S�o Paulo, 24 - Investiga��es sobre setores da economia que n�o t�m rela��o com a Opera��o Lava Jato - que apura casos de corrup��o relacionados � Petrobr�s - proliferam no Pa�s. Um segmento que vem sendo acompanhado de perto pela Justi�a � o de sa�de, por causa de sua forte liga��o com o poder p�blico. Em janeiro, duas multinacionais de equipamentos m�dicos e implantes - Orthofix e a Zimmer Biomet - fecharam acordos de leni�ncia nos Estados Unidos em que assumiram o pagamento de propinas no Brasil.
As investiga��es tamb�m acontecem por aqui, mas ainda sem conclus�o sobre os casos. Pelo menos tr�s companhias tiveram seus nomes recentemente envolvidos em casos de dela��o premiada: EMS e Hypermarcas, de medicamentos, e a Amil, de planos de sa�de. Al�m das apura��es comandadas pelas autoridades, o setor tamb�m � alvo de investiga��es internas, como a do Hospital Albert Einstein, que pediu para a pol�cia averiguar a rela��o de seus m�dicos com fornecedores.
A sa�de � a "bola da vez", diz o advogado Giovanni Paolo Falcetta, do escrit�rio Tozzini Freire, que se especializou em auxiliar empresas em programas de compliance (cumprimento de regras e leis). Para os investigadores, o setor entrou fortemente no radar depois da dela��o do ex-senador Delc�dio do Amaral, que disse que "quest�es envolvendo laborat�rios farmac�uticos e planos de sa�de na arrecada��o de propina t�m despertado grande interesse das lideran�as pol�ticas nas indica��es de nomes para as ag�ncias ANS e Anvisa, a exemplo do que ocorria na Petrobr�s".
A EMS chegou a ser citada na dela��o de Delc�dio e tamb�m j� havia tido seu nome ventilado nas primeiras dela��es da Lava Jato como tendo liga��o com o ex-ministro Jos� Dirceu. A empresa nega as acusa��es e informa que n�o est� sendo investigada. Hypermarcas e Amil tamb�m dizem que n�o est�o sendo investigadas e acabaram envolvidas em den�ncias ligadas a ex-executivos.
No caso da Hypermarcas, o ex-diretor de rela��es institucionais Nelson Mello assumiu que pagou propina a agentes p�blicos, mas sem envolvimento da companhia. J� a Amil viu seu nome ser citado em acordo de dela��o do advogado paulista Fl�vio Calazans, que alega ter recebido dinheiro de tr�s empresas ligadas ao ex-controlador Edson Bueno. As empresas seriam os hospitais Nove de Julho, Cl�nicas de Niter�i e uma imobili�ria, que teriam repassado R$ 1 milh�o a contas de Calazans, segundo reportagem da revista �poca. O dinheiro abasteceria o PMDB. O advogado diz que n�o pode comentar o caso, em fun��o do acordo com o Minist�rio P�blico.
Em nota, a assessoria de Edson Bueno diz que "nem tudo passa pelo presidente da empresa, por�m todas as contrata��es, quando ocorrem, s�o feitas mediante contrato e nos termos da legisla��o vigente". J� a Amil, que hoje pertence � americana UnitedHealth, afirma que "suas rela��es comerciais e institucionais s�o pautadas por princ�pios legais e �ticos".
Segundo fontes ligadas � UnitedHealth, a empresa chegou a fazer uma investiga��o interna, mas n�o encontrou irregularidades. A preocupa��o da empresa est� relacionada ao poder do Departamento de Justi�a americano - o DoJ, na sigla em ingl�s.
La�os.
Segundo a advogada Ana Belloto, do escrit�rio Feldens Madruga, o setor de sa�de � muito visado porque geralmente envolve grandes contratos com o poder p�blico. J� a advogada criminalista Sylvia Urquiza explica que as empresas do setor precisam tomar cuidado adicional porque costumam depender da atua��o de distribuidores, que n�o s�o diretamente ligados a elas, mas pelos quais s�o respons�veis.
Um dos acordos fechados neste ano com o DoJ pela Zimmer Biomet, empresa que faturou US$ 6 bilh�es em 2015 e produz implantes dent�rios e ortop�dicos, envolveu justamente o pagamento de propinas por distribuidores. A empresa j� tinha fechado um acordo anticorrup��o em 2012. Mesmo depois disso, descobriu que um distribuidor no Brasil pagava propinas a agentes p�blicos. A empresa tamb�m encontrou irregularidades no M�xico. O acordo com o DoJ prev� multa de US$ 30,5 milh�es.
J� a Orthofix, de equipamentos m�dicos, que fatura US$ 400 milh�es por ano, firmou acordo com a SEC para pagar US$ 14 milh�es. A empresa se autodenunciou �s autoridades, segundo seu comunicado. No Brasil, pagava m�dicos para indicar seus produtos.
Para o advogado Renato Portela, do escrit�rio Mattos Filho, outros setores ser�o envolvidos em investiga��es de corrup��o nos pr�ximos anos. Alguns desdobramentos da Lava Jato chegaram a �reas como infraestrutura, energia e de frigor�ficos. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.