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Estado de Minas

Nubank tem o desafio de enfrentar concorr�ncia dos bancos tradicionais

Fen�meno entre as fintechs brasileiras, a empresa conquista milh�es de clientes, mas acumula preju�zos


postado em 21/12/2017 12:00 / atualizado em 21/12/2017 07:58

"V�lez: setor financeiro � muito fechado, mas agora est� mais aberto a inova��es" (foto: Arquivo pessoal)

S�o Paulo – Depois de causar uma revolu��o no mercado de cart�es de cr�dito, oferecendo uma experi�ncia totalmente digital por meio de um aplicativo de celular, a startup Nubank quer fazer o mesmo no terreno dos bancos tradicionais. Desde agosto, a empresa est� testando uma experi�ncia tamb�m digital nas contas-correntes e investimentos.


Com previs�o de chegar ao mercado em 2018, a iniciativa vai permitir que o cliente guarde, invista e transfira seu dinheiro de maneira eletr�nica. “Assim como fizemos com o cart�o de cr�dito, imaginamos como seria uma conta que fosse inventada para os dias de hoje, sem burocracia, sem tarifas abusivas e com funcionalidade”, diz David V�lez, CEO e fundador da startup. Na semana passada, a empresa deu o primeiro passo para a internacionaliza��o, com a abertura de um escrit�rio em Berlim, na Alemanha.

Desde que lan�ou o cart�o de cr�dito internacional sem tarifa ou anuidade, em setembro de 2014, o Nubank se tornou um fen�meno entre as fintechs brasileiras e um exemplo a ser seguido por outras empresas digitais que est�o nascendo. Os n�meros alcan�ados em apenas tr�s anos de opera��o s�o compar�veis aos de institui��es financeiras tradicionais: foram 13 milh�es de pedidos para o cart�o, mas o Nubank selecionou apenas 2,5 milh�es. Outras 500 mil pessoas aguardam em fila de espera. 

O sucesso pode ser medido pelo percentual de jovens que aderiram ao novo servi�o (70% dos usu�rios t�m menos de 36 anos) e pelo volume de dinheiro conseguido em cinco rodadas de investimentos (US$ 180 milh�es). Recentemente, a empresa anunciou aumento de sua linha de cr�dito de receb�veis com o Goldman Sachs e o fundo Fortress Investment Group, para R$ 455 milh�es. “Nosso objetivo foi ganhar uma fatia do mercado banc�rio tradicional, come�ando pelos jovens, que s�o mais abertos a utilizar a tecnologia”, diz V�lez. 

O executivo lembra que nas conversas com empres�rios e ex-presidentes de bancos, ainda na fase de planejamento do Nubank, ouvia deles que n�o conseguiria fazer a empresa prosperar em um mercado concentrado como o brasileiro. “Eles disseram que eu era gringo, que n�o conhecia o Brasil, nem o poder dos bancos, e que o setor financeiro ia acabar comigo”, diz. Como o futuro mostrou, todos erraram nas previs�es. A ironia � que, com o tempo, o Nubank passou a amea�ar exatamente os que duvidaram de seu potencial. Hoje em dia, est� no radar dos grandes bancos, que come�aram a se mexer para oferecer produtos semelhantes. 

Segundo V�lez, a maior dificuldade no in�cio foi desenhar a opera��o para um mercado com um arcabou�o regulat�rio enorme e convencer as pessoas de que a cren�a convencional de que seria imposs�vel para uma startup entrar no mercado financeiro n�o era verdadeira. “� um setor muito fechado, que protege as cinco maiores institui��es, mas acho que o mercado est� agora aberto a inova��es”, diz o fundador. “O Banco Central admite o problema da concentra��o banc�ria e quer mais concorr�ncia, mais empresas brigando. Isso foi uma surpresa muito grande para n�s”, conta V�lez, que ainda depende de uma licen�a do BC para a sua opera��o no Brasil. O pedido da licen�a para operar como institui��o financeira foi feito h� dois anos e, segundo ele, a empresa tem conversado com as autoridades e fazendo “tudo que mandam, passo a passo”, sempre com a ajuda de advogados.

Para encurtar o caminho no BC, o Nubank contratou Gustavo Franco, ex-presidente da institui��o, que traz na bagagem experi�ncia suficiente no mercado banc�rio para superar qualquer entrave. Franco ter� tamb�m a miss�o de conselheiro nas estrat�gias da empresa. “Ele traz uma s�rie de experi�ncias complementares �s minhas. A chegada do Gustavo como conselheiro vai nos ajudar a dar visibilidade ao regulador”, afirma V�lez. 

