Bras�lia, 18 - O primeiro nome na linha sucess�ria presidencial tem se mostrado um aliado fiel � agenda econ�mica de Michel Temer. Recentemente, o presidente da C�mara, Rodrigo Maia, defendeu v�rias vezes temas como a reforma previdenci�ria e trabalhista. Esse discurso � alinhado ao pensamento de dois dos principais nomes da equipe econ�mica: Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, e Dyogo Oliveira, do Planejamento.
Sobre o juro, por�m, o deputado parece um pouco mais ousado. J� declarou "ter certeza" que h� espa�o para o corte mais agressivo da taxa Selic e que "n�o d�" para ter juro real de 9%.
As demonstra��es de alinhamento � agenda econ�mica de Temer e Meirelles se repetiram ao longo dos �ltimos meses. Nesses discursos, o presidente da C�mara reafirma o apoio �s reformas e refor�a o compromisso de trabalhar pela aprova��o dos projetos na Casa.
Uma dessas demonstra��es aconteceu na semana passada, durante a cerim�nia para comemorar um ano de governo Temer. Em evento com a presen�a de todo o primeiro escal�o e transmitido ao vivo pela rede de televis�o oficial, Maia elogiou as propostas ao afirmar que o governo "n�o foi pelo caminho f�cil".
"Poder�amos ter feito (o ajuste das contas p�blicas) pelo caminho f�cil do aumento de imposto, mas resolvemos enfrentar o desafio", disse.
Maia, que chegou cursar Economia, embora n�o tenha conclu�do a gradua��o, defende as reformas estruturais para organizar as contas p�blicas e melhorar o ambiente de neg�cios. "O que n�s precisamos e estamos tentando implementar � reorganizar as contas p�blicas, fazer um ajuste na Previd�ncia", disse em recente evento com prefeitos.
Sobre a reforma trabalhista, o presidente da C�mara diz que a mudan�a gerar� uma "revolu��o para o Pa�s".
At� mesmo a inten��o de reforma tribut�ria conta com o apoio do deputado da bancada fluminense, que nasceu em 1970, no Chile, durante ex�lio do pai, o ex-prefeito do Rio e ex-deputado Cesar Maia.
Durante evento em Foz do Igua�u, em abril, Rodrigo Maia defendeu que o Congresso deve enfrentar a agenda "tensa e dif�cil" com aprova��o da reforma trabalhista e previdenci�ria at� o fim do semestre e avan�o da tribut�ria na segunda metade do ano.
Juros
Enquanto as reformas geram defesas alinhadas entre Maia e o governo, o mesmo n�o pode ser dito da pol�tica monet�ria. Mesmo sem citar nominalmente o presidente do BC, Ilan Goldfajn, o parlamentar defende a��o mais ousada da autoridade monet�ria.
"Tenho certeza que h� espa�o para a redu��o forte na taxa de juros porque o Brasil precisa voltar a crescer", disse Maia na semana passada, em cerim�nia no Pal�cio do Planalto.
Em janeiro, quando ocupou a Presid�ncia da Rep�blica interinamente durante viagem de Temer, Maia disse, em entrevista ao
Estado
, que "torcia" para a queda do juro.
"Tomara que baixe porque 9% de juros real n�o d�. � muito alto. Mas n�o me meto nisso", comentou. "Espero que o BC tenha condi��es t�cnicas para reduzir. A gente torce, mas n�o interfere", emendou.
Boquinha
Com um tom mais informal que o do presidente Michel Temer, Rodrigo Maia acabou gerando pol�mica em algumas ocasi�es em sua defesa da reforma trabalhista. No m�s passado, fez forte cr�tica aos sindicatos que resistem � mudan�a em tramita��o no Senado.
"Os sindicatos n�o querem perder a boquinha, aquilo que ganham sem nenhum esfor�o. Ent�o, � leg�timo que se mobilizem", disse, ao comentar o fim do imposto sindical.
Em mar�o, o alvo foi a Justi�a do Trabalho. Ao reclamar do excesso de regras na rela��o entre patr�o e empregado, sugeriu que justi�a trabalhista "n�o deveria nem existir". Contrariado com a proposta de reforma trabalhista considerada "t�mida" produzida pelo governo, Maia disse que a C�mara deveria dar "um passo al�m" e at� desagradar ao presidente Temer com um projeto mais ousado.
Exatamente como sugeriu, o texto aprovado na C�mara foi mais ousado que o do governo. O projeto, que saiu com sete artigos do Pal�cio do Planalto, foi aprovado na Casa presidida por Maia com mudan�as em mais de 100 artigos da Consolida��o das Leis Trabalhistas (CLT).
(Fernando Nakagawa)