Rio, 07 - Mais de 80% dos brasileiros com 14 anos ou mais de idade fazem algum tipo de tarefa dom�stica em casa ou na casa de algum parente, o equivalente a 135,5 milh�es de pessoas. Mas as mulheres permanecem mais sobrecarregadas nesse tipo de fun��o do que os homens. Os dados s�o da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua - Outras Formas de Trabalho, referente a 2016.
Enquanto 89,8% das mulheres realizavam atividades dom�sticas, esta propor��o era de 71,9% entre os homens. O tempo dedicado a esses servi�os tamb�m mostrou diferen�a entre os sexos. A m�dia de horas dedicadas ao servi�o dom�stico no Brasil era de 16,7 horas por semana, mas as mulheres trabalhavam duas vezes mais que os homens em casa, 20,9 horas semanais, em m�dia, contra apenas 11,1 horas para os homens.
"A mulher faz tudo na casa, e o homem faz pequeno reparo. � basicamente isso", resumiu Alessandra Brito, analista da Coordena��o de Trabalho e Rendimento do IBGE. "H� uma diferen�a grande entre homens e mulheres. A �nica atividade que os homens fazem mais do que as mulheres � consertar um chuveiro, trocar uma torneira, algum pequeno reparo no domic�lio", acrescentou.
Entre os tipos de afazeres dom�sticos, os homens s� ganharam das mulheres no quesito pequenos reparos ou manuten��o do domic�lio, de autom�vel, de eletrodom�sticos ou outros equipamentos. Entre os homens, 65% se dedicaram a esse tipo de tarefa, contra 33,9% das mulheres.
Em todos os outros, elas se dedicaram em maior propor��o do que eles: preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar lou�a (58,5% dos homens, 95,7% das mulheres); limpeza ou manuten��o de roupas ou sapatos (55,7% dos homens, 90,8% das mulheres); limpar ou arrumar a casa, garagem, quinta ou jardim (67,3% dos homens, 77,9% das mulheres); cuidar da organiza��o da casa, como pagar contas, contratar servi�os e orientar empregados (69,0% dos homens, 71,3% das mulheres); fazer compras ou pesquisar pre�os de bens para a casa (68,2% dos homens, 76% das mulheres), e cuidar dos animais dom�sticos (37,5% dos homens, 42,4% das mulheres).
Os homens brancos (73,9%) faziam tarefas dom�sticas em maior propor��o do que os pretos (73,0%) e pardos (69,8%), enquanto que essa tend�ncia se invertia entre as mulheres brancas (89,1%), pretas (90,9%) e pardas (90,3%). A pesquisa n�o cruzou os dados com informa��es sobre a renda da popula��o, mas pesquisadores do IBGE acreditam que as diferen�as possam ter explica��o no grau de escolariza��o ou em caracter�sticas regionais e culturais.
"Talvez a mulher branca com mais renda possa pagar algu�m para fazer esse tipo de servi�o para ela. O homem branco talvez por conta de uma escolariza��o mais elevada tenha mais consci�ncia da necessidade de fazer mais afazeres dom�sticos", disse Alessandra.
"Pode ter tamb�m uma influ�ncia regional, econ�mica, escolaridade, cultura local", completou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.
Embora as mulheres ainda cuidem da casa e da fam�lia em maior propor��o e por mais horas, a participa��o dos homens aumentou em rela��o � apura��o de pesquisas anteriores. N�o h� dados compar�veis, por conta de uma mudan�a na metodologia em rela��o � Pnad anual, mas um aperfei�oamento na coleta ajudou a medir com mais precis�o algumas tarefas dom�sticas que antes passavam despercebidas aos entrevistados e que muitas vezes s�o feitas por homens.
"Se eu perguntar se voc� faz tarefa dom�stica sem dizer que isso inclui botar o lixo para fora e levar o cachorro para passear, voc� diria que voc� faz servi�o dom�stico? Mesmo que voc� n�o lave a lou�a, n�o fa�a comida, nada disso?", justificou Maria Lucia.
"A mulher j� sabia que fazia afazeres dom�sticos. O homem descobriu que tamb�m faz", explicou Alessandra Brito.
Do total de 166,7 milh�es de brasileiros com 14 anos ou mais, 26,9% atuaram ainda no cuidado de moradores do domic�lio ou de parentes, o que correspondia a 44,9 milh�es de pessoas. Enquanto 32,4% das mulheres realizaram atividades de cuidado, entre os homens a propor��o foi de 21,0%.
Em 2016, 49,6% dos que realizaram esse tipo de atividade cuidaram de crian�as de 0 a 5 anos de idade, enquanto 48,1% deles foram respons�veis por crian�as de 6 a 14 anos de idade.
(Daniela Amorim)