
Fora do tradicional circuito da produ��o de min�rio de ferro e a�o, Minas Gerais d� novo passo neste m�s para se tonar o primeiro estado fornecedor dos sofisticados �m�s de terras-raras. Esses componentes de �xidos e metais t�o raros no mundo t�m sido usados na fabrica��o de aerogeradores e motores el�tricos para m�quinas industriais, eletrodom�sticos, elevadores e carros h�bridos e el�tricos, cobi�ados dos Estados Unidos � China. A locomotiva asi�tica responde pela produ��o de mais de 90% dessas subst�ncias portadoras da chamada economia do futuro. O projeto pioneiro de um laborat�rio-f�brica em terras mineiras ser� licitado em maio pela Companhia de Desenvolvimento Econ�mico de Minas Gerais (Codemig), empresa p�blica controlada pelo estado.
“Trata-se de um projeto n�o somente inovador como de grande import�ncia para o Brasil. O pa�s dever� importar neste ano cerca de 1.400 toneladas de �m�s, boa parte delas embarcada em componentes. Quando a gente come�ar a produzir localmente podemos criar uma liga��o com o promissor mercado desse produto”, afirma o presidente da Codemig. O programa envolve o apoio ao desenvolvimento de compet�ncias para a produ��o das ligas e dos �m�s de diferentes caracter�sticas para atender � diversidade de aplica��es, com estimativa de gerar aportes de R$ 100 milh�es nos pr�ximos cinco anos, segundo Castello Branco.
Esses componentes s�o usados em v�rias cadeias de produ��o intensivas no consumo de energia nas quais a ind�stria necessita de alta efici�ncia. O plano de neg�cio do laborat�rio-f�brica indica produ��o bem modesta no primeiro ano de funcionamento, de 35 toneladas, para alcan�ar o n�vel considerado poss�vel para criar elo com o mercado, de 100 toneladas.
Outro resultado essencial da iniciativa est� na valoriza��o das reservas de terras-raras existentes em Minas. A mat�ria-prima da f�brica ser� o min�rio contido nas �reas de monazita, associadas � obten��o do ni�bio de Arax�, no Alto Parana�ba, explora��o concentrada nas m�os da Companhia Brasileira de Metalurgia e Minera��o (CBMM), parceira da Codemig no projeto.
PLANO DE NEG�CIOS A companhia mineira contratou, por R$ 3 milh�es, a Funda��o Centros de Refer�ncia em Tecnologias Inovadoras (Certi), organiza��o de pesquisa e desenvolvimento sem fins lucrativos sediada no c�mpus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florian�polis, para elaborar o plano de neg�cio e o projeto executivo do laborat�rio. O contrato prev�, ainda, a realiza��o de estudos de viabilidade t�cnica, econ�mica, comercial e ambiental de uma unidade industrial de grande porte de ligas e �m�s permanentes de terras-raras no estado.
Entre as a��es de apoio � produ��o, caber� � Funda��o Certi atuar na atra��o ou desenvolvimento de empresas fornecedoras de equipamentos e insumos nos setores de minera��o e metalurgia; est�mulo a pesquisas em universidades e institutos de tecnologia e � forma��o de m�o de obra especializada. O projeto para criar o laborat�rio f�brica, batizado Lab-Fab ITR, conta ainda com as participa��es da UFSC e do Instituto de Pesquisas Tecnol�gicas (IPT), vinculado � Secretaria de Desenvolvimento Econ�mico, Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o do estado de S�o Paulo.
QUEM S�O ELAS
Terras-raras batizam um grupo de
17 elementos, cuja produ��o est� concentrada na China
Os �xidos e metais obtidos desse material tem as seguintes aplica��es nobres:
» Fabrica��o de m�quinas industriais e aerogeradores de alta efici�ncia no consumo de energia
» Produ��o de telas de computadores e televisores
» Superim�s para motores
» Catalisadores para refino de petr�leo
» Geradores de energia e�lica
As reservas de Minas foram estimadas recentemente em 39 mil toneladas das 40 mil toneladas de reservas do Brasil
O mercado do segmento foi estimado recentemente em 120 mil toneladas no mundo, movimentando US$ 5 bilh�es por ano
Ricas reservas de Arax�

O plano de neg�cios para o laborat�rio-f�brica de �m�s permanentes de terras-raras foi apresentado em novembro de 2016 pela Codemig em parceria com a Companhia Brasileira de Metalurgia e Minera��o (CBMM), a UFSC, IPT, Funda��o Certi e o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade de pesquisa da Comiss�o Nacional de Energia Nuclear, autarquia vinculada ao Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o. O projeto recebeu aprova��o em 17 de abril na linha de fomento do Banco de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES)/Finep de Apoio ao Desenvolvimento, Sustentabilidade e Inova��o no setor de Minera��o e Transforma��o Mineral (Inova Mineral).
Al�m de reproduzir a rotina de produ��o na ind�stria, para obten��o de ligas e im�s, o laborat�rio-f�brica ter� ambientes preparados para gera��o de conhecimento t�cnico-cient�fico em pequisa e desenvolvimento, segundo a Codemig. A Funda��o Certi observa que com abund�ncia na mat�ria-prima a China imp�s, na pr�tica, o monop�lio no segmento, respondendo por 97% da produ��o mundial de �xidos de terras-raras e limitou a exporta��o por meio de cotas. O Brasil depende das importa��es, o que deixa o pa�s sujeito a pre�os inst�veis e � escassez da oferta num ramo fabril de alta relev�ncia tecnol�gica.
Ainda de acordo com a Codemig, a explora��o dos elementos das terras-raras em Arax� conta com o benef�cio de tratar um subproduto da produ��o de ligas de n��bio, outro material associado � tecnologia de ponta. Essas ligas melhoram as propriedades de produtos sider�rgicos, em especial a�os de alta resist�ncia usados na fabrica��o de autom�veis, tubula��es de g�s sob grande press�o e turbinas de aeronaves a jato, entre v�rias aplica��es. Essa caracter�stica da extra��o das terras-raras barateia o custo industrial.
A CBMM desenvolveu a tecnologia de explora��o e processamento de concentrados refinados de terras-raras, o que permitiu o desenvolvimento do projeto do laborat�rio-f�brica de �m�s de alto valor. Outras duas empresas anunciaram recentemente o interesse em explorar o mercado de �xidos e ligas de terras-raras, a multinacional canadense MBac, que firmou um protocolo de inten��es de investimentos em �reas de ocorr�ncia de terras-raras em Arax�, e a mineradora Vale.