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Estado de Minas TRABALHO

Tecnologia e as novas rela��es de trabalho amea�am de extin��o antigas profiss�es

Conhe�a a hist�ria de funcion�rios das �reas e como se adequar �s novas tend�ncias


postado em 11/04/2017 15:32 / atualizado em 11/04/2017 15:49

O relojoeiro Gilmar Alves, de 58 anos, não acredita no desaparecimento da função(foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)
O relojoeiro Gilmar Alves, de 58 anos, n�o acredita no desaparecimento da fun��o (foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)
Desde que chegou ao Brasil, em 1988, a internet trouxe avan�os consider�veis que mudaram a comunica��o e as formas de trabalho humanas. A ferramenta de e-mail, por exemplo, proporciona rapidez e substitui de maneira significativa o fluxo postal brasileiro. A transi��o das cartas para o meio digital � algo que demonstra a transforma��o das rela��es de trabalho. Relojoeiros, ascensoristas e outros profissionais, assim como os carteiros, sentem a redu��o no mercado e precisam se adaptar �s mudan�as.

Para Edson Moraes, coach executivo da empresa Espa�o Meio e mestre em gerenciamento de projetos pela George Washington University, o que ocorre � que o leque de op��es est� se abrindo e as profiss�es est�o se modificando. Esse fen�meno n�o � novidade. Profissionais como datil�grafos, armadores de pinos de boliche, acendedores de l�mpadas e despertadores humanos eram fun��es essenciais no passado e se tornaram obsoletas. A automatiza��o substituiu cargos e tornou essencial um ajuste �s novas tend�ncias. “Os profissionais dever�o se qualificar ainda mais, uma vez que v�o ocupar uma fun��o estrat�gica e menos bra�al”, conclui.

CORTES

 

 Na vis�o de Tarsia Gonzalez, psic�loga especialista em gest�o de carreiras, os impactos das mudan�as podem ser mensurados, principalmente, nas universidades. “O n�mero de novos cursos e especializa��es demonstra que as pessoas t�m ferramentas diferentes e encontram novas formas para desenvolver seus talentos”, pondera. A mudan�a de pensamento tamb�m � um fator que influencia o mercado de trabalho. A consci�ncia ambiental, por exemplo, gerou redu��o na quantidade de impress�es, deixando carteiros e gr�ficas em risco, como acredita a especialista. O mercado se modifica para atender �s demandas do consumidor, e, a partir do momento em que ferramentas operacionais s�o desenvolvidas, “o profissional adquire a percep��o de que pode fazer coisas mais importantes, como criar”, completa.


Outro fator para mensurar essa redu��o � a alta taxa de desemprego no pa�s, que atingiu 13,5% no primeiro trimestre de 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O desaquecimento econ�mico que o Brasil enfrenta nos �ltimos anos exige cortes de gastos. Profissionais perdem coloca��o e enfrentam dificuldades para voltar ao mercado.

Para n�o ficar para tr�s


O especialista Edson Moraes deu tr�s dicas para driblar as mudan�as e se realocar no mercado

» Pare de procurar emprego e procure trabalho. Entenda que � muito importante gostar da profiss�o para cumprir suas demandas de forma satisfat�ria

» Sempre se atualize, n�o pare de estudar. Procure conhecimento na sua fun��o, em �reas similares ou em qualquer assunto que tiver interesse

» Comece a estudar outras op��es de carreira a partir da sua experi�ncia e outras posi��es que voc� poderia ocupar na sua �rea

 

 

Ant�nio de P�dua Lemos, de 60 anos, viu muitos dos seus colegas serem demitidos. Atualmente funcion�rio do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conserva��o, Trabalho Tempor�rio, Presta��o de Servi�os e Servi�os Terceirizados no Distrito Federal (Sindiservi�os), foi ascensorista durante 24 anos no pr�dio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). O ascensorista � respons�vel por operar elevadores em empresas, reparti��es p�blicas, edif�cios comerciais e outros locais de atendimento p�blico. “Acho que a profiss�o foi diminuindo. Eles querem automatizar tudo. Alguns elevadores s�o violentos na hora de fechar e mesmo assim, no nosso lugar, colocam o �udio de uma mulher falando”, conta Ant�nio. Atualmente, existem 2.500 ascensoristas no pa�s, segundo o Sindiservi�os. O Guia de Profiss�es e Sal�rios da Catho indica que a m�dia salarial da profiss�o � de R$ 1.056,04.

O secret�rio-adjunto do Trabalho do Distrito Federal, Thiago Jarjour, observa a import�ncia da atualiza��o para acompanhar os avan�os. “Em uma sociedade que apresenta mudan�as t�o r�pidas (em termos de avan�os tecnol�gicos), quem estiver parado j� estar� em marcha a r�”. Para ele, as profiss�es na �rea de servi�os ser�o as mais prejudicadas, tais como distribui��o de bens, atividades banc�rias e corretagem.

Enquanto isso, outra �rea que sofre com a diminui��o do quadro de funcion�rios � a dos carteiros, o cen�rio de contrata��o n�o � otimista. O �ltimo concurso foi realizado em 2011, e novos profissionais ingressaram na institui��o apenas em 2013. N�o h� previs�o de novos certames e a organiza��o tamb�m promoveu, no final do ano passado, o Plano de Desligamento Incentivado visando � redu��o de gastos. O programa incentivou o desligamento de funcion�rios com mais de 55 anos de idade e 15 de servi�o estatal. Quem aderir ao plano receber� o Incentivo Financeiro Diferido (IFD) por oito anos. O pagamento levar� em conta o valor m�dio dos sal�rios recebidos nos �ltimos 60 meses e tempo de servi�o.

