S�o Paulo, 26 - Consideradas durante anos como a segunda divis�o do setor el�trico, as comercializadoras de energia viraram um neg�cio bilion�rio, cobi�ado por bancos e fundos de investimentos. Essas empresas s�o o principal elo de um segmento que n�o para de crescer no Pa�s: o mercado livre de energia, ambiente que permite aos consumidores deixarem de ser atendidos por distribuidoras para escolherem de quem v�o comprar a eletricidade.
As comercializadoras fazem a intermedia��o entre geradores e consumidores, al�m de prestarem assessoria aos clientes na redu��o de custos. Com a escalada da conta de luz nos �ltimos anos e a necessidade cada vez maior de as empresas melhorarem a competitividade, esse universo de clientes aumentou e incentivou novos neg�cios. De 2015 para c� foram criadas 50 novas comercializadoras, somando 222 empresas. Para este ano h� 35 pedidos de aberturas, segundo a C�mara de Comercializa��o de Energia El�trica (CCEE).
O movimento � acompanhado de forte apetite do setor financeiro e de empresas estrangeiras. Hoje, das dez maiores comercializadoras independentes (n�o ligadas a geradores) do Pa�s, seis j� t�m algum tipo de parceria ou s�cios do setor financeiro e de empresas estrangeiras. A lista inclui BTG, que hoje est� entre as dez maiores comercializadora do Pa�s; o banco de investimento australiano Macquarie, s�cio da Nova Energia; o P�tria Investimentos, acionista da Capitale; e o Credit Suisse, que ajudou a Delta a desenvolver um fundo de investimento de R$ 1 bilh�o com ativos lastreados na venda de energia.
Uma das �ltimas investidas ocorreu em agosto passado, quando o banco Brasil Plural comprou 100% da Celler, comercializadora at� ent�o considerada pequena. Mas, desde a aquisi��o, que ainda precisa ser aprovada pelo Banco Central, a empresa saltou 20 posi��es no ranking nacional das comercializadoras independentes e est� entre as dez maiores.
"O faturamento subiu de R$ 200 milh�es para perto de R$ 1 bilh�o e o lucro l�quido triplicou", diz o co-presidente da Celer, Cristian Nogueira, respons�vel pela Mesa de Energia do Brasil Plural.
Segundo ele, trata-se de um casamento perfeito, pois os clientes s�o os mesmos do banco.
O pr�ximo passo � criar duas novas comercializadoras, sendo uma para contratos com um �nico consumidor e outra para negociar contratos de energia pr�-paga (compra-se do gerador mais barato e ganha na venda pelo valor de mercado). Os produtos financeiros ligados � energia el�trica tem tido grande apelo no mercado, especialmente por parte de fundos de investimentos e de family office.
Transparente
De olho nesse fil�o, a Delta - antiga comercializadora do mercado -, se uniu com o Credit Suisse para desenvolver um fundo de investimentos que foca, especialmente, no pr�-pagamento de energia. O fundo CSHG Delta Energia foi aberto em 21 de julho do ano passado e captou R$ 1 bilh�o.
A meta � obter um retorno de 20% a 25% ao ano com o produto. "O setor tem evolu�do muito, est� mais transparente e as regras s�o est�veis", afirma Ricardo Lisboa, s�cio do Grupo Delta Energia.
O executivo afirma que desde 2012 tem percebido o interesse de investidores por esse tipo de produto mais sofisticado. No passado, com a falta de incentivo para o crescimento do setor, houve muita especula��o nas opera��es de mercado, o que criou uma certa avers�o da ala mais conservadora do setor e at� mesmo do governo.
Em 2008, com a crise energ�tica no Pa�s, muitas comercializadoras que especulavam no setor quebraram, lembra Gustavo Machado, s�cio fundador da Nova Energia, que tem como s�cio o banco australiano Macquarie.
"Mas hoje o cen�rio � outro. A base de clientes aumentou de forma significativa e turbinou o crescimento do mercado", diz Machado. Em 2015, o mercado livre contava com 1.826 consumidores. Atualmente s�o em torno de 5 mil. Ou seja, o mercado quase triplicou no per�odo, e criou empresas bilion�rias.
No ano passado, a Nova Energia, por exemplo, faturou R$ 3 bilh�es com a compra e venda de energia. A Comerc, outra empresa tradicional do setor, faturou pr�ximo de R$ 1,8 bilh�o e j� foi sondada por investidores para poss�veis parcerias.
O presidente da empresa, Cristopher Vlavianos, afirma que o crescimento do mercado se deve especialmente � busca das empresas por custos menores de energia. "O consumidor tamb�m v� esse como um mercado de oportunidades." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Ren�e Pereira)