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Estado de Minas

Brasileiros devem continuar optando por gen�ricos nas farm�cias

Alheio � crise dos �ltimos anos, o setor v� os consumidores receosos e sem disposi��o para deixar os gen�ricos e voltar ao medicamento de refer�ncia


postado em 16/05/2018 12:00 / atualizado em 16/05/2018 07:54

Patriciana Queiróz, da Pague Menos, diz que esforço concentrado da empresa melhorou margem de lucro(foto: Divulgação)
Patriciana Queir�z, da Pague Menos, diz que esfor�o concentrado da empresa melhorou margem de lucro (foto: Divulga��o)


S�o Paulo – Na contram�o da maioria dos setores da economia brasileira, as vendas das farm�cias passaram quase ilesas pela recess�o dos �ltimos anos. Dados da Associa��o Brasileira de Redes de Farm�cias e Drogarias (Abrafarma) mostram indicadores positivos de 2013 a 2017 nas vendas gerais, de medicamentos, de n�o medicamentos, de gen�ricos (em valores) e em n�mero de unidades.

Da mesma forma, aumentou a quantidade de lojas. Em 2013, eram 5.085. No ano passado, foram registradas pela entidade 7.240. Mas quando se leva em considera��o todo o universo farmac�utico, incluindo as pequenas redes e unidades independentes, o n�mero � muito maior. O pa�s tem cerca de 77 mil farm�cias.

Apesar do bom desempenho, e a despeito, neste ano, de proje��es do governo e de analistas de bancos e corretoras que indicam crescimento maior da economia, a expectativa n�o � de aumento de vendas em compara��o a 2017. Segundo S�rgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, a previs�o de aumento de 12% a 13% em 2018 j� foi revista e deve ficar em cerca de 9%, mesma alta registrada no ano passado em compara��o a 2016.

Em boa parte, isso deve ocorrer porque os brasileiros, que durante a crise trocaram os medicamentos de refer�ncia pelos gen�ricos, n�o fizeram o movimento de retorno. Ou seja, continuam a consumir os rem�dios que s�o de 40% a 70% mais baratos. “A confian�a do consumidor n�o est� t�o plenamente recuperada como se imaginava. � um comportamento parecido com o que se v� no com�rcio de uma forma geral. Em parte, isso pode refletir certo temor em rela��o ao cen�rio eleitoral”, avalia Mena Barreto.

Al�m da falta de confian�a por parte do consumidor, outros dois assuntos t�m feito com que as grandes redes fiquem particularmente atentas em 2018. Um deles � a possibilidade de aprova��o de um projeto de lei que permite a venda de medicamentos sem controle, como Aspirina e Sal de Fruta, por supermercados e com�rcios do g�nero, sem a necessidade de um farmac�utico.

 

 

 

O assunto � antigo, mas voltou a ser discutido recentemente, durante viagem do presidente Michel Temer a S�o Paulo, com representantes do setor varejista. Temer prometeu se empenhar na aprova��o do PL desde que os supermercados oferecessem, como contrapartida, a contrata��o de filhos de fam�lias beneficiadas pelo programa Bolsa-Fam�lia.

A rea��o da Abrafarma foi imediata. Na ter�a-feira passada, Mena Barreto teve encontro com Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, para mostrar quais impactos esse PL poderia ter. Os supermercados, segundo ele, prometem vender rem�dios at� 30% mais baratos do que as farm�cias.

No entanto, segundo levantamento feito pela Abrafarma, de um total de 4 mil itens oferecidos nas g�ndolas, 56% custam mais nos supermercados do que nas farm�cias. “Essa proposta � esdr�xula. Como eles prometem um pre�o menor em rem�dio se j� n�o conseguem fazer isso com outros itens, como absorventes, xampus?”, questiona o executivo da Abrafarma.

A mesma planilha foi encaminhada ao Minist�rio da Sa�de, mas ainda n�o h� uma resposta. Para Mena Barreto, o PL n�o deve permitir a venda de medicamentos em supermercados e pequenos com�rcios sem a presen�a de um farmac�utico, diferentemente do que � exigido das farm�cias.

