Bras�lia - Os brasileiros t�m acumulado cada vez menos milhas no cart�o de cr�dito. O n�mero total de pontos caiu 45% no ano passado e chegou ao menor patamar da hist�ria desse segmento. Na compara��o com o auge dos programas de milhagem, em 2014, a queda � ainda mais representativa: passou de 304 bilh�es para 137,6 bilh�es, segundo levantamento do Banco Central.
O extrato do cart�o de cr�dito do advogado Eloy Fonseca Neto � um retrato disso. "J� cheguei a acumular 20 mil milhas em um �nico m�s.
O d�lar abaixo de R$ 2 e os bons programas para acelerar pontos deixavam tudo mais f�cil e interessante. Agora, consigo juntar, no m�ximo, cinco mil pontos por m�s", conta o advogado, que conhece mais de 50 pa�ses, e j� acumulou cerca de 500 mil pontos em um ano.
Entre as explica��es para essa queda acentuada est� a valoriza��o do d�lar, que tem prejudicado a acumula��o de pontos. No in�cio da d�cada, com a economia em crescimento e o real forte, os usu�rios de milhas viveram tempos �ureos.
No Brasil, a maioria dos programas oferece pontos atrelados � moeda americana - normalmente, US$ 1 gasto no cart�o resulta em 1 milha. Em 2010, o d�lar m�dio ficou em R$ 1,75. Com essa taxa, uma fatura do cart�o de R$ 1.000 resultava em 1.142 pontos no fim do m�s.
No ano passado, o c�mbio m�dio ficou em R$ 3,48. Assim, a mesma fatura resultou em 574 pontos - queda de 50%.
Al�m disso, o mercado conviveu com a segmenta��o dos cart�es de cr�dito no in�cio da d�cada com o lan�amento de categorias para a alta renda que geram ainda mais milhas.
Jo�o Pimenta � um empres�rio de Florian�polis que abriu uma empresa para gerenciar milhas dos clientes. Para ele, a queda dos pontos no cart�o n�o � surpresa e � explicada pela conjuntura. "O d�lar mais alto dificulta a acumula��o.
Al�m disso, a crise diminuiu o consumo para muita gente e alguns cart�es pioraram a taxa de convers�o", diz o "personal miles". Pimenta d� como exemplo alguns cart�es que reduziram as milhas em cerca de 10%: antes davam at� 2,2 pontos por d�lar e passaram a oferecer 2 pontos.
Sem contar o contexto econ�mico, o indicador do BC mostra tamb�m que muitos brasileiros simplesmente perderam as milhas porque os pontos venceram: 50,4 bilh�es de pontos do cart�o de cr�dito expiraram no decorrer de 2016. Esse volume de milhas � suficiente para, por exemplo, emitir 1,3 milh�o de passagens a�reas de ida e volta entre S�o Paulo e Buenos Aires na baixa temporada.
Transfer�ncias
Outro motivo para a queda das milhas do cart�o � a transfer�ncia para outros programas de recompensa. Se no passado existiam apenas pontos nos cart�es e nas pr�prias companhias a�reas, atualmente o mercado tem v�rios programas independentes que permitem acumular pontos em mais de um cart�o de cr�dito e convert�-los em m�ltiplas empresas a�reas ou mercadorias e servi�os.
O presidente da Associa��o Brasileira das Empresas do Mercado de Fideliza��o, Roberto Medeiros, nota que h� transfer�ncia crescente de pontos do cart�o para esses programas independentes. Al�m disso, duas grandes operadoras do mercado - Banco do Brasil e Bradesco - criaram em 2016 um programa independente (Livelo) que acabou atraindo pontos acumulados pelos clientes dessas institui��es. Nesse caso, o ponto deixa de estar no cart�o e sai do indicador do BC que s� monitora as institui��es financeiras.