Bras�lia e S�o Paulo, 13 - A Opera��o Bullish, da Pol�cia Federal, realizada ontem, teve como um dos objetivos buscar provas que corroborem conex�es entre a JBS, o BNDES e o ex-ministro Antonio Palocci, segundo apurou o �Estado�. A PF suspeita que o ex-ministro tenha sido um dos mentores e organizador, por meio de sua empresa de consultoria, da transforma��o da JBS na maior empresa de carnes do mundo.
Nas perguntas feitas a alguns dos integrantes do BNDES levados a depor, a PF se concentrou na participa��o de Palocci no banco e na JBS. A investida da PF levou o ex-ministro da Fazenda a contratar, ontem mesmo, o advogado Adriano Bretas, especialista em dela��es, para tentar fechar um acordo com o Minist�rio P�blico. Teria, com isso, come�ado uma esp�cie de corrida com o empres�rio Joesley Batista.
O Estado apurou que Joesley, s�cio da JBS, est� em contato com um advogado especialista no assunto, Luciano Feldens, que assessorou Marcelo Odebrecht em sua dela��o. A assessoria da JBS, no entanto, nega qualquer mobiliza��o nesse sentido. A imagem da empresa tem sido arranhada por sucessivas investiga��es. A Bullish foi a quarta opera��o da PF envolvendo o grupo J&F, holding controladora da JBS, em menos de um ano. Ontem, as a��es da JBS fecharam em queda de 2,92%.
Do lado dos investigadores, em especial da 1.� Inst�ncia em Bras�lia, a movimenta��o do empres�rio causa receio. Qualquer negocia��o s� ser� poss�vel se come�ar pelo detalhamento da rela��o entre Joesley e suas empresas com o operador financeiro L�cio Funaro, elo com o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha. Segundo o Estado apurou, os investigadores acreditam que Cunha foi uma esp�cie de substituto de Palocci para o grupo continuar tendo facilidade em empr�stimos com bancos p�blicos.
Depoimentos
Na opera��o de ontem foram cumpridos 37 mandados de condu��o coercitiva e 20 mandados de busca e apreens�o. Do total, 47 mandados envolviam t�cnicos, executivos ou ex-executivos do BNDES. Alguns nunca haviam acompanhado neg�cios para a JBS e responderam a perguntas sobre outras empresas investigadas em opera��es ligadas � Lava Jato.
Entre os que tinham trabalhado em opera��es da JBS, parte das perguntas dos investigadores tratou exclusivamente sobre Palocci e suas poss�veis rela��es com a JBS e o BNDES. Trechos dos depoimentos foram narrados para os colegas da institui��o quando todos se reuniram num ato de solidariedade no audit�rio da sede, no Rio de Janeiro (leia mais abaixo).
Internacionaliza��o. A investiga��o da PF vai mostrar que uma empresa de consultoria de Palocci, a Projetos, foi contratada pela JBS em 1.� de julho de 2009, pelo prazo de 180 dias, para atuar na internacionaliza��o das opera��es do grupo frigor�fico. Caberia a ela fazer a avalia��o de ativos e de passivos da empresa-alvo, assessorar nas negocia��es e fixar valores de honor�rios.
Chamou aten��o dos investigadores o fato de, justamente quando a empresa de Palocci entrou em cena, a JBS tenha fechado dois neg�cios cruciais para transform�-la na maior empresa de carnes do mundo - com apoio financeiro do BNDESPar. Palocci entrou em julho. No dia 16 de setembro daquele mesmo ano, a empresa anunciou a fus�o com a brasileira Bertin e a compra da americana Pilgrim�s por US$ 2,8 bilh�es.
Segundo fontes pr�ximas do grupo, o contato com Palocci foi herdado da fam�lia dona do grupo Bertin. O s�cio Natalino Bertin � que teria feito as apresenta��es, quando Palocci ainda era ministro da Fazenda. Natalino tamb�m foi alvo da opera��o de ontem. A Justi�a determinou busca e apreens�o de documentos em sua resid�ncia.
O empres�rio Joesley Batista sempre teve um perfil arrojado em seus neg�cios, mas foi ap�s o in�cio desse conv�vio com Ant�nio Palocci que a JBS acelerou a expans�o. Eram vistos juntos frequentando lugares p�blicos. Fontes pr�ximas a ambos dizem que o ex-ministro chegou a visitar a ilha de Joesley, em Angra dos Reis, e era frequentador ass�duo de sua resid�ncia.
Alvo
Para a fam�lia Batista, o sinal vermelho teria acendido quando a PF realizou a segunda fase da opera��o Greenfield, que investiga irregularidades em investimentos de fundos de pens�o estatais, e prendeu o empres�rio Mario Celso Lopes, ex-s�cio dos Batista na Eldorado Celulose. Os empres�rios, segundo o Estado apurou, teriam ent�o procurado o criminalista Luciano Feldens. O advogado n�o foi encontrado para comentar.
Ex-procurador da Rep�blica, Feldens � apontado pelos integrantes da Lava Jato como negociador preparado. O advogado teria conseguido �desatar n�s� ao longo da dela��o de Marcelo Odebrecht. O jur�dico da empresa tamb�m j� teria iniciado as primeiras sondagens com o Minist�rio P�blico Federal. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fabio Serapi�o, Alexa Salom�o e Josette Goulart)