O grupo J&F n�o aceitou os termos do acordo de leni�ncia proposto pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF), que havia condicionado o neg�cio ao pagamento de uma multa de R$ 11,17 bilh�es, que corresponde a quase 6% do faturamento do grupo, em dez anos. A proposta venceu ontem �s 23h59 e, segundo o MPF, n�o houve acordo.
Segundo informou o MPF, os representantes da J&F haviam oferecido pagar somente R$ 1 bilh�o, que equivaleria a 0,51% do faturamento. �s 21 horas de ontem, a empresa fez uma nova proposta, de R$ 1,4 bilh�o. Os procuradores recusaram de pronto. Fontes pr�ximas � empresa entendem que a ideia seria fechar pela metade do valor proposto pelo MPF.
O acordo de leni�ncia corre em paralelo com o de dela��o. Se os termos propostos pelo MPF tivessem sido aceitos, seria a maior multa da hist�ria mundial paga por uma empresa por atos de corrup��o a apenas um governo. O maior acordo foi o do grupo Odebrecht, que incluiu a Braskem, fechado no ano passado. A Odebrecht se comprometeu a pagar cerca de R$ 8 bilh�es, em 23 anos, somente para o governo brasileiro. Outros R$ 3,5 bilh�es foram destinados a acordos com autoridades americanas e su��as, al�m de US$ 185 milh�es fechados com a Rep�blica Dominicana.
O grupo J&F tamb�m ter� de negociar uma multa a ser paga para o Departamento de Justi�a (DoJ) dos EUA, segundo advogados especializados no assunto. A empresa j� est� em tratativas com o DoJ. Pela lei anticorrup��o americana, pessoas ou empresas que t�m qualquer tipo de neg�cio nos EUA est�o sujeitas � lei. A JBS tem forte atua��o no pa�s, que representa cerca de metade do faturamento no processamento de carnes.
Em carta aberta enviada ontem � imprensa pelo presidente da J&F Investimentos, Joesley Batista, o empres�rio assumiu os erros, mas fez quest�o de afirmar que os neg�cios fora do Brasil seguiram preceitos �ticos. Segundo alguns advogados, � uma forma de tentar evitar qualquer tipo de investiga��o em outros pa�ses onde atua. A JBS tem unidades espalhadas pelo mundo.
A estrat�gia do grupo J&F foi feita tomando como base a experi�ncia vivida pela Odebrecht. Segundo fontes pr�ximas � empresa, seria um exemplo a n�o ser seguido. Por�m, mais do que o acordo de leni�ncia da Odebrecht, os executivos do grupo J&F estudaram as dela��es dos 77 executivos da empresa. Joesley n�o queria parar na pris�o como Marcelo Odebrecht.
A estrat�gia foi tra�ada por Joesley e pelo vice-presidente Jur�dico, Francisco de Assis. Eles conseguiram, assim, a imunidade dos delatores, continuar atuando nas empresas e o pagamento de uma multa de R$ 250 milh�es.
Nas primeiras investiga��es que vieram a p�blico, no entanto, o grupo J&F parecia inicialmente seguir o que fez a Odebrecht: negar. Com a opera��o Greenfield, a empresa chegou a fazer uma investiga��o interna na Eldorado Celulose, conduzida pelo pr�prio Joesley. Os resultados apresentados pela Veirano Advogados diziam que n�o se poderia afirmar que havia irregularidades, nem mesmo nos contratos que a Eldorado tinha com L�cio Funaro, acusado de cobrar propina para liberar empr�stimo no FI-FGTS.
O resultado foi contestado pelo conselheiro da Funcef, fundo de pens�o da Caixa Econ�mica Federal, na empresa, Max Pantoja, que entregou as suspeitas ao MPF. Joesley chegou a, publicamente, colocar suspeitas sobre a atitude de Pantoja. Agora, na dela��o, o pr�prio Joesley relata que os contratos com Funaro pagos pela Eldorado eram referentes a notas frias.