Especialistas que acompanham a trajet�ria da startup alertam para alguns problemas que podem surgir com a entrada do Nubank na seara dos bancos. Para ingressar nesse mercado, a empresa ter� que seguir as regras impostas pela legisla��o aos outros competidores, como auditorias, tesouraria e compilance, o que vai demandar custos extras. A d�vida dos especialistas � como fechar as contas e manter as vantagens para os clientes com um custo mais elevado.

De acordo com os n�meros do primeiro semestre do ano, o Nubank registrou preju�zo de R$ 39 milh�es. No per�odo anterior, as perdas foram de R$ 122 milh�es. Embora a situa��o financeira tenha apresentado melhora, a expectativa dos analistas � de que a nova opera��o possa elevar novamente os preju�zos do Nubank.

Para Renato Ramalho, s�cio da A5 Capital Partner, a inten��o do Nubank sempre foi se tornar um banco e agora vai aproveitar os milh�es de usu�rios captados com o cart�o de cr�dito para chegar ao objetivo, oferecendo cada vez mais servi�os banc�rios. Segundo ele, o BC vem criando uma s�rie de regulamenta��es que j� permitem � startup fazer algumas opera��es de pagamento que atendam aos usu�rios sem o mesmo custo das grandes institui��es. Mas, no futuro, lembra ele, se quiser ser mesmo um banco, precisar� arcar com as regras do sistema. “O Nubank vai ter que continuar inovando para se sobressair em um setor altamente regulamentado”, diz Ramalho.

Entrevista/David V�lez

‘N�o tememos os bancos tradicionais’

Nascido na Col�mbia, David V�lez, 36, � o c�rebro por tr�s da funda��o do Nubank, a startup mais festejada do mercado de fintechs brasileiro. Com 13 anos de carreira em bancos de investimentos e fundos de private equity, V�lez pode ser considerado um veterano, com passagens por Goldman Sachs, Morgan Stanley e Sequoia Capital, um dos maiores fundos de investimentos dos Estados Unidos e o maior investidor do Nubank. Preocupado com a concorr�ncia dos grandes bancos, ele diz que o Nubank nasceu por uma indigna��o sua com a demora e a burocracia que enfrentou para abrir uma conta no Brasil. “Fiquei meses para abrir a minha aqui”, diz.  

O que � o Nubank? N�o � um banco, n�o � uma financeira, n�o � uma operadora de cart�o...
� uma empresa de tecnologia e que pretende ser uma alternativa aos bancos tradicionais. Nosso objetivo � dar uma solu��o tecnol�gica para os consumidores brasileiros e virar uma alternativa completa de servi�os. Come�amos com cart�o de cr�dito, do mesmo jeito que a Amazon come�ou com livros e hoje vende de tudo, mas continua a ser uma empresa de tecnologia, n�o uma varejista. 

O Nubank est� esperando uma licen�a do Banco Central h� dois anos. Por que a demora?
Faz parte do processo. N�o est� parado, est� caminhando e avan�ando etapas. Em geral, qualquer um que queira come�ar um banco do zero, tem que aguardar. E o nosso projeto � novo, n�o existia no mercado. S�o conversas, discuss�es que acontecem para evitar riscos. Temos todo um processo para cumprir. Vamos demonstrar para eles que cumpriremos todos os processos, controles e requerimentos.

A contrata��o de Gustavo Franco, ex-presidente do BC, como consultor � uma forma de agilizar a obten��o da licen�a?
Com certeza, o Gustavo traz uma s�rie de experi�ncias que eu n�o tenho. Ele conhece bem o Banco Central, o mercado banc�rio brasileiro. A entrada dele como conselheiro vai nos ajudar a pensar diferentes estrat�gias e trazer visibilidade para o regulador. Ele funciona como um conselheiro estrat�gico para n�s.

Como vai ser a concorr�ncia com produtos oferecidos pelas outras fintechs e bancos tradicionais?
J� vimos a rea��o dos bancos e, na verdade, eles n�o t�m nos incomodado. Continuamos crescendo a cada m�s, conquistando clientes. Os bancos j� entenderam que n�o somos simplesmente um App. Entenderam que n�o � como se os taxistas falassem que, para concorrer com a Uber, bastaria fazer um aplicativo. Ou que, para concorrer com a Amazon, era s� fazer um site melhor. O Nubank n�o � s� um aplicativo, n�o � s� um cart�o, � tudo que vem atr�s, como a cultura de bom atendimento, o jeito como a gente faz as coisas.

E as investidas do Banco do Brasil e Ita�, que lan�aram produtos semelhantes?
N�o nos preocupam. Achamos que � at� um reconhecimento de que estamos atuando em um mercado novo, 100% digital. Temos confian�a no nosso trabalho e vemos essas investidas com bons olhos. N�o tememos os bancos tradicionais.

 


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