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Estado de Minas

Nos EUA, leis restringem lobby da JBS


postado em 02/07/2017 10:07

Washington, 02 - Protagonista do maior esc�ndalo de financiamento ilegal de campanhas no Brasil, a JBS adotou uma estrat�gia distinta para exercer influ�ncia pol�tica nos EUA, onde � uma das l�deres do setor de carnes. Submetida a regras estritas de transpar�ncia, a companhia centrou esfor�os em atividades de lobby, nas quais gastou US$ 7,15 milh�es (R$ 24 milh�es) desde 2007, quase dez vezes o que investiu no apoio a candidatos.

Os valores s�o �nfimos quando comparados aos R$ 352 milh�es doados oficialmente pela JBS na elei��o brasileira de 2014 - cifra que, al�m disso, deve ser bem mais alta, considerando-se que h� ainda uma boa parte de recursos doados por meio de caixa 2 ou do pagamento de propinas.

Analistas ouvidos pelo Estado disseram que � muito dif�cil campanhas receberem dinheiro n�o declarado nos EUA, ainda que a possibilidade de influ�ncia econ�mica nas disputas tenha se ampliado. Qualquer doa��o superior a US$ 200 (R$ 688) deve ser registrada.

No caso do lobby, a atividade � regulamentada e os contratados pelas empresas para defender seus interesses s�o obrigados a apresentar relat�rios trimestrais ao Senado, nos quais descrevem quanto receberam, quais temas que promoveram e com quais Casas do Congresso e �rg�os da administra��o interagiram.

No Brasil, as empresas usam o suborno e as doa��es legais ou via caixa 2 para influenciar as decis�es dos parlamentares, disse o economista Mauricio Moura, presidente do Ideia Big Data, que divide seu tempo entre os EUA e o Brasil. �Uma coisa que a Lava Jato revelou, especialmente na dela��o da Odebrecht, � quanto custa um projeto de lei ou uma medida provis�ria. Pela primeira vez isso foi precificado. Havia um mercado de balc�o legislativo�, afirmou.

Entre 2007 e 2014, a JBS registrou nos EUA o terceiro maior gasto com atividades de lobby entre empresas do setor de processamento de carnes. Nos anos seguintes, ela passou para a quarta posi��o. Os maiores valores foram registrados entre 2007 e 2011, quando a companhia gastou um total de US$ 4,36 milh�es (R$ 14,6 milh�es) para promover seus interesses em Washington, segundo o OpenSecrets, que monitora a influ�ncia do poder econ�mico na pol�tica dos EUA.

�Esse foi o per�odo em que a JBS estava adquirindo empresas nos EUA�, lembrou o cientista pol�tico Mark Langevin, professor da Escola Elliott de Estudos Internacionais da Universidade George Washington e diretor da consultoria BrazilWorks.

Interesses.

Os relat�rios apresentados pelos lobistas da JBS mostram que um dos �rg�os de interesse da administra��o era o Departamento de Justi�a, respons�vel pela aplica��o da legisla��o antitruste e a aprova��o de grandes fus�es.

No setor de processamento de carnes, os l�deres de gastos com lobby no mesmo per�odo foram a Tyson Foods e a Smithfields Foods, com US$ 11,26 milh�es e US$ 6,45 milh�es.

Sarah Bryner, diretora de pesquisa do OpenSecrets, disse que as regras e a exig�ncia de transpar�ncia da atividade ficaram mais estritas a partir da d�cada passada, depois de um grande esc�ndalo de corrup��o que envolveu o lobista Jack Abramoff, condenado a seis anos de pris�o em 2006.

Nos anos em que trabalhou em Washington, ele promovia festas e jantares car�ssimos para parlamentares e assessores, pagava viagens ao exterior e garantia ingressos para eventos esportivos. �A legisla��o mudou e presentes a congressistas passaram a ser proibidos�, diz Sarah, que considera o setor razoavelmente transparente.

Segundo ela, os gastos das empresas se destinam principalmente ao pagamento de sal�rios dos lobistas, de suas despesas operacionais e de eventuais di�rias de viagens. Apesar de terem de informar quais s�o as propostas legislativas que buscam influenciar, eles n�o s�o obrigados a revelar se s�o a favor ou contra.

Influ�ncias.

No Congresso, a JBS concentra seus esfor�os em temas relacionados � importa��o de carnes e � contrata��o de m�o de obra. Entre os projetos que defendeu estavam a fracassada reforma do sistema de imigra��o - que abriria a porta para a regulariza��o de milh�es de trabalhadores que vivem nos EUA sem pap�is. Na m�o contr�ria, a JBS se op�s � legisla��o que obrigava a coloca��o de r�tulo na carne vendida no pa�s que indicasse onde o animal havia crescido e sido abatido. Condenada pela Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC), a medida acabou rejeitada pelo Congresso.

Registrado nos EUA como lobista da Brazil Industries Coalition, o brasileiro Antonio Josino Meirelles disse que a regulamenta��o n�o evita problemas no setor. Meirelles observou que o n�mero de lobistas est� em queda, um ind�cio de que mais pessoas est�o praticando a atividade de forma n�o declarada. Em 2007, havia 14.818 lobistas registrados. No ano passado, o n�mero havia ca�do para 11.166.

Os gastos declarados passaram de US$ 3,52 bilh�es em 2010 para US$ 3,15 bilh�es em 2017. Apesar da redu��o, a cifra revela a enorme influ�ncia do poder econ�mico na pol�tica americana. A C�mara de Com�rcio dos EUA lidera de longe o ranking dos que destinam recursos ao lobby. S� no ano passado, a entidade gastou US$ 104 milh�es (R$ 347,6 milh�es). Procurada pelo Estado, a JBS n�o se manifestou. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Cl�udia Trevisan)


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