
Turistas e consumidores que deixaram as compras de Natal para a �ltima hora contaram com uma carta na manga no domingo de Natal. A Feira de Artesanato da Afonso Pena, um dos principais pontos tur�sticos da capital, funcionou com hor�rio ampliado ontem e salvou a vida de quem n�o tinha comprado o presente. Apesar disso, feirantes encerram a temporada natalina com o balan�o de um m�s magro, longe de honrar a principal data do varejo. Antevendo um movimento baixo, muitos expositores preferiram nem apostar e sequer compareceram � avenida. A Associa��o dos Expositores da Feira de Artesanato calcula uma aus�ncia de 20% a 30% dos 2,3 mil feirantes – cada um tem direito a oito faltas por ano. A feira tamb�m funcionar� em 1º de janeiro.
As irm�s Marilda e Mar�lia, que exp�em h� 25 anos na feira bijuterias de cer�mica, encerram o feriado com o balan�o de um Natal magro. “N�o sentimos tanto porque nosso produto � artesanal e n�o tem concorrentes. Mas vendemos muito menos do que no ano passado”, diz Marilda, que conta que elas abaixaram a margem de lucro para dar vaz�o � mercadoria. Pelo movimento, elas j� decidiram que, no pr�ximo domingo, dia 1º, quando a feira funcionar� normalmente, n�o v�o expor e aproveitar�o para descansar.

No term�metro da expositora Luna Halabi, de 25, que vende camisetas e vestidos, o movimento do domingo de Natal se compara a um dia “normal”, e n�o � principal data do varejo. “N�o abaixamos o pre�o, mas oferecemos mais descontos este ano”, diz. A associa��o tentou, sem sucesso, junto � prefeitura, mudar o dia da feira de Natal para s�bado, dia 24. “N�o est� uma maravilha, est� dentro do esperado”, resumiu o presidente da entidade, William dos Santos Pinto.Segundo ele, o movimento ao longo do m�s de dezembro, �poca mais esperada pelos comerciantes, ajudou a melhorar as vendas, embora esteja distante do desempenho do m�s no passado. “Est� longe de ser o que era h� tempos. A taxa que a prefeitura cobra da gente subiu 400%, de R$ 180 para mais de R$ 700. Isso atrapalha muito, ainda mais para quem n�o vende tanto”, afirma Pinto.
Ricardo Guimar�es, de 36, sendo 16 deles na feira, apostou nas promo��es para vender mais. Ele faz bichos de pel�cia e baixou pela metade o pre�o dos emojis do WhatsApp, vendidos a R$ 10. Ainda assim, no domingo de Natal n�o conseguiu alavancar os resultados. “Sabia que ia ser fraco, porque muita gente foi para festa de Natal ontem (s�bado) e ainda tem o fator da crise. Tivemos um Natal 30% pior do que no ano passado”, lamentou. Segundo ele, este ano, a procura foi por presentes com valor menor que R$ 20, enquanto em anos anteriores o gasto por presente ficava em torno de R$ 40.
Tem gente que lucrou com a aus�ncia dos colegas feirantes. A artes� Ernestina Pinto do Carmo, de 64, estava rindo � toa. “Faltou muita gente e, com isso, estou vendendo muito. Crian�as ganham as bonecas no Natal e v�m para a feira comprar as roupas. N�o tem crise para roupa de boneca”, afirma. Para o modelo da Baby Alive, febre do momento entre a crian�ada, os vestidos custam a partir de R$ 10.

VISITANTES Um dos principais pontos tur�sticos da cidade, a maior parte do p�blico de ontem eram pessoas que moram fora e vieram a BH para passar as festas de fim de ano com a fam�lia. O casal Juliana Madeira e Glauco Campos, ambos de 41, e as filhas, Lu�za, de 4, e Marina, de 7, moram em Salvador e n�o abrem m�o de visitar a feira quando est�o na cidade natal. “� t�o mineiro vir � feira. Adoro. As coisas s�o maravilhosas e o pre�o muito mais barato”, comenta Juliana, que comprou tiaras e la�os de cabelo para as filhas. “Gastamos R$ 12 com uma tiara. Em outro lugar, custaria pelo menos R$ 60”, disse.
Presente A farmac�utica Ludmilla Barbosa, de 35, moradora de Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, foi � feira gastar o presente de Natal, o dinheiro que ganhou da m�e, que vive na capital mineira. “Hoje est� tranquilo aqui, ent�o � melhor. J� queria comprar uma sand�lia que tinha visto aqui”, comentou Ludmilla, disposta a gastar entre R$ 100 e R$ 150. Segundo pesquisa de inten��o de compra da C�mara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH), o t�quete m�dio do Natal seria de R$ 120,84.
Apesar dessa previs�o, consumidores buscaram gastar menos que isso. Moradoras de Passos, no Sul de Minas, Ana Elise Giannini, de 35, e as filhas Ana Clara, de 13, e Giovana, de 10, deixaram, propositalmente, para fazer as compras de Natal na feira. Cada filha teve direito a gastar R$ 50. “Viemos pensando em economizar. Aqui d� para comprar bastante coisa com esse dinheiro”, afirmou Ana Elise, ao pagar uma gargantilha de R$ 5 para uma das meninas.
Com o com�rcio fechado, a feira da Afonso Pena foi op��o de quem n�o havia comprado ainda o presente de Natal. Como o feriado caiu no fim de semana, quem trabalhou durante a semana acabou sem tempo para as compras, caso do gesseiro Emanuel Jos�, de 24. N�o fosse a feira, ele chegaria de m�os vazias no almo�o de Natal na casa da namorada. “Eu passei o s�bado todo trabalhando. N�o deu tempo de comprar. Arrisquei vir aqui, nem sabia que estava funcionando”, contou, enquanto escolhia um sapo de pel�cia para dar para a amada.
A chef e empres�ria Iolanda Costa, de 35, tamb�m deixou para comprar os presentes para a fam�lia na feira, mas n�o viu muita diferen�a em rela��o aos pre�os do com�rcio tradicional. “Estou olhando produtos que est�o com pre�o de shopping”, ressaltou Iolanda.