O plano teve a estimativa de desligamento de 8.200 trabalhadores, por�m apenas 5.458 funcion�rios aderiram ao programa. Os Correios acumularam d�vidas de aproximadamente R$ 4 bilh�es, e, para sanar os problemas financeiros, medidas foram adotadas, como a suspens�o das horas extras e das f�rias pelo per�odo de 12 meses, como anunciado na �ltima semana. Em nota, os Correios afirmaram que tais quest�es poder�o ser revistas a partir do momento em que a empresa voltar ao equil�brio.

Protegidos por lei 


A Lei 9.956, de janeiro de 2000, exige a contrata��o dos frentistas em postos de gasolina. Ao contr�rio do que ocorre em pa�ses europeus e nos Estados Unidos, no Brasil � proibido o funcionamento de bombas de autosservi�o operadas pelo pr�prio consumidor nos postos de abastecimento de combust�veis.


A hist�ria de cada um



Filme e fotografia

(foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)
(foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)

Francisco Jo�o Magalh�es, de 45 anos, trabalha em laborat�rios de revela��o de fotos h� mais de uma d�cada. Aprendeu na marra, entrando de cabe�a na profiss�o e conhecendo o passo-a-passo do processo de revela��o. Nunca chegou a fazer curso e nunca foi fot�grafo, mas passa a vida trazendo � tona as imagens de c�meras anal�gicas e digitais. O processo leva cerca de 20 minutos, uma m�quina de revela��o ocupa boa parte da sala e, ap�s o filme ser posto na entrada do equipamento, Francisco percorre o local preparando uma nova leva de rolos que t�m que ser revelados. “Acho que a foto digital perde um pouco a qualidade na hora de revelar. Na anal�gica h� uma qualidade maior que os fot�grafos percebem”, conta, lembrando que em um m�s chega a revelar em torno de 120 filmes, enquanto que no come�o da profiss�o o n�mero chegava a 600. “Com a evolu��o da tecnologia n�o acho que a revela��o ser� necess�ria, mas acredito que a fotografia vai perdurar e evoluir. O filme � que tende a desaparecer.” A m�dia salarial da profiss�o � de R$ 1.201,02 e Francisco, separado, sustenta dois filhos, de 21 e de 16 anos.


Al�m dos bot�es

(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A. Press)
(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A. Press)

“Uma m�quina pode facilmente avisar em que andar o elevador est�, por�m, ela nunca substituir� a seguran�a que um ascensorista passa para o usu�rio”, afirma a maranhense Rosemira Soares, de 40 anos. A funcion�ria, que trabalha no Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e dos Territ�rios (TJDFT) h� nove anos, explica que a fun��o do cargo � muito mais do que apertar bot�es. “Ser ascensorista � ter aten��o com o usu�rio. A nossa fun��o �, al�m de levar, informar. O passageiro sabe que ali ele est� seguro e isso vai fazer falta se o cargo deixar de existir”, garante. Al�m de Rosemira, existem outros cinco ascensoristas no pr�dio do Tribunal de Justi�a. Em outubro do ano passado, eram 21. A justificativa para a redu��o foi a necessidade de corte de gastos com terceirizados. Formada em magist�rio, a funcion�ria deseja passar em um concurso p�blico para ter mais estabilidade.


L� vem o carteiro!

(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A. Press)
(foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A. Press)

A retra��o no n�mero de correspond�ncias n�o desencorajou Joisson Rocha da Silva, de 65 anos, carteiro h� 34. Ele espera que a profiss�o n�o seja extinta. “N�o acredito que nada � para sempre. O que ocorre � que, com a chegada da internet, v�m as encomendas. Elas balan�am o p�ndulo de demanda para os carteiros”, explica. Essa readapta��o das correspond�ncias continua exigindo funcion�rios para as entregas, que concorrem com os fretes particulares. O carteiro tamb�m se diz poeta e fil�sofo e j� trabalhou como gar�om de eventos no per�odo noturno durante 20 anos para complementar a renda para cria��o dos dois filhos, que hoje j� est�o formados.
Os Correios est�o fazendo uma s�rie de cortes para  reduzir gastos. Al�m do plano de demiss�o volunt�ria para 5.500 empregados, a estatal estuda outras medidas, como autorizar os carteiros de n�o mais fazer entregas di�rias, revis�o de benef�cios como plano de sa�de e mais demiss�es.


N�o vai desaparecer, n�o

(foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)
(foto: Gabriela Studart/Esp.CB/D.A. Press)
 

Relojoeiro desde 1982, Gilmar Alves Costa aprendeu o of�cio com seus cinco tios e viu que era aquilo que levaria para a vida. Com 58 anos, casado e tendo tr�s filhos, sempre sustentou a fam�lia com o sal�rio da profiss�o e foi capaz de abrir a pr�pria loja, optando por manter o neg�cio com o filho do meio. “Sinceramente n�o vejo diferen�a entre o n�mero de clientes que recebo hoje e o que recebia antigamente. O que mudou � a quantidade de profissionais que encontramos”, conta, deixando claro que, para ser um bom relojoeiro, � necess�rio empenho e saber lidar com a parte do mecanismo de diferentes tipos de rel�gios, tanto os de parede quanto os anal�gicos e digitais. A falta de profissionais � algo que pode levar � extin��o da carreira, mas jovens como Gilmar J�nior, de 29, est�o se embrenhando nesse ramo e encontram oportunidades. “Desde crian�a tinha o interesse de mexer com mecanismos, desmontava carrinhos e tentava ver o que existia dentro deles” lembra J�nior. A m�dia salarial da profiss�o � de R$ 1.102,99. 

 

 


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