S�o Paulo – Poucos setores reagem de forma t�o veloz � retomada da economia quanto a ind�stria automobil�stica. Basta o PIB sair do negativo para o n�mero de emplacamentos aumentar. Em 2017, as vendas de autom�veis cresceram em torno de 10% – o melhor resultado em cinco anos –, embora os indicadores oficiais ainda n�o tenham sido divulgados. Para 2018, projeta-se um avan�o acima de dois d�gitos, e n�o ser� surpresa para ningu�m se as altas resvalarem na casa dos 15%. � de se supor, portanto, que todos os modelos est�o acelerando com for�a m�xima. N�o � bem assim. Um balan�o dos neg�cios fechados nos �ltimos meses mostra que a briga por mercados ser� pesada neste ano.
No segmento que mais vende no Brasil, o de hatches compactos (alta de 26% em 2017, contra 22% dos SUVs e 20% dos ve�culos de entrada), dois movimentos recentes j� provocam sustos na concorr�ncia. Lan�ado em maio, o novo Fiat Argo (que custa a partir de R$ 46.800) come�ou a trajet�ria de forma t�mida. Em junho, seu primeiro m�s integral de vendas, foram menos de 2 mil emplacamentos. A partir da�, o Argo acelerou at� se tornar, em dezembro, o carro mais vendido da Fiat no pa�s.
Em setembro, a Volkswagen lan�ou o novo Polo ao custo de R$ 49.990, e logo na largada ele vendeu mais de 4 mil unidades em um �nico m�s, marca consider�vel para ve�culos rec�m-sa�dos da linha de produ��o. O objetivo da VW � colocar o Polo entre os cinco mais vendidos no pa�s no fim de 2018. Se vier, o resultado poder� levar a empresa a brigar novamente pela lideran�a geral do mercado brasileiro, atualmente nas m�os na GM.
As chegadas do Polo e do Argo alteraram o jogo de for�as do setor automobil�stico. Entre junho e novembro, o Renault Sandero, um dos 10 modelos mais comercializados no Brasil, perdeu 40% das vendas, um estrago que poder� alterar os planos da montadora no pa�s. Depois do lan�amento do Argo, o Nissan March tamb�m viu sua performance cair.
Para a Renault, a queda nas vendas no Sandero tem sido recompensada pelo sucesso do pequenino Kwid, que substituiu o ultrapassado Clio. Em setembro passado, o Kwid foi o segundo carro mais vendido no Brasil, atr�s apenas do Onix, da GM, resultado que nem a pr�pria montadora francesa esperava. Mas o bom resultado inicial do Kwid foi impulsionado pela pr�-venda, e no m�s seguinte o modelo caiu v�rias posi��es no ranking dos mais emplacados.
A retomada da ind�stria automotiva provocar� uma avalanche de lan�amentos em 2018. Estima-se que mais de 40 modelos, de todas as categorias e pre�os, chegar�o ao mercado brasileiro neste ano. “Esse movimento n�o se deve apenas ao aumento das vendas, mas tamb�m � necessidade de cada empresa de apresentar novidades para enfrentar a crescente concorr�ncia”, diz Eduardo Tancinsky, consultor especializado em marcas. “O mercado vai chegar a um ponto de maturidade em que s� far� sucesso quem tiver produtos excelentes para oferecer.”
Poucos setores v�m passando por mudan�as t�o profundas. Se antes o que fazia a diferen�a em vendas era o design e o espa�o interno do autom�vel, atualmente itens como tecnologia e seguran�a s�o mais valorizados pelos consumidores. E talvez a maior transforma��o ainda esteja por vir. O mercado brasileiro n�o entrou na era dos carros el�tricos, tend�ncia que os especialistas consideram irrevers�vel. Na Europa e nos Estados Unidos, estima-se que, at� 2030, eles ser�o respons�veis por metade das vendas.
Em 2017, pelo segundo ano consecutivo, o carro mais vendido no Brasil foi o Chervrolet Onix. O interessante � que, mesmo diante do �timo desempenho em 2016, a GM n�o se acomodou. Al�m de fazer algumas modifica��es est�ticas, deu ao Onix dois novos motores (1.0 e 1.4), lan�ou uma vers�o aventureira (Onix Activ) e criou uma vers�o de entrada (Onix Joy). Fabricado em Gravata�, no Rio Grande Do Sul, o modelo caminha para atingir 600 mil unidades produzidas desde o seu lan�amento, em 2012.