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Estado de Minas

Setor produtivo sofre com paralisa��o dos caminhoneiros

De ind�strias ao com�rcio, passando por prestadores de servi�o, todos sentem o impacto da greve dos caminhoneiros em um pa�s em que 80% do transporte � por meio de rodovias


postado em 25/05/2018 12:00 / atualizado em 25/05/2018 10:17

Montadoras de veículos estão parando a produção por falta de peças com o bloqueio das estradas e também deixam de exportar(foto: Sidnei Lopes/Divulgação)
Montadoras de ve�culos est�o parando a produ��o por falta de pe�as com o bloqueio das estradas e tamb�m deixam de exportar (foto: Sidnei Lopes/Divulga��o)

S�o Paulo – A greve dos caminhoneiros como protesto contra as altas sucessivas do diesel causou um efeito-cascata no setor produtivo. Como efeito, os consumidores come�aram a ver prateleiras de supermercados com poucos produtos ou vazias. Em alguns casos, a alternativa para evitar o desabastecimento foi limitar a venda de produtos a cinco unidades por cliente.

Foi, por exemplo, a decis�o do Carrefour. A medida n�o afetou todos os pontos de venda, mas a empresa n�o divulga qual � a sua abrang�ncia. Minas Gerais e Distrito Federal est�o entre as pra�as impactadas. Segundo a Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras), j� h� problemas de desabastecimento de alimentos em alguns estados. O drama, segundo a entidade, poder� atingir todo o pa�s nos pr�ximos dias se a paralisa��o continuar.

No Brasil, 80% das cargas s�o escoadas por rodovias. A alta depend�ncia do modal explica o efeito certeiro da greve dos caminhoneiros.

"Os danos ao sistema produtivo s�o graves e demandar�o semanas at� que se restabele�a o ritmo normal em algumas unidades produtoras"

Trecho de Nota da ABPA


A Associa��o Nacional dos Fabricantes de Ve�culos Automotores (Anfavea) informou ontem, que, a partir de amanh�, todas as linhas de produ��o instaladas no Brasil estar�o paradas, em raz�o da greve de caminhoneiros. “A greve afetar� significativamente nossos resultados tanto para as vendas, quanto para a fabrica��o e exporta��o”, diz nota enviada pela associa��o � imprensa.  No m�s passado, segundo a Anfavea, a m�dia di�ria de produ��o foi de 12,6 mil unidades. Ainda de acordo com a associa��o, a ind�stria automobil�stica “gera de impostos mais de R$ 250 milh�es por dia e, por isso, esta paralisa��o gerar� forte impacto na arrecada��o do pa�s”.

Antes do an�ncio oficial, a Nissan informou que na f�brica em Resende (RJ) a paralisa��o comprometeu o abastecimento de pe�as e a companhia diz que est� em busca de alternativas que minimizem o impacto na produ��o. Da mesma forma, a General Motors informa que o movimento dos caminhoneiros vem impactando o fluxo log�stico em suas f�bricas e j� h� reflexos nas exporta��es da companhia. Sem componentes, algumas linhas de produ��o come�am a ser paralisadas e h� problemas tamb�m na distribui��o de ve�culos � rede de concession�rias.

Mas h� casos de montadoras que tiveram de suspender a fabrica��o de ve�culos desde ontem. � o caso da Ford, que interrompeu a produ��o nas f�bricas de Cama�ari (BA), S�o Bernardo do Campo e Taubat� (SP). A mesma medida foi tomada pelo comando da Fiat, que parou por completo a montagem de ve�culos nas unidades de Betim (MG) e Goiana (PE) por causa da falta de pe�as. Com isso, a montadora deixa de colocar na pra�a cerca de 2 mil ve�culos por dia.

Perdas

Nem a pr�pria Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) arrisca calcular o tamanho do preju�zo causado pela manifesta��o dos caminhoneiros. Por meio de nota, a entidade com maior representatividade no pa�s informa acompanhar com preocupa��o o impacto do protesto, que “prejudica a opera��o das ind�strias, aumenta os custos, penaliza a popula��o e tem efeitos danosos sobre a economia, que enfrenta dificuldades para se recuperar da crise recente”. Ainda segundo a nota da confedera��o, “a expectativa da ind�stria � que o acordo privilegie o equil�brio, e que os interesses de grupos n�o se sobreponham aos dos demais setores da sociedade ou onerem ainda mais os custos de produ��o. A greve j� est� afetando a produ��o e a distribui��o de bens.”

O fato � que o impacto passa pelos mais diferentes segmentos da economia e atinge desde aqueles que v�o ao supermercado e notam a falta de produtos ou a alta de pre�o de hortifr�tis, passando pelos hospitais que est�o com dificuldades para manter os estoques de medicamento e oxig�nio, at� os importadores de produtos brasileiros.

J� h� problemas de abastecimento tamb�m nas prateleiras das farm�cias, segundo a Abrafarma, entidade que re�ne as maiores redes do pa�s. Segundo a associa��o, um dos problemas mais graves � na categoria de medicamentos termol�beis, que devem ser mantidos refrigerados e necessitam de temperatura est�vel at� o seu destino final. Com os caminh�es travados nas estradas, isso se torna imposs�vel.

Na quarta-feira, alguns ve�culos que transportavam medicamentos dos distribuidores e centros de distribui��o at� os pontos de venda foram apedrejados e motoristas foram agredidos. “Se levarmos em conta somente as maiores redes do pa�s, afiliadas � Abrafarma e que cobrem 90% do territ�rio brasileiro, mais de 6,3 milh�es de unidades t�m deixado de ser entregues diariamente. S�o 2,4 milh�es de consumidores que veem seu atendimento comprometido”, diz o presidente da entidade, S�rgio Mena