Farm�cia popular

Outro problema para o setor � a decis�o do governo de diminuir o valor de repasse para os medicamentos que fazem parte do Programa Farm�cia Popular. A nova tabela passou a valer neste m�s, por isso Mena Barreto acha que ainda � dif�cil saber que impacto ter� na receita. “No caso da insulina, o governo quer pagar R$ 20 e o custo para a farm�cia � de R$ 29. Ou seja, a conta n�o fecha. Mas ainda estamos aguardando para ver o que deve ocorrer”, diz. Esse programa responde por 2% do faturamento do setor.

A vice-presidente comercial da rede Pague Menos, hoje com 1.100 lojas em todos os estados, Patriciana Queir�s acredita que a medida do governo n�o dever� ter um impacto significativo na receita das farm�cias, mas vai penalizar o consumidor. “Sem acesso a medicamentos de extrema necessidade, ele n�o ter� a quem recorrer”, alerta.

A executiva da Pague Menos conta que a companhia tem atuado em v�rias frentes para melhorar os resultados – tanto a margem de lucro quanto as vendas. Por exemplo, vem ampliando as parcerias com grandes ind�strias, como Coca-Cola, Unilever e Nestl�, para aumentar a oferta de produtos nos pontos de venda e ir muito al�m da venda de rem�dio para dor de cabe�a. A rede j� implantou em 800 unidades um servi�o especial para os clientes, com orienta��o profissional sobre perda de peso e tabagismo, e controles de sa�de, como a medi��o da press�o arterial.

“Esse setor ser� cada vez mais dominado por aqueles que se profissionalizarem, que investirem em uma estrutura pesada de tecnologia para entender melhor quais s�o as necessidades dos clientes e oferecerem produtos e servi�os sob medida”, avalia Patriciana. Para este ano, a vice-presidente da Pague Menos projeta crescimento entre 8% e 10% nas vendas. Eug�nio De Zagottis, vice-presidente de Planejamento e RI da RD, da qual fazem parte as bandeiras Droga Raia e Drogasil, diz que em boa medida o compartilhamento de compet�ncias complementares entre as duas marcas foi decisivo no momento mais dif�cil da economia.

“Fizemos um upgrade, preservando todas as funcionalidades a serem compartilhadas entre as duas redes. Isso se tornou uma das nossas maiores vantagens competitivas para os anos seguintes. A outra vantagem competitiva foi o investimento em pessoas qualificadas e motivadas. Al�m disso, apostamos em formatos diferenciados, com conceitos avan�ados de gest�o de categorias. Revisamos toda a segmenta��o de lojas, de forma a otimizar o sortimento e a precifica��o de cada unidade ao perfil dos clientes e ao ambiente competitivo”, detalha o executivo. A companhia tem 1.650 unidades e est� presente em 22 estados.

Outra aposta da RD foi focar o neg�cio na venda de sa�de e bem-estar. Uma forma de melhorar esse conceito, que tem sido adotado por outras redes, � com a cria��o de espa�os para o oferecimento e aplica��o de vacinas. Em 2017, foram abertas 210 unidades e a proje��o para 2018 e 2019 � que sejam inauguradas mais 240 unidades por ano.

 


Setor ter� dificuldades

 



Entrevista: Eug�nio De Zagottis diretor de planejamento corporativo e rela��es com investidores da Raia Drogasil



