S�o Paulo, 31 - O presidente da Associa��o de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha, considera essencial o ressarcimento da totalidade dos acionistas da JBS, ap�s a dela��o dos controladores da empresa que abalou o Pa�s e reduziu abruptamente o valor de mercado da companhia - foram mais de R$ 5 bilh�es desde o dia 17 de maio.
"Me deixa muito preocupado o que est�o dizendo de que esses R$ 10,3 bilh�es (do acordo de leni�ncia) v�o ressarcir apenas BNDES e fundos de pens�o. E os outros acionistas?", questionou ele, em entrevista ao
Broadcast
. Para o representante, n�o s� os fundos de pens�o e BNDES devem ser ressarcidos de preju�zos com a JBS, mas tamb�m os acionistas minorit�rios.
"Se os fundos e a estatal forem mais uma vez os �nicos a receber, vamos estar dizendo para os investidores 'n�o invistam no Brasil porque voc�s n�o ter�o seu dinheiro de volta se forem roubados", afirmou.
O Grupo J&F chegou a um acordo de leni�ncia, divulgado na noite de ontem. Segundo a
Coluna do Estad�o
, o documento prev� que do total a ser pago, R$ 8 bilh�es ser�o destinados a Funcef (25%), Petros (25%), BNDES (25%), Uni�o (12,5%), FGTS (6,25%) e Caixa Econ�mica Federal (6,25%). O restante da multa, R$ 2,3 bilh�es, ser� pago por meio de projetos sociais, especialmente nas �reas de educa��o, sa�de e preven��o da corrup��o.
A Amec divulgou ontem um comunicado se posicionando em rela��o ao caso JBS. Para a institui��o, o evento deixou expostas as fragilidades do mercado de capitais brasileiro. "Outras li��es que j� dever�amos ter aprendido no passado deveriam estar em pr�tica e isso n�o est� acontecendo", disse Cunha.
Para ele, atualmente, o investidor pode fazer muito pouco como acionista minorit�rio de uma empresa brasileira para se proteger. Apesar disso, ele elogia a atua��o recente da Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM). Desde o �ltimo dia 18, o �rg�o regulador do mercado de capitais j� instaurou oito processos administrativos envolvendo a JBS.
Os processos investigam quest�es que n�o foram contempladas no acordo de leni�ncia. Um dos inqu�ritos administrativos, por exemplo, est� relacionado � atua��o da companhia no mercado de d�lar futuro. "�s vezes, as maneiras como a coisa anda torna o evento um tanto opaco para quem observa do lado de fora, muitas vezes a CVM trabalha, mas a gente n�o consegue ver", disse. "Se ela tivesse mais recursos, estaria olhando para mais situa��es e possivelmente teria encontrado os problemas de uma empresa como essa, antes de estourar".
Sobre o futuro da companhia, Cunha afirmou que os investidores v�o olhar a JBS com "lupa". "O sistema de supervis�o interna da JBS claramente n�o funcionou, cabe aos reguladores apurar agora", afirmou.
Para ele, n�o o mercado de capitais n�o deve mais aceitar a "governan�a de papel" e as responsabilidades precisam ser apuradas. (Colaborou Gabriel Vieira, especial para a Ag�ncia Estado)
(Camila Turtelli e Karin Sato)