S�o Paulo, 09 - Pesquisadores do Instituto Mamirau�, organiza��o ambiental que � mantida com recursos do governo federal, est�o instalando c�meras, microfones e sensores de movimento embaixo da copa das �rvores na regi�o central da Amaz�nia. Eles querem compartilhar, em tempo real, imagens e sons de mam�feros, aves e r�pteis, o que vai ajudar a conhecer melhor as diferentes esp�cies que habitam a regi�o.
Chamado de Providence, o projeto ainda est� em fase inicial de testes: os pesquisadores terminaram de instalar os primeiros dez m�dulos nos �ltimos dias. Por enquanto, eles est�o sendo colocados numa �rea de dez quil�metros quadrados ao redor da sede de pesquisas do instituto na Reserva Mamirau�, a cerca de 600 quil�metros de Manaus, no Amazonas.
Monitorar uma floresta densa e extensa como a Amaz�nia n�o � tarefa f�cil. Hoje, os pesquisadores s� conseguem ver em tempo real imagens do que acontece sobre a copa das �rvores, obtidas por meio de sat�lites e radares. Para acompanhar a fauna da floresta, por�m, � preciso mandar pesquisadores para contar os animais em trilhas ou instalar c�meras com sensores. Elas detectam mudan�as de calor e fotografam os animais que est�o passando.
Entretanto, esses equipamentos s� captam animais em um per�metro de at� 50 metros. Al�m disso, n�o transmitem dados pela internet, o que obriga os pesquisadores a voltar ao local em at� seis meses.
�Espalhar c�meras na Amaz�nia inteira � um trabalho gigantesco e � necess�rio que uma equipe busque os cart�es de mem�ria para analisar o que o equipamento registrou�, explica o bi�logo Emiliano Ramalho, pesquisador do Instituto Mamirau� e respons�vel pelo projeto Providence.
Rapidez
- Ramalho teve a ideia do projeto em agosto de 2016, depois de trabalhar por 14 anos no Instituto Mamirau�. Nesse per�odo, ele sentiu na pele as dificuldades de monitorar os animais. O projeto se tornou vi�vel no fim do ano passado, depois que ele conseguiu ajuda da Funda��o Gordon & Betty Moore - criada pelo cofundador da fabricante de chips Intel e sua esposa. A entidade investiu US$ 1,4 milh�o no projeto.
O bi�logo brasileiro buscou parcerias internacionais com outros institutos de pesquisa. A Organiza��o para Pesquisas da Comunidade Cient�fica e Industrial (CSIRO, na sigla em ingl�s), vinculada ao governo da Austr�lia, � uma delas. Ela foi respons�vel por desenvolver o mecanismo de transmiss�o dos dados registrados pelas c�meras e microfones.
J� a The Silence Foundation - da Universidade Polit�cnica da Catalunha, na Espanha - ajuda a identificar as esp�cies pelos sons. A Universidade Federal do Amazonas faz a detec��o de esp�cies por imagem.
�Estamos colocando nosso equipamento na floresta, para ver se ele consegue sobreviver � chuva, ao calor, � umidade e aos animais�, diz o australiano Ashley Tews, da CSIRO. Segundo ele, a instala��o dos dispositivos tem sido um dos principais desafios dos pesquisadores.
Inova��o
- Por usar tecnologias j� existentes e a internet para resolver um problema importante da pesquisa sobre meio ambiente, o Providence � visto como inovador por especialistas. Segundo Sergio Cavalcanti, superintendente do Centro de Estudos e Sistemas Avan�ados do Recife (Cesar), a tecnologia tem potencial para ajudar bi�logos que precisam monitorar outras �reas, como oceanos, rios e, at� mesmo, lavouras. �O Brasil � um Pa�s gigante, que pode aproveitar o desenvolvimento da 'internet das coisas' na �rea ambiental�, diz Cavalcanti.
Segundo Ramalho, a primeira fase de testes do projeto Providence ser� conclu�da em mar�o de 2018. Em seguida, os pesquisadores pretendem aprimorar os prot�tipos dos m�dulos desenvolvidos e, com isso, come�ar a desenvolver um plano de expans�o. Se der certo, a inten��o dos pesquisadores � instalar m�dulos semelhantes por toda a Floresta Amaz�nica. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.