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Estado de Minas

Lojas de bolos caseiros e artesanais crescem em Minas

Com�rcio especializado na iguaria inspirada nos livros de receitas de fam�lia tem expans�o r�pida em BH e no interior. Novas estrat�gias s�o usadas pelo cliente


postado em 27/02/2017 06:00 / atualizado em 27/02/2017 08:26

Linha de produção do Bolo na Hora, no Bairro Prado: inovação constante para competir no mercado(foto: Gladyston Rodrigues EM DA Press)
Linha de produ��o do Bolo na Hora, no Bairro Prado: inova��o constante para competir no mercado (foto: Gladyston Rodrigues EM DA Press)

O aroma irradiado do forno leva clientes aos balc�es de lojas que proliferam em Belo Horizonte e grandes cidades do interior de Minas Gerais com a proposta de servir bolos artesanais feitos de ingredientes frescos, como aqueles sa�dos dos livros de receitas de fam�lia. Passada a fase da novidade do com�rcio especializado na iguaria t�pica de Minas, os empreendedores pioneiros do ramo e os novos concorrentes decretaram uma guerra nada adocicada para garantir seu lugar nesse mercado.
A atividade ainda tem muito a crescer, mas vive uma invas�o de investidores, cobi�ada por profissionais interessados em abrir o neg�cio pr�prio, gente que busca uma segunda fonte de renda ou perdeu o emprego diante do agravamento da crise brasileira, al�m das redes de franquia de S�o Paulo e do Rio de Janeiro, que descobriram o fil�o no estado. O apelo do produto natural e capaz de resgatar da inf�ncia os cheiros da cozinha e os sabores da comida feita pelas m�es, tias e av�s tem de ser bem trabalhado para alimentar as vendas.


Erros podem arrastar a empresa para uma sele��o natural das lojas do ramo, que j� pode estar � espreita. Se a estat�stica n�o � o forte para medir o tamanho do segmento, as informa��es que circulam nesse mercado indicam que � preciso de pelo menos R$ 100 mil para p�r em funcionamento uma unidade com 40 a 50 metros na capital mineira. A op��o pelo apoio dado por uma rede de franquia pode esticar o investimento aos R$ 150 mil, em m�dia. Para o consumidor, os pre�os do bolo inteiro podem variar de R$ 10 a R$ 40 em empresas de BH ouvidas pelo Estado de Minas. Boa parte delas oferece ainda o bolo no pote, sensa��o das sobremesas.


Quase veterana num segmento relativamente novo do com�rcio de BH, Maria Clara Magalh�es Santana, s�cia da m�e, Bet�nia, e do marido, Daniel, na Bolo Nosso, viu os concorrentes chegarem nos �ltimos oito meses, alguns bem pr�ximos da loja que eles abriram em maio de 2014, no Bairro do Carmo. Os vizinhos j� eram esperados, na vis�o dela, repetindo boom semelhante ao que ocorreu em S�o Paulo, mercado mais maduro que o de Minas, o que deve levar � perman�ncia dos lojistas melhor estruturados e com mais conhecimento e experi�ncia.


“Vejo uma expans�o r�pida e observo que muitas pessoas identificaram a oportunidade de investir, principalmente num cen�rio de crise. Acho que isso ocorre em qualquer mercado, com momento de satura��o e quando se estabiliza”, afirma. � frente da �rea comercial da empresa, Maria Clara conta que a estrat�gia que permitiu o crescimento da marca aliou cuidados constantes com a qualidade dos cerca de 200 bolos produzidos todo dia em 20 sabores do card�pio fixo e o atendimento.
Edi��es de temporada, a exemplo do ver�o e do Natal, e as receitas especiais ajudaram a expandir em 40% a produ��o no mesmo endere�o. O fornecimento no atacado – para redes de cafeteria e hot�is – foi outra pol�tica adotada pelos s�cios da Bolo Nosso.


Atenta ao que chama de diferencial pela simplicidade com qualidade, a rede paulista de franquias Casa de Bolos abriu unidades em sete cidades mineiras desde 2013 e pretende inaugurar mais duas em mar�o, completando um grupo de 15 franqueados. A empresa transformou Minas no seu terceiro maior mercado de atua��o, com lojas em Sete Lagoas, Uberl�ndia, Juiz de Fora, Uberaba, Po�os de Caldas, BH e Jo�o Monlevade, informa o diretor-executivo da rede, Luis Eduardo Ramos.


No m�s que vem, ser�o inauguradas unidades em Alfenas e Monte Mor (SP). “Nosso objetivo � ter fam�lias como nossos franqueados, pois nosso interesse � encontrar pessoas que, assim como n�s, valorizam o trabalho conjunto, a sintonia, a harmonia, seja na loja, seja em casa”, afirma.


Sintonia, de fato, foi essencial tamb�m para o crescimento da Bolo na Hora, aberta em setembro de 2015 no Bairro Cai�ara pela advogada Kamyla Godinho, o namorado e tamb�m advogado Henrique Petruceli e a amiga de inf�ncia dela Selma Franco. O casal buscava uma op��o de empreender o pr�prio neg�cio, n�o s� para satisfazer um desejo, mas ainda em raz�o da dificuldade, � �poca, de conseguir emprego na �rea de forma��o dos dois. O h�bito adquirido na terra onde nasceram, Santa Maria do Sua�u�, de fazer bolos em casa deu origem ao projeto.

