Com perfil t�cnico e at� ent�o conhecido como um homem discreto no governo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, resolveu se mostrar nas redes sociais, comentando seus feitos e os n�meros da economia. Ele estreou o perfil no Twitter este m�s, em plena crise pol�tica e no momento em que o presidente Michel Temer (PMDB) sofre uma verdadeira sangria, �s voltas com a dela��o da JBS. Meirelles � o nome apontado para acalmar o mercado e j� foi colocado at� mesmo como poss�vel sucessor na cadeira do chefe no Pal�cio do Planalto.
Apesar de ter feito a conta no Twitter em maio deste ano, o ministro deu a primeira 'tuitada' em 7 de junho, quando avisou: “Pretendo usar este espa�o para debater os rumos do Brasil”. J� nesse primeiro dia, Meirelles disse estar em Paris para reuni�o da Organiza��o para a Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE). Segundo ele, o ingresso no grupo composto por 34 pa�ses faz parte das reformas necess�rias ao Brasil. Na internet, o ministro de Temer tem pregado um discurso de otimismo em sua p�gina.
Ele tamb�m usou o espa�o para comemorar os n�meros da infla��o, que nos �ltimos 12 meses chegou a um �ndice de 3,6% no acumulado, abaixo da meta. Em maio, o IPCA fechou em 0,31%, melhor resultado para o m�s em 10 anos. Meirelles n�o perdeu tempo em comentar. “Nossa agenda de reformas reduziu a infla��o e garante a retomada do poder de compra dos brasileiros”, disse em sua p�gina na rede social.
No in�cio da semana, o respons�vel pela pol�tica econ�mica narrou sua participa��o em uma confer�ncia de investidores internacionais e disse estar comprometido em garantir novos investimentos no pa�s. “Previs�es econ�micas s�o de aumento do emprego durante o ano, retomada dos investimentos e manuten��o dos gastos sociais do governo”, registrou. Meirelles tamb�m usou a p�gina pessoal para dizer que, a partir de agosto, a taxa de desemprego deve come�ar a cair.
Outra boa not�cia que ele fez quest�o de dar pelo Twitter foi sobre a melhora no setor de servi�os, que, segundo ele, � um sinal de recupera��o da economia. Em seu perfil, o ministro disse que este era o �nico componente negativo no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre e que o “resultado de abril mostra rea��o deste setor”. O avan�o, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), foi de 1% em abril. “Transporte foi o destaque no avan�o de 1% do setor de servi�os em abril frente a mar�o, o melhor n�mero para o m�s desde 2013”, escreveu.
NOME FORTE
Henrique Meirelles � um dos nomes que ganharam for�a recentemente como poss�veis substitutos de Michel Temer, caso o Congresso Nacional venha a conduzir elei��es indiretas. Ele entrou na lista de possibilidades junto com op��es do meio pol�tico, como o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do jur�dico, como a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra C�rmen L�cia, e o ex-presidente da Corte Joaquim Barbosa. Meirelles se filiou ao PSD em 2011, em meio a um descontentamento com o antigo partido, PMDB, e com o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Ex-presidente do Banco Central, o ministro � o nome preferido do mercado financeiro e do empresariado para conduzir o pa�s em caso de queda do presidente Michel Temer, por estar comprometido com as reformas. No auge da crise, ele chegou a dizer que a reforma da Previd�ncia ser� aprovada com ou sem Temer, que segue com o mandato em risco. Depois da fala, ao ser pressionado por jornalistas que questionavam o fato de seu nome ser cotado para a sucess�o, Meirelles mudou o discurso. “N�o trabalho com hip�teses. A minha hip�tese de trabalho � que n�o vai haver mudan�a no comando da Presid�ncia”, disse.
Meirelles tenta se cacifar em um cen�rio em que, depois de se livrar da cassa��o no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Michel Temer deve ser denunciado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. A expectativa � de que o PGR pe�a a abertura de uma a��o penal no Supremo por corrup��o, forma��o de quadrilha e tentativa de obstru��o � Justi�a.
Meta menor
O teto da meta de infla��o estabelecido pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN) para o per�odo de 2005 a 2018 � de 4,5%. Na reuni�o do pr�ximo dia 29, o CMN vai reduzir a meta para 4,25% em 2019, retomando o processo de manter a infla��o a baixos n�veis. As expectativas do mercado, nesse caso, neutralizam em parte a crise pol�tica e do impacto dela na economia. Segundo o boletim Focus, relat�rio de mercado publicado semanalmente pelo Banco Central com as previs�es de cerca de 100 analistas financeiros sobre diversos indicadores, o mercado projeta o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,25% para 2019, 2020 e 2021.