Bras�lia, 18 - A cobran�a da bagagem nas viagens a�reas ainda n�o trouxe benef�cio claro aos passageiros. Das dez rotas mais movimentadas do Brasil, seis tiveram aumento ou estabilidade no pre�o m�dio pago pelos consumidores e quatro ficaram mais baratas nos primeiros meses da regra.
Embora as companhias defendessem que a mudan�a resultaria na queda do pre�o da passagem, agora argumentam que a bagagem � s� um fator sobre o pre�o e outros aspectos - como combust�vel, oferta e demanda - s�o mais relevantes.
O fim da franquia gratuita da bagagem entrou em vigor depois de rea��es negativas dos consumidores e decis�es contr�rias da Justi�a. Ap�s disputa jur�dica, os primeiros passageiros sem franquia de bagagem voaram em meados de 2017 e, desde setembro, as quatro maiores empresas - Avianca, Azul, Gol e Latam - praticam a pol�tica.
O pre�o das passagens nas principais rotas dom�sticas, desde ent�o, n�o seguiu tend�ncia �nica na compara��o com igual per�odo de 2016. Dados da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) mostram que, entre as dez rotas, tr�s tiveram alta expressiva do pre�o e quatro ficaram bem pr�ximas da infla��o.
A ida e volta entre Guarulhos e Curitiba teve o maior aumento: 31,2% em novembro ante um ano antes. Longe da pol�mica das bagagens, a alta pode ter rela��o com a menor disponibilidade de voos: o volume de assentos vendidos caiu mais de 40%. Com isso, a demanda entre Congonhas e a capital paranaense cresceu e as passagens acabaram ficando cerca de 20% mais caras com aumento de 10% no n�mero de passagens vendidas.
Os dados da Anac tamb�m mostram que tr�s rotas tiveram oscila��o pr�xima da infla��o. Entre elas est� o trecho mais movimentado das Am�ricas: a ponte a�rea entre Congonhas e Santos Dumont, cujo pre�o de novembro subiu 1,8% ante 2016. Em outubro, a oscila��o foi para baixo: queda de 1,5%.
Entre os trechos que ficaram mais baratos, a caracter�stica comum � o maior n�mero de assentos vendidos. A redu��o de pre�o mais evidente ocorreu entre Congonhas e Porto Alegre, cujo bilhete m�dio recuou 23,7%. O pre�o pode ter rela��o com maior oferta de voos na rota: o n�mero de passagens praticamente dobrou na Latam e cresceu quase 40% na Gol. Outras rotas com queda foram as de Guarulhos a Salvador e Recife. Com perfil mais tur�stico, essas passagens ficaram, em m�dia, 10% mais baratas.
Custos. O presidente da Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), Eduardo Sanovicz, explica que a oscila��o dos pre�os se deve a v�rios fatores, sendo que a bagagem e s� um deles. "A querosene de avia��o subiu 30%. E h� movimentos distintos de demanda e concorr�ncia (nas rotas)."
Dados da Abear indicam que o combust�vel � o maior custo e representa 26% do que a a�rea gasta. Em seguida v�m aluguel e manuten��o dos avi�es (22%), tripula��o (11%) e outras despesas operacionais (11%). N�o h� c�lculo sobre as bagagens.
Questionado sobre a promessa de que seria poss�vel reduzir a passagem com a bagagem paga, Sanovicz diz que a medida � importante para que as empresas j� estabelecidas se preparem para a prov�vel chegada de empresas de baixo custo, como ocorre na Argentina. "Aqui na esquina est�o chegando duas ou tr�s empresas que fazem isso. Temos de nos preparar para a disputa com toda a flexibilidade que a eventual concorrente tenha."
Para ele, a bagagem faz parte de uma tend�ncia de desregulamenta��o do setor, movimento que resultar� na queda dos pre�os. "� poss�vel baratear as passagens? �. Isso acontecer� � medida que o ambiente regulat�rio for mais alinhado ao que acontece no resto do mundo."
A Anac diz em nota que a avalia��o do impacto da nova pol�tica � "prematura e pode induzir a conclus�es precipitadas". Alega ser preciso analisar uma s�rie mais longa, mas que os benef�cios aparecer�o. "Os ganhos de efici�ncia e bem-estar social devem se consolidar com mais tempo." As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Fernando Nakagawa)