Eugênio Zagotti diz que as redes que vai ter empresa tendo de cortar estoque(foto: Divulgação)
Eug�nio Zagotti diz que as redes que vai ter empresa tendo de cortar estoque (foto: Divulga��o)
Uma das empresas mais bem avaliadas da Bolsa, a Raia Drogasil viu suas a��es despencarem 35% neste ano – de R$ 92 para R$ 60 – depois de uma desacelera��o nas vendas colocar em xeque a tese de resili�ncia da demanda. Al�m dos resultados mornos no fim do ano, as vendas das lojas com mais de um ano de opera��o cresceram 2,7% no primeiro trimestre.
J� os neg�cios das lojas consideradas maduras, abertas h� mais de tr�s anos, recuaram 1%, na primeira queda trimestral da hist�ria da companhia. De acordo com o IMS Health, empresa que presta servi�os de consultoria em marketing farmac�utico, as vendas do setor avan�aram 5,6% no per�odo.
A mudan�a de rota levou o mercado a se questionar sobre a abertura agressiva de lojas, num modelo que poderia levar a uma “canibaliza��o”. Quer dizer, se as novas lojas n�o estariam roubando vendas de estabelecimentos j� consolidados, muitas vezes localizadas a pouco quil�metros de dist�ncia.
Eug�nio De Zagottis, diretor de planejamento corporativo e rela��es com investidores da Raia Drogasil, debita a perda de f�lego das vendas na conta da desacelera��o do mercado farmac�utico, que prosperou na crise, mas agora, com a retomada da economia, est� competindo com outros setores, como o de bens dur�veis e de consumo discricion�rio. Ele conversou com os Di�rios Associados.

 

 

"Vai ter gente cortando estoque, gente em recupera��o judicial, rede que cresce mal e vai ter de segurar  o crescimento "

 

 

As novas lojas abertas est�o canibalizando as vendas de lojas mais antigas?
� �bvio que existe canibaliza��o, mas isso n�o � relevante. Vou chutar um n�mero. Vamos dizer que eu tenha 2% de canibaliza��o. Quer dizer que, se eu n�o crescesse, minha venda de loja madura seria 2% melhor. � �bvio que, se eu parar de crescer, a loja madura vai vender mais. Mas n�o � isso que faz a gente estar em uma infla��o de 3% e ter crescido 0,4%, ajustado a calend�rio, no primeiro trimestre.

A que fator o sr. atribui a desacelera��o nas vendas?
Talvez tenhamos sido de longe a melhor empresa num momento em que houve contra��o da economia. Mas quando a economia expande, voc� v� um ciclo reverso. A gente tem uma caracter�stica contrac�clica. Quando a economia est� ruim, o cliente n�o est� gastando dinheiro em bens dur�veis e consumo discricion�rio, mas est� gastando no essencial. Nessa economia em ritmo de retomada, veja a Renner ou a Magazine Luiza. Hoje eu tenho uma competi��o pelo bolso com todos esses competidores.

O consumidor deixa de comprar rem�dio para comprar bens dur�veis? Ou essa competi��o � por outras categorias, como higiene e perfumaria?
Cerca de 45% do que a gente vende n�o � medicamento de prescri��o. � HPC (higiene e perfumaria) e OTC (medicamentos sem prescri��o). HPC tem sido das categorias mais duras para n�s. Prescri��o est� bem. Na classe C, �s vezes a pessoa entra em uma loja, compra uma TV em oito parcelas, pega o cart�o de cr�dito emprestado sei l� de quem e v� depois se tem renda. O mercado como um todo deu uma barrigada.

Com o mercado todo sofrendo, vai haver espa�o para consolida��o?
Veremos rede m�dia apertada, alguns endividados que tiveram um al�vio com a taxa de juros caindo e que agora v�o ter de voltar a apertar o cinto. Vai ter gente cortando estoque, gente em recupera��o judicial, rede que cresce mal e vai ter de segurar o crescimento. Isso nos d� uma boa perspectiva: vamos ganhar participa��o de mercado e nossa posi��o competitiva vai se fortalecer.

O desempenho da empresa n�o � um incentivo para cada vez mais concorrentes entrarem no mercado?
Eu ou�o essa hist�ria h� anos. Ouvi quando os supermercados entraram no neg�cio de farm�cias em 2000, e hoje as farm�cias dos supermercados est�o todas largadas. Ouvi essa mesma hist�ria quanto a Casa Saba veio do M�xico para c�, quando a Fasa do Chile veio para c�, quando a CVS comprou a Onofre, quando a Extrafarma entrou. Diga-me qual novo entrante teve sucesso nesse neg�cio. N�o tem.

 

 


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