrega", diz Jos� Domingos Alves, supervisor-geral da Lojas Cem, rede de eletroeletr�nicos que encerra o ano com 245 lojas. Mas ele ressalta que, por quest�es concorrenciais, a rede n�o pode ficar de fora.
Alves explica que, no dia da megaliquida��o, o faturamento � espetacular para o varejista, mas depois recua porque existe um movimento de represamento de vendas. O executivo confirma com dados a perda de protagonismo do Natal para Black Friday e para os sald�es de janeiro. "No passado o faturamento do Natal representava 70% de um m�s comum; hoje � 30%."
Fraudes
� importante que o cliente, durante a Black Friday, fique atento �s varia��es de pre�o. Muitas lojas, querendo se aproveitar do �nimo dos compradores, aumentam valores de produtos antes da data, criando um desconto fict�cio durante o evento. Uma boa sa�da para evitar fraudes desse tipo s�o sites de comparativos de pre�os, que indicam se vale a pena ou n�o comprar o produto naquele dia.
Uma dessas plataformas � o Zoom, que faz o acompanhamento de cerca de 2,5 milh�es de produtos em mais de 300 lojas. Nele, a pessoa consegue fazer o comparativo entre pre�os de um mesmo produto entre diversos sites de com�rcio eletr�nico e, ainda, � poss�vel ver o hist�rico de valores. Al�m disso, como diferencial, o site conta com uma s�rie de especialistas que d�o dicas na hora da compra e, para ajudar na escolha, mostram comparativos t�cnicos com produtos similares.
Uma segunda ferramenta que ajuda a escapar das fraudes � o Baixou. O site permite que o cliente escolha o produto desejado, inserindo-o em uma lista pessoal dentro do site. O usu�rio, ent�o, sugere um valor para pagar no produto, baseado em um hist�rico de valores do pr�prio Baixou. Se o pre�o chegar ao que deseja, o site avisa enviando um e-mail com sugest�es de lojas. Fora a seguran�a de estar pagando um pre�o mais em conta, os dois sites tamb�m garantem que o consumidor vai receber o produto: as duas plataformas s� sugerem compras em sites seguros. O Zoom at� mesmo devolve o dinheiro em caso de problemas com o produto. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.