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Estado de Minas

Sert�o baiano v� energia solar virar realidade


postado em 10/09/2017 10:01

Bom Jesus da Lapa, 10 - O sol forte que sempre castigou o sertanejo agora � cobi�ado por investidores bilion�rios que come�am a mudar a cara do semi�rido baiano. O movimento transformou a pequena Bom Jesus da Lapa, at� ent�o conhecida pelo turismo religioso e suas grandes romarias, na capital da energia solar. A cidade, de 63 mil habitantes, localizada � beira do Rio S�o Francisco, abriga hoje a primeira grande usina solar do Brasil.

Ali, onde o sol nasce antes de o rel�gio marcar seis horas da manh� e a temperatura quase sempre beira os 35 graus, j� est�o sendo produzidos 158 megawatts (MW) com o calor do sol. � energia suficiente para abastecer uma cidade de 166 mil resid�ncias - Bom Jesus da Lapa, por exemplo, tem 16 mil domic�lios. Mais importante que isso, no entanto, � que o projeto representa o primeiro passo para o desenvolvimento de uma ind�stria bilion�ria que n�o para de crescer no mundo - no ano passado, avan�ou 50%.

S� em Bom Jesus da Lapa, a italiana Enel Green Power, dona do empreendimento, investiu US$ 175 milh�es, algo em torno de R$ 542 milh�es. Em pouco mais de um ano, 500 mil pain�is solares passaram a cobrir uma �rea de 330 hectares, o equivalente a 462 campos de futebol. Nesse per�odo, a cidade sertaneja, acostumada com o vaiv�m dos fi�is e com cifras bem mais modestas, passou a conviver com uma mistura de idiomas.

Como a cadeia de produ��o no Brasil ainda � incipiente, os equipamentos para montar o parque solar vieram de v�rias partes do mundo. Os pain�is que captam o calor do sol foram fabricados na China; os conversores para transformar a energia solar na eletricidade que chega � casa dos consumidores vieram da It�lia; e a montagem da estrutura que permite a movimenta��o dos pain�is na dire��o do sol foi feita por espanh�is.

No auge da obra, foram contratados mais de mil trabalhadores para o empreendimento. Por estar ao lado da cidade, n�o houve necessidade de construir alojamentos, como ocorre em grandes projetos. Al�m disso, a estrutura de hot�is existente para os fi�is que visitam o santu�rio de Bom Jesus da Lapa ajudou muito na acomoda��o dos oper�rios. Ainda assim, novos hot�is e restaurantes foram inaugurados para atender � demanda, que dever� continuar firme por mais algum tempo.

Desenvolvimento. O prefeito do munic�pio, Eures Ribeiro (PSD), comemora a descoberta da regi�o pelos grandes investidores. At� a chegada do parque da Enel, a economia local era baseada na produ��o de banana - o munic�pio � o maior produtor da fruta no Brasil - e no com�rcio voltado ao fi�is. O entorno da gruta que abriga o santu�rio da cidade e atrai milhares de romeiros � lotado de hot�is, lojas e barracas de lembrancinhas, como chaveiros, camisetas e outros objetos.

A economia local, no entanto, n�o � suficiente para absorver a m�o de obra da cidade. Quase dois ter�os dos moradores t�m idade entre 15 e 59 anos e sofrem com o desemprego e a falta de qualifica��o. Esse foi um dos temas trabalhados com a Enel como compensa��o social pelo empreendimento. As comunidades quilombolas que ficam pr�ximas do projeto foram beneficiadas com cursos de pedreiro, eletricista e corte e costura. �Tamb�m reivindicamos a constru��o de uma sede para a comunidade�, afirma Amilton Vitorino Gonzaga, da comunidade Ara��-Volta, onde h� 240 resid�ncias.

Quase todos da comunidade vivem do Bolsa Fam�lia e da agricultura de subsist�ncia. Mas, por causa da falta de chuva, as planta��es nem sempre sobrevivem. �O sol sempre foi sin�nimo de pobreza, que afastava a popula��o da cidade para os grandes centros. Hoje � sin�nimo de riqueza e de desenvolvimento�, afirma o prefeito da cidade.

Pelas contas dele, h� cerca de dez empresas com projetos na cidade para come�ar logo. �Nossa expectativa � que a arrecada��o de ICMS (por causa da venda de energia) aumente 300% em cinco anos.� Al�m da insola��o, a atra��o dos investidores tamb�m tem contado com um incentivo da prefeitura, que reduziu o Imposto sobre Servi�os (ISS) do projeto.

O presidente da Enel no Brasil, Carlo Zorzoli, diz que a vantagem do sert�o nordestino, al�m do sol forte, � a abund�ncia de terras que n�o competem com o agroneg�cio. Al�m do parque de Bom Jesus da Lapa, a empresa det�m outros tr�s projetos na regi�o: Ituverava (254 MW) e Horizonte (103 MW), na Bahia, e Nova Olinda (292 MW), no Piau�. Os tr�s entram em opera��o at� o fim deste ano, colocando a empresa na lideran�a da produ��o solar no Pa�s, com 807 MW instalados.

�Aqui tem espa�o de sobra sem precisar desmatar para construir as usinas�, diz o executivo. Mas, apesar de �rea dispon�vel, a constru��o dos parques j� come�a a inflacionar o pre�o da terra na regi�o. Em Bom Jesus da Lapa, o valor de um hectare de terra saiu de R$ 2 mil para R$ 20 mil, diz o prefeito da cidade. Por isso, as empresas t�m procurado arrendar as �reas para os projetos, em vez de comprar. A medida traz renda fixa para os propriet�rios durante, pelo menos, 20 anos. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Ren�e Pereira e Daniel Teixeira)


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