
Belo Horizonte � a capital dos bares, mas tamb�m est� se tornando refer�ncia em grandes festas, que garantem emprego e renda extra para milhares de pessoas. Cada uma das produ��es feitas na Regi�o Metropolitana da capital mineira gera entre 100 e 1 mil vagas tempor�rias destinadas a fun��es diversas. E, apesar da crise econ�mica enfrentada pelo pa�s, o n�mero de festas e shows na cidade � crescente – o que significa que as oportunidades tamb�m est�o em efervesc�ncia.
Lucas Melo Vasconcelos, de 26 anos, � exemplo de profissional que n�o tem o que reclamar da movimenta��o das festas de BH. Ele � operador de servi�os de bar e s�cio da All Star Tenders. “Fornecemos servi�os para de tr�s a quatro eventos por fim de semana”, afirma. E em cada um desses eventos ele precisa recrutar entre 120 e 1 mil funcion�rios tempor�rios. “� um mercado que tem estado muito bom”, garante. No �ltimo ano, ele calcula que a demanda gerada pelas festas cresceu cerca de 40%.

Para garantir o atendimento com qualidade, Lucas Vasconcelos, tamb�m conhecido como Batata, conta que promove treinamentos anuais para os interessados. “A maioria � de universit�rios que aproveitam para garantir uma renda extra”, explica. O valor pago por profissional varia de R$ 100 a R$ 600, por festa. “E sempre tem vaga para quem gosta de trabalhar.” A estudante de design de ambientes B�rbara Mendes Campos, de 27, confirma que o mercado para tempor�rios em eventos tem melhorado. Ela trabalha como bartender, recepcionista e cerimonialista. “Eu gosto de trabalhar com casamentos, mas, se a pessoa � bem preparada, pode aproveitar muitas oportunidades”, conta. Mas ela lembra que � uma �rea pesada e com hor�rios bem diferentes. “Tem que fazer seu nome e ter muita disposi��o”, ensina.
No Luau da naSala, na Land Spirit, no m�s passado, por exemplo, Lucas Vasconcelos diz que contou com o servi�o de 120 profissionais para trabalhar madrugada afora. Ele mesmo fica de bar em bar oferecendo suporte, bebidas e bom humor.
Kiko Gravat�, gestor da naSala, conta que produziam de seis a sete eventos por ano com a assinatura da sofisticada boate da Regi�o Centro/Sul de BH. “Mas encontramos boas oportunidades e clientes buscando novas experi�ncias. Com isso, passamos a oferecer novos eventos e em hor�rios diferentes”, conta. Se continuassem apenas com a boate, os resultados teriam permanecido est�veis. Mas com a estrat�gia de apostar em festas que oferecem “a alegria como o produto da casa”, o faturamento cresceu 170% no �ltimo ano e a gera��o de vagas tempor�rias acompanhou. “Em cada festa contratamos de 180 a 250 tempor�rios”, calcula Gravat�.
Para garantir a qualidade na presta��o de servi�o, ele diz que j� t�m um cadastro de empresas e profissionais prontos para garantir o padr�o naSala. “Com a frequ�ncia das contrata��es, conseguimos imprimir a cultura organizacional da naSala”, refor�a. Entre as vagas abertas por evento, ele cita que h� desde profissionais de seguran�a e limpeza at� atendentes em bares e coordenadores.
VOCA��O
L�o Ziller, s�cio do Secreto/Hangar e BH Dance Festival, observa que os produtores de eventos est�o mais confiantes e agressivos em �pocas do ano que eram consideradas “paradas” na Grande BH. Em janeiro e fevereiro, por exemplo, os eventos se multiplicaram e ainda tiveram a ajuda do fortalecimento do carnaval na cidade. “BH � muito bem quista pelos turistas. O mineiro n�o tem r�tulo e por isso n�o h� rejei��o para as festas daqui. � como os baianos. Mas estamos em uma regi�o mais central. O mercado deu uma revigorada”, analisa.
E Ziller acredita que este movimento n�o vai parar. Tanto que investiram na constru��o do Hangar, no Olhos D’�gua, para atender um nicho e uma demanda de mercado que antes n�o tinham. Com a nova movimenta��o e eventos maiores, as contrata��es de tempor�rios tamb�m foram aquecidas. Em uma festa no Hangar, por exemplo, contratam cerca de 300 tempor�rios. J� o BH Dance Festival, demanda cerca de 700. “E ainda movimentamos uma cadeia de transporte, hospedagem e alimenta��o muito maior”, observa. Para o BH Dance, por exemplo, o p�blico esperado � de 15 mil pessoas. Dessas, cerca de 1,5 mil s�o turistas, calcula o empres�rio.

Para Guilherme Leonart Almeida, s�cio da RG Produ��es, os grandes eventos est�o movimentando ex�rcitos de tempor�rios. Ele presta servi�os para a Nenety Eventos e outras empresas de produ��o de festas e shows. Para o Festival Brasil Sertanejo, em 5 e 6 de maio, por exemplo, a expectativa � contratar cerca de 1 mil profissionais para cada dia de evento. “Os fixos ser�o apenas uns 50”, conta.
Guilherme Almeida, que trabalhou 10 anos como freelancer dessas festas, calcula que vai atender de 30 a 40 eventos este ano. Um cadastro garante a m�o de obra que, por sua vez, n�o dispensa a renda extra. “Muita gente vive s� com esse tipo de emprego tempor�rio, mas � um trabalho que pode ser arriscado, tendo em vista que n�o h� garantias: se a pessoa fica doente, perde as oportunidades”, pondera o profissional, que h� dois anos abriu sua pr�pria empresa.
Concorr�ncia maior, nova��es tamb�m
O gestor do Clube Chalezinho, Ant�nio Marcellini, confirma a alta nas festas e nas contrata��es de tempor�rios. “Nossa equipe fixa tem cerca de 700 pessoas, mas sempre temos que chamar freelancers”, conta. E para otimizar os eventos da casa, ele adianta que v�o fazer uma reforma para aumentar a capacidade da boate – de 1,5 mil para 2 mil pessoas. O investimento ser� da ordem de R$ 1 milh�o e o Chalezinho ficar� fechado de 14 de maio a 1º de junho. “Mas teremos novidades, �reas diferenciadas e tamb�m a possibilidade de promover eventos maiores”, conta.
Marcellini diz que a estrat�gia � importante para enfrentar a concorr�ncia, que n�o para de se movimentar. “Temos que inovar sempre para o p�blico que, apesar de gastar menos em eventos normais, n�o deixa de querer extravasar.”

Apesar de estar sempre no pique, o produtor, conhecido como Dudu ou Dyowzinho, diz que o trabalho anda complicado se n�o tiver patroc�nio e lei de incentivo. Por isso, ele aposta em outros tipos de eventos, que tamb�m precisam de muitos tempor�rios, como o Comida, divers�o e arte, que ser� um festival gastron�mico na Pra�a da Assembleia, marcado para 17 de junho. “Como vamos montar cozinha para atender 5 mil pessoas, devemos contratar mais gente ainda”, conta. Neste ano, al�m do evento, ele j� tem prevista a promo��o de duas tradicionais festas da Insanidade em Tiradentes