S�o Paulo, 05 - Com a ajuda de documentos obtidos por meio de uma a��o trabalhista, investigadores da Pol�cia Federal (PF) denunciaram que a BRF, dona das marcas Sadia e Perdig�o, adulterava resultados de an�lises relativas � presen�a de salmonela em seus produtos. O objetivo era burlar a fiscaliza��o sanit�ria e continuar exportando para destinos que t�m uma toler�ncia menor � presen�a da bact�ria na prote�na, afirmaram nesta segunda-feira, 5, em Curitiba, delegados e representantes do Minist�rio da Agricultura, durante coletiva sobre a 3� fase da Opera��o Carne Fraca, deflagrada no per�odo da manh�. A empresa foi procurada, mas ainda n�o se pronunciou sobre o assunto.
A salmonela, comum em carnes, � permitida para comercializa��o at� determinados n�veis e n�o � necessariamente � nociva � sa�de se a carne for cozida adequadamente. Por�m, 12 importadores t�m uma exig�ncia mais elevada em rela��o � presen�a da bact�ria. Estes mercados colocam isso como requisito de restri��o para a compra do produto e podem devolver os lotes, caso o n�vel n�o seja atendido. Entre os destinos, est�o a Uni�o Europeia, China, Coreia do Sul, Ar�bia Saudita, R�ssia e �frica do Sul.
A nova fase da investiga��o, intitulada Trapa�a, levou � pris�o, nesta segunda-feira, o ex-presidente da BRF, Pedro de Andrade Faria, que ficou � frente do conglomerado de 2015 a dezembro do ano passado, e o cumprimento de 90 mandados decretados pela Justi�a Federal, do Paran�. Al�m de Faria, mais 9 pessoas foram presas temporariamente. Uma pessoa deve ser presa temporariamente ainda nesta segunda-feira. Existem, ainda, 27 ordens de condu��o coercitiva.
Os policiais cumprem tamb�m 53 mandados de busca e apreens�o em unidades da BRF. H� buscas nas plantas da BRF em Carambe� (PR), Curitiba (PR), Mineiros (GO), Rio Verde (GO) - estas tr�s unidades foram suspensas pelo Minist�rio da Agricultura a exportar para os 12 pa�ses que t�m o n�vel de exig�ncia maior sobre a presen�a de salmonela. A PF promove buscas em uma f�brica da empresa em Chapec� (SC) e no escrit�rio em S�o Paulo.
A��o trabalhista
Parte das provas levantadas pela PF veio de uma a��o trabalhista de uma ex-funcion�ria da BRF e tamb�m da troca de e-mails dos executivos da empresa. O delegado da PF, Maur�cio Moscardi Grillo, disse que a empresa alterava tabelas dos resultados antes de entregar ao Minist�rio da Agricultura. Ainda de acordo com ele, posteriormente, foram encontrados ind�cios de continuidade das irregularidades. "A fraude vinha sendo perpetuada", disse.
Ele afirmou que uma ex-funcion�ria, ao sair da empresa, ajuizou uma a��o trabalhista, que serviu de prova para a investiga��o. "Ela guardava boa parte do que tinha de fazer de errado", observou.
Grillo refor�ou que os executivos da BRF tinha conhecimento das fraudes que come�avam nas granjas dos cooperados, passavam pelos frigor�ficos e chegavam at� os laborat�rios.
O coordenador geral do Departamento de Inspe��o de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Minist�rio da Agricultura, Alexandre Campos, afirmou que, em 2017, 12 pa�ses enviaram 410 notifica��es ao Brasil sobre a presen�a de salmonela em produtos importados do Pa�s.
A investiga��o � uma continua��o da a��o deflagrada pela Pol�cia Federal em 17 de mar�o de 2017 que investigou esquemas de corrup��o relacionando frigor�ficos e a fiscaliza��o agropecu�ria.
Na �poca, 21 plantas perderam a permiss�o para exportar e mais de 70 destinos bloquearam as exporta��es do Brasil. Apenas uma semana ap�s a deflagra��o da opera��o, o setor de carnes calculou perdas de cerca de US$ 130 milh�es. "Devemos receber novos questionamentos de importadores e o Minist�rio (Agricultura) est� pronto para responder", garantiu Campos.
(Camila Turtelli, Karin Sato e Nayara Figueiredo)