S�o Paulo – O Mercado Livre encerrou 2017 com uma taxa de crescimento recorde no Brasil. Apoiado numa pol�tica mais agressiva de vendas, que inclui o frete gr�tis, a companhia cresceu seu faturamento em 70% – s� no quarto trimestre avan�ou 80%. O balan�o trouxe um retrato da nova toada da companhia: h� pelo menos um ano est� abrindo m�o de rentabilidade para ganhar mercados.
A que fatores o senhor atribui o aumento expressivo nas receitas no Brasil?
N�s estivemos bem nas datas sazonais, como Black Friday e Cyber Monday, e procuramos participar dessas datas mais ativamente que nos anos anteriores. O or�amento de marketing tem acompanhado o crescimento da receita – e portanto o investimento cresce, porque o tamanho da empresa aumentou.
No �ltimo ano e meio, o Mercado Livre decidiu privilegiar crescimento em detrimento de margem. Por qu�?
Estamos num est�gio incipiente no mercado em que atuamos, tanto de marketplace, quanto de pagamento. A expectativa � que a gente seja uma empresa de alto crescimento. Por isso, a decis�o estrat�gica de come�ar a investir mais.
Recentemente, outros players de e-commerce no Brasil, como a B2W e a Amazon, anunciaram opera��es de vendas de produtos usados (C2C). Voc�s sentiram algum efeito de concorr�ncia?
Falta contexto e hist�rico dessas companhias nesse tipo de venda. Se voc� perguntar para uma pessoa que quer vender um celular usado onde elas far�o a venda, elas v�o dizer dois nomes: MercadoLivre e OLX. N�o vou vender meu telefone usado no Submarino. Com todo respeito, acho que a gente n�o vai ver nenhum impacto vindo deles.
O senhor costuma dizer que o Mercado Pago pode ser maior que o Mercado Livre. Qual � a estrat�gia para crescer fora da plataforma do marketplace?
No mundo on-line, estamos olhando para lojistas e integra��o de pagamento, que � algo que tem muito potencial. No mundo off-line, a grande plataforma � a maquininha. Teve um crescimento exponencial ao longo do ano. Sabemos que � um mercado competitivo, que a gente n�o lidera. Mas temos conseguido fazer isso crescer.
Voc�s atuam no mesmo segmento do PagSeguro, de pessoas f�sicas e PMEs?
Em termos de um uma pir�mide, o PagSeguro est� caminhando para o topo da pir�mide, para brigar com Rede, Cielo, GetNet. E a gente est� focando na base dessa pir�mide, na qual temos uma capilaridade muito grande por conta dos vendedores do marketplace. E todos os segmentos est�o crescendo, mas o maior potencial est� na base e menos no topo.
Voc�s v�o investir mais agressivamente nas maquininhas?
O PagSeguro foi muito mais agressivo ao longo do tempo. Mas, sim, vamos investir mais e o objetivo � trabalhar com lojistas, mas deixar a marca mais vis�vel tamb�m para o consumidor. Tudo isso faz parte de uma estrat�gia mais ampla de pensar o MercadoPago como uma carteira digital. Estamos procurando trabalhar nos usos de recursos para quem tem dinheiro na conta MercadoPago. Por exemplo: com seu dinheiro em conta, o vendedor pode hoje recarregar celular, transferir dinheiro para outras pessoas que tem conta no MercadoPago, pagar um boleto. N�o precisa necessariamente resgatar para o banco.
A empresa iniciou recentemente um programa de concess�o de empr�stimo para vendedores a taxas abaixo das praticadas pelo mercado. At� que ponto essa estrat�gia dialoga com a integra��o de servi�os financeiros do Mercado Pago?
As duas iniciativas conversam totalmente. Os vendedores que recebem hoje e podem ter nosso cr�dito s�o do marketplace. Mas depois poder�o ser vendedores que usam o Mercado Pago fora da plataforma, no mundo on-line, que tem a maquininha do Mercado Pago. E o empr�stimo � um neg�cio rent�vel. O resultado ainda � pequeno, nossa carteira ainda � incipiente, mas gera um resultado positivo. Temos baixo risco, emprestando por enquanto para vendedores que est�o na nossa base. Ou seja, a inadimpl�ncia � baixa.
Com o sucesso do IPO da PagSeguro, a pergunta � inevit�vel: voc�s pretendem fazer um spin-off do Mercado Pago, ou seja, constituir uma nova empresa?
Desde quanto o eBay fez o spin-off da PayPal a gente ouve essa pergunta. A diferen�a � que, quando o PayPal fez o spin-off, mais de tr�s quartos do volume de pagamento ocorria fora do eBay. No nosso caso, a maioria ainda � dentro do pr�prio Mercado Livre. O Mercado Pago ainda tem um longo caminho para crescer. Mesmo que hoje a gente tivesse tr�s quartos do pagamento fora, ainda assim ter�amos d�vida se essa estrat�gia � a melhor. H� benef�cios e sinergias em operar de forma integrada.