Fiat sofre para criar novo campe�o de vendas

S�o Paulo, 05 - Por 14 anos, a Fiat ocupou a posi��o de l�der de mercado. O Palio j� teve o slogan do carro mais vendido do Pa�s e a montadora fazia quest�o de ressaltar a conquista em seu marketing. Isso, at� o ano passado. Ultrapassada pela GM, a Fiat deixou de ter um modelo com sua marca entre os mais vendidos no Pa�s, mesmo tendo um portf�lio mais diversificado. A montadora, por�m, parece n�o estar se incomodando. "Hoje, a empresa est� num n�vel muito melhor do que h� um ano e meio atr�s", afirma Stefan Ketter, presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para Am�rica Latina.

Ketter diz que a empresa passou por uma grande mudan�a estrat�gica. Apesar de ter deixado de ser apenas Fiat h� tr�s anos, quando a montadora italiana adquiriu a americana Chrysler e, com ela, as marcas Jeep e Dodge, foi s� quando ele assumiu o comando da empresa, h� 18 meses, que se intensificou a transforma��o da Fiat na FCA.

Isso significou, na pr�tica, integrar a opera��o �gil, independente e vencedora do Brasil �s de outros pa�ses. Tamb�m deixar de ser apenas dona de uma marca, com menos modelos para apostar em v�rios ao mesmo tempo. "A Fiat est� vivendo a maior transforma��o de sua hist�ria, com a sa�da de produtos antigos e a entrada de novos", afirma Ketter. "Quando se est� numa mudan�a assim, � natural que haja um certo vale, mas � planejado."

Dif�cil, no entanto, acreditar que existam perdas pensadas, dizem os analistas. "A linha da Fiat envelheceu", diz Let�cia Costa, especialista em ind�stria automotiva e s�cia da Prada Assessoria. Foi o fim de uma era, na qual a montadora se tornou l�der gra�as aos carros 1.0, robustos e baratos, que dominavam vendas por conta de isen��o tribut�ria. S� que o consumidor mudou e a empresa, um pouco atrasada, foi obrigada a pensar em novidades mais sofisticadas. "Outros fabricantes passaram a preencher as diversas grada��es que o mercado pedia", diz Luiz Carlos Mello, ex-presidente Ford e consultor.

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Apesar de ter feitos v�rios lan�amentos nos �ltimos dois anos, como a picape Toro, o compacto Mobi e o utilit�rio esportivo Jeep Compass, a FCA ainda n�o tem um campe�o de vendas como o Palio. Especialistas dizem que a empresa errou no lan�amento do Mobi, quando focou a comunica��o em influenciadores digitais, num primeiro momento.

J� o Argo, a aposta para alcan�ar o Onix, da GM, o atual l�der do mercado, ainda n�o decolou. Em julho, ele foi o 18.� mais vendido. Dos dez modelos mais emplacados no Pa�s at� junho, por�m, os tr�s �ltimos da lista s�o da FCA. "N�o � importante ser l�der de marca e nem deveria ser", diz Ketter. "Somos hoje mais sustent�veis porque trabalhamos em v�rias pernas e segmentos."

Para os especialistas, no entanto, essa n�o � uma estrat�gia que garanta a sustentabilidade no longo prazo. Isso porque os lan�amentos mais recentes foram planejados h� quatro anos, quando o ciclo da ind�stria - e o f�lego da Fiat - era outro.

"� um movimento parecido com o que a GM sofreu na crise de 2008, quando n�o tinha recursos para investir numa linha que carecia renova��o", diz Let�cia. "S� que a Fiat � uma montadora de porte menor, com menos f�lego, que n�o est� bem na Europa e n�o tem na Chrysler uma gigante nos EUA. Ela tem menos m�sculos para enfrentar os tempos dif�ceis."

De todo modo, Ketter diz que a montadora tem feito a li��o de casa, com muitas transforma��es internas e a intensifica��o da integra��o com as outras opera��es globais. "Se o crescimento voltar, essa empresa estar� em �timo estado", diz ele.

Processos criados no Brasil, como o open space da f�brica de Betim, uma �rea de 1,2 mil metros quadrados na qual fabricantes de autope�as dividem informa��es e desenvolvem melhorias junto a funcion�rios da FCA, foram exportados para outros pa�ses. Do mesmo modo que procedimentos internacionais foram inclu�dos � opera��o brasileira. "Muita coisa boa que n�o existia e havia em outros lugares trouxemos para casa e aprendemos para crescer juntos", afirma.

"Resta saber se a agilidade, que sempre foi muito importante para a Fiat, ser� mantida", diz Leticia.

(Cristiane Barbieri)