Bras�lia, 26 - Os novos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) confirmaram o terceiro ano consecutivo de fechamento de empregos formais no Brasil, mas com ritmo bem menos intenso e bem pr�ximo da estabilidade. No acumulado de 2015 a 2017, o indicador registrou o encerramento de 2,88 milh�es de vagas com carteira assinada. "A tend�ncia de queda do emprego passou. Interrompemos a queda. Agora, o pr�ximo passo � procurar crescer o emprego", disse o coordenador-geral de Estat�sticas do Minist�rio do Trabalho, M�rio Magalh�es.
Ao divulgar os dados, o coordenador-geral de estat�sticas comemorou o ritmo menos intenso do fechamento de vagas. "O fechamento de 20,8 mil vagas no ano passado significa, em termos estat�sticos, a estabilidade do emprego", disse em entrevista. Em 2015, o Brasil perdeu 1,53 milh�o de vagas e, no ano seguinte, 1,32 milh�o de postos.
Para o t�cnico, o ano terminou com dado pr�ximo � estabilidade ap�s um dado melhor que o esperado do m�s de dezembro, quando foram destru�dos 328,5 mil empregos. Um ano antes, em dezembro de 2016, o Brasil havia perdido 478,1 mil vagas de trabalho.
M�rio Magalh�es explicou que, normalmente, o m�s de dezembro tem demiss�es. Ainda que haja contrata��es no setor de servi�os, todos os outros segmentos costumam registrar demiss�es. "A ind�stria geralmente tem dado negativo porque as encomendas do Natal j� foram cumpridas. O setor da constru��o passa pelo regime de chuvas, o setor de ensino tamb�m costuma demitir e a agropecu�ria est� em entressafra", disse.
Setores em recupera��o
A ind�stria de transforma��o fechou 19,9 mil empregos com carteira assinada no ano passado. Apesar do dado negativo, o coordenador-geral de Estat�sticas do Minist�rio do Trabalho ressaltou que j� h� setores em recupera��o. Dos 12 setores industriais, cinco j� registraram crescimento de vagas no ano passado, disse o t�cnico. "N�o � toda a ind�stria que segue demitindo", disse.
Entre os segmentos, o subsetor industrial de alimentos terminou o ano passado com cria��o de 8,9 mil postos de trabalho, liderados pela ind�stria de a��car e enlatados que reagem ao aumento do consumo nos supermercados. Houve, ainda, contrata��o de 4,9 mil pessoas no setor de materiais de transporte, 2,7 mil novos postos na ind�stria t�xtil, 1,8 mil no segmento farmac�utico e 1,2 mil empregos novos na ind�stria de material el�trico e comunica��es.
Por outro lado, a ind�stria de minerais n�o met�licos, como cer�mica, gesso, revestimentos e vidro, cortou 14,7 mil empregos no ano passado e liderou o fechamento de vagas no setor industrial. Tamb�m destru�ram postos de trabalho a ind�stria mec�nica (-6 mil), metalurgia (-4,3 mil), papel e papel�o (-6,2 mil) e cal�ados.
"O que est� se recuperando s�o os setores ligados ao consumo, como alimentos e vestu�rio", disse Magalh�es. "J� os setores como metal�rgica e mec�nica n�o se recuperaram porque o investimento ainda n�o retornou, tanto nas empresas como nas fam�lias", disse.
Impacto do PIB
Magalh�es citou estudo realizado pela �rea t�cnica do pr�prio Minist�rio que indica que, se confirmadas as previs�es do mercado financeiro para o crescimento da economia, o Brasil poderia registrar a gera��o de at� 1,8 milh�o de novos empregos formais em 2018.
A estimativa leva em conta o comportamento hist�rico do mercado de trabalho e da atividade econ�mica. Segundo o estudo mencionado por Magalh�es, o crescimento de cerca de 3% do PIB indica a cria��o entre 1,7 milh�o a 1,8 milh�o de vagas formais. Se a economia conseguir crescer 3,5%, o potencial � de cria��o de at� 2 milh�es de empregos. Esse ritmo de crescimento - entre 3% e 3,5% - � citado por economistas como o cen�rio mais prov�vel para o PIB neste ano.
Magalh�es notou que essa n�o � uma previs�o do Minist�rio do Trabalho. O n�mero indica apenas o comportamento hist�rico do mercado de trabalho em rela��o ao crescimento da economia, explicou o t�cnico.
Intermitentes
O com�rcio do Nordeste tem sido um dos grandes entusiastas da nova forma de admiss�o de empregados atrav�s dos contratos intermitentes - quando n�o h� carga hor�ria m�nima e o empregado atua apenas quando convocado. Dados do Caged indicam que 33,4% de todos os trabalhadores contratados atrav�s do regime criado pela reforma trabalhista est�o no Nordeste. Por ocupa��o, o cargo de assistente de vendas �, disparado, o mais contratado com 67,2% das novas vagas.
"O com�rcio do Nordeste tem grande participa��o nos contratos intermitentes", disse M�rio Magalh�es. A nova forma de contratar passou a vigorar em 11 de novembro. Desde ent�o, 5.641 empregos foram criados no regime intermitente. Desses, 1.886 foram nos Estados do Nordeste.
Ao apresentar os n�meros, Magalh�es citou que varejistas da regi�o t�m usado esse instrumento para contrata��o de m�o de obra para refor�ar o pessoal em eventos espec�ficos, como a "Black Friday" e tamb�m nas vendas de fim de ano. Entre os Estados nordestinos, a Bahia teve 439 contratos intermitentes, Pernambuco abriu 316 postos e o Cear� registrou 312 vagas novas pelo regime intermitente.
Juntos, os Estados do Nordeste contrataram mais que S�o Paulo, a maior economia estadual, que registrou 1.561 empregos intermitentes ou 27,6% do total.
Por fun��o, o posto de assistente de vendas teve 3.903 vagas intermitentes preenchidas no per�odo ou 67,2% de todos os empregos criados nesse regime. Em seguida, aparecem servente de obras (114 empregos), gar�om (87) e vigilante (86).
(Fernando Nakagawa)