
As sacas que v�o seguir por rodovia at� o porto de Santos (SP) mostram, ainda, o avan�o das metas de exporta��o dos caf�s especiais, comparadas ao escoamento do primeiro lote, em julho, de 10 mil sacas, conta satisfeito o cafeicultor Osvaldo Bachiao, representante do conselho administrativo da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxup� (Cooxup�), maior exportador individual de caf� do mundo. “� um resultado excepcional do trabalho de assist�ncia aos cooperados, para dar oportunidade a todos eles de ter acesso a esse mercado”, afirma.
O esfor�o de produ��o dos chamados caf�s diferenciados motivou a Cooxup� a criar em 2009 uma empresa dedicada ao segmento, a SMC Comercial Exportadora de Caf� S/A, para comercializar e fornecer caf�s finos, especiais e certificados. Se o universo dos lotes preparados neste ano parece modesto ante as 3,8 milh�es de sacas que os cooperados dever�o entregar, para os cafeicultores se trata de ganho importante. Segundo Osvaldo Bachiao, o desafio � embarcar 120 mil sacas em 2017, todas elas com classifica��o acima dos 82 pontos preconizados pela metodologia da Associa��o Americana de Caf�s Especiais (SCAA, na grafia original em ingl�s – Specialty Coffee Association of America).
“Para vender caf� a R$ 420 a saca, � preciso produzir mais de 30 sacas por hectare. O desafio � que o produtor ainda n�o tem tanta informa��o sobre a diferencia��o do caf�. Ele investe conforme a capacidade dele e s� d� para investir se a fam�lia estiver vivendo bem”, afirma Osvaldo Bachiao. O cafeicultor que alcan�a esse grupo de fazendas de elite, certamente, otimizou processos e absorveu conhecimento, segundo o presidente do Conselho dos Exportadores de Caf� do Brasil (Cecaf�), Nelson Carvalhaes. A institui��o estima que os embarques de caf�s diferenciados devem alcan�ar 5,2 milh�es de sacas em 2017.
Os gr�os especiais, de fato, despontam nesse volume, representando 80%, com perspectiva de chegar a 3 milh�es de sacas neste ano, em lugar da m�dia obtida nos �ltimos per�odos, de 2,5 milh�es de sacas. “Qualidade � dif�cil de definir, mas o caf� brasileiro � reconhecido internacionalmente como fornecedor que consegue produ��o organizada, devidamente certificada, e faz embarques com absoluto rigor”, afirma.
EXPANS�O O primeiro cont�iner com 320 sacas da nova safra de caf� despachado no fim de agosto pela Fazenda Planalto, em Nova Resende, vizinha de Guaxup�, confirma a boa expectativa com as exporta��es deste ano. Administrador da propriedade, Sebasti�o de Castro Ferreira conta que a produ��o vem indicando bom rendimento, embora seja esperada uma pequena quebra em raz�o da seca de janeiro que atrapalhou a flora��o das plantas. O objetivo � obter 16 mil sacas de caf� ar�bica, quase 30% mais frente ao volume produzido em 2016. O desempenho da lavoura reflete a extens�o do plantio com a renova��o de �reas e uma produtividade que vem aumentando e j� alcan�a 35 a 40 sacas por hectare.
“Temos trabalhado muito pela qualidade do caf�, uma produ��o refinada. Tudo indica que 2017 ser� um bom ano, apesar de o pre�o (R$ 435 por saca, em m�dia, no mercado interno) n�o estar ajudando”, diz Sebasti�o Ferreira. H� estimativas de que a remunera��o ao produtor caiu ao redor de 20% neste ano. A colheita mecanizada na fazenda come�ou em julho e deve se estender at� dia 15. Avaliadas em R$ 850 mil, as m�quinas operam por oito a nove horas, substituindo o trabalho de 200 homens. O pr�ximo cont�iner dirigido ao mercado internacional dever� sair da propriedade ainda em setembro. As vendas externas t�m representado 40% da produ��o e abastecem principalmente clientes no Canad� e Jap�o.