CARA MINEIRA Em outubro do ano passado, os s�cios da Bolo na Hora abriram a segunda loja no Bairro do Prado, da mesma forma, escolhida devido ao perfil de �rea residencial populosa, que abriga grandes fam�lias e pessoas de idade mais avan�ada que n�o arredam p� de tomar caf� com bolo. “A concorr�ncia exige mais da gente, mas aquece o mercado de consumo. Estamos nos aperfei�oando para manter a qualidade dos produtos e inovar constantemente”, afirma. Entre os 35 sabores oferecidos, a base s�o as receitas de fam�lia, com destaque para aquelas bem mineiras, feitas de ingredientes famosos na culin�ria do estado, como o milho, fub�, goiabada, requeij�o e doce de leite.

Na briga, vale at� personalizar receita

 

Investir no formato de neg�cio de bolos n�o padronizados, entendido como a flexibilidade para abrigar sugest�es dos clientes nas receitas e atender a diferentes gostos de consumidores de uma mesma fam�lia foi a decis�o do casal Nalu Saad e Ubirat� Gomes Teixeira, jornalistas por forma��o, e agora jovens empreendedores, com a Bolo Doce Bolo. “A concorr�ncia em BH est� crescendo e a nossa aposta � atender �s especificidades que os clientes nos colocam, com atendimento mais personalizado e escapulidas no card�pio. Assim, a gente consegue entrar na hist�ria de vida de cada um e participar desse momento”, afirma Nalu.


A diferen�a pode parecer pequena, mas tem significado particular quando o cliente pode levar para casa um bolo com calda s� na metade da massa ou levada em separado para agradar a toda a fam�lia. A empresa, aberta em setembro do ano passado, no Bairro Cai�ara, resgatou receitas feitas pela m�e de Nalu, dona Concei��o, e das tias dela, que participaram da vida no interior da propriet�ria da loja, em Raul Soares, na Zona da Mata mineira. H� tr�s meses, seguindo a regra de ser flex�vel e adotar criatividade no card�pio, Nalu aceitou o risco de testar receita sugerida por uma cliente conhecida e acatou a novidade, hoje bem-sucedida.


Novata no ramo, Adimeia Bom Sucesso Coelho Vida diz n�o temer a concorr�ncia e nem esconde o desejo de abrir uma segunda loja em BH da franquia Casa de Bolos. O balc�o de degusta��o montado na loja que ela inaugurou no dia 1º deste m�s funcionou como term�metro de uma demanda que superou a meta inicial de produ��o de bolos em 50 vers�es. “Existe um mercado grande a ser ocupado por produtos selecionados. A concorr�ncia n�o vai nos impedir de crescer”, afirma.
A ideia de investir no neg�cio surgiu quando Admeia, demitida da empresa onde trabalhava como analista de sistemas, n�o se contentou com as propostas para retornar ao mercado de trabalho. Ela e a irm� Ademis, aposentada, abra�aram o projeto e hoje coordenam desde as compras de ingredientes, a produ��o artesanal e o atendimento, bem � moda do exigente consumidor mineiro.


Sem menosprezar a propaganda, inclusive aquela feita boca a boca, em meio � concorr�ncia maior no segmento, Maria Clara Magalh�es, da Bolo Nosso, faz quest�o de destacar outro ponto forte da produ��o da empresa, segundo ela, a origem dos ingredientes. Exigente, o cliente � informado de que consumir� um produto feito com mat�ria-prima que ganha fama na gastronomia mineira: queijos do Serro, goiabada de Ponte Nova e fub� de moinho de pedra. (MV)

 


Tr�s perguntas para...

Edson Puiati, coordenador do curso de Gastronomia do Centro Universit�rio Una

 

1 Como avaliar a expans�o r�pida do com�rcio de bolos artesanais?
Acredito que esse mercado ainda deve crescer, acompanhando a busca do consumidor por alimentos mais saud�veis, que � cada vez maior. Minas, mais que S�o Paulo, � ber�o da produ��o de quitandas, bolos e broas. Temos uma certa identidade conhecida nesse ramo. Entendo tamb�m que o boom dessa atividade ocorre como em qualquer outro mercado. S� v�o sobreviver aqueles empreendedores mais criativos e inovadores.


2 Como lidar com a concorr�ncia num mercado com essa caracter�stica?
A maioria das empresas tem a proposta de usar ingredientes naturais, menor quantidade de a��car e gordura. O grande diferencial para o consumidor � exatamente a quest�o do frescor e do produto saud�vel, sendo interessante tamb�m fazer as receitas das m�es, mas esse modelo tem a sua satura��o tamb�m, se n�o houver criatividade e inova��o. A monotonia de mercado tem de ser quebrada.


3 Parece haver uma converg�ncia de propostas entre os concorrentes. Qual ser� a diferen�a para permanecer no com�rcio?
Ensino aos meus alunos que hoje n�o vendemos mais produtos, vendem-se experi�ncias. � o que chamamos de gastronomia sensorial, que faz o consumidor relembrar bons momentos de vida numa nostalgia gostosa. � o que provoca, por exemplo, o cheiro das quitandas no forno. O empreendedor tem de estar preparado para apresentar op��es ao cliente, valendo-se da diversidade de frutas e legumes do nosso pa�s, explorar o melhor da sazonalidade que eles oferecem e da variedade de recheios que proporcionam. Pode-se chancelar o produto com ingredientes que t�m certificado de alimento org�nico. Tem de haver criatividade tamb�m na montagem dos produtos e no posicionamento para atender o consumidor, daquele que vive sozinho a quem deseja fazer uma festa. Isso faz muita diferen�a, n�o s� na panifica��o, mas na gastronomia em geral. (MV)

 


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