(*) A rep�rter viajou a convite da Nestl�
PARA O MUNDO
Exporta��es brasileiras de caf� de janeiro a julho
16,787
milh�es de sacas
>> Destino
Estados Unidos 20%
Alemanha 17,45%
It�lia 9%
Jap�o 7,13%
B�lgica 5,99%
R�ssia 3,43%
Turquia 3,43%
>> Vendas externas de caf� de Minas Gerais (Janeiro a julho)
11 milh�es
de sacas (43% da produ��o de 26 milh�es de sacas)
Fonte: Cecaf�/ Secretaria de Estado de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento de Minas Gerais
� espera da chuva
Depois da chegada lenta da safra de caf� em julho, in�cio do per�odo mais ativo das exporta��es, as vendas de agosto indicam recupera��o, segundo o presidente do Cecaf�, Nelson Carvalhaes. A institui��o deve avaliar os primeiros n�meros do semestre nesta quinta-feira, apostando numa performance bem pr�xima � do ano passado, com embarques totais ao redor de 32 milh�es de sacas. A cultura ainda sofre os efeitos da seca severa enfrentada desde 2014. Para a safra 2018/2019, os cafeicultores trabalham com perspectivas melhores em raz�o da alta do tradicional ciclo bianual das lavouras.
“O resultado depender� de chuvas generosas entre outubro e fevereiro, necess�rias para as floradas (s�o tr�s a quatro)”, afirma Carvalhaes. Ele espera tamb�m reflexos mais positivos dos tratos culturais nas fazendas. De janeiro a julho �ltimo, o Brasil exportou 16,787 milh�es de sacas, segundo estat�sticas do Cecaf�, com receita de US$ 2,891 bilh�es. A maior parcela embarcada foi de caf� ar�bica, um total de 14,777 milh�es de sacas. Como determinada a lei da oferta e da procura, o setor faturou US$ 193,3 milh�es a mais (7,16%) no exterior, enquanto a oferta diminuiu 7,16%, ante 18,225 milh�es de sacas exportadas em igual per�odo de 2016.
A Cooxup� embarcou 2,117 milh�es de sacas de janeiro a julho, tendo liderado o ranking de exportadores individuais, seguida do grupo indiano Olam, que comercializou no exterior 1,320 milh�o de sacas. Segundo Osvaldo Bachiao, conselheiro da cooperativa de Guaxup�, os produtores da regi�o dever�o despachar 6 milh�es de sacas, ao todo, neste ano.
GIGANTES Na geografia da distribui��o das exporta��es, os Estados Unidos responderam pelas compras de 20,01% do caf� exportado pelo Brasil neste ano. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 17,45%, e a It�lia, na terceira posi��o, importou 9%. A demanda pelos caf�s diferenciados � determinada tamb�m por grandes empresas que atuam no Brasil, como a multinacional Nestl�. Desde que a companhia inaugurou, em dezembro de 2015, sua f�brica em Montes Claros, primeira unidade fora da Europa com tecnologia para fabricar c�psulas da marca Nescaf� Dolce Gusto, a empresa come�ou a usar mais o caf� brasileiro.
O gerente de Agricultura da Nestl� Brasil, Pedro Malta, estima que cerca de 60% da demanda das f�bricas dentro e fora do Brasil � abastecida pelo caf� nacional. Mais da metade desse volume � de caf� ar�bica produzido em Minas Gerais. A participa��o do produto mineiro tende a aumentar na propor��o em que a companhia for bem-sucedida em seu novo lan�amento, o caf� torrado e mo�do na hora do preparo, que consumiu investimentos de R$ 10 milh�es.
O produto atender� ao mercado do chamado food service, especialmente cafeterias e o segmento de transporte, em particular os aeroportos, com m�quinas de fabrica��o italiana que preparam caf�s espresso, capuccino e bebidas cremosas a partir da moagem instant�nea de gr�os. De acordo com o diretor da Nestl� Professional, Marcelo Citr�ngulo, todo o caf� usado ser� do tipo ar�bica proveniente das regi�es montanhosas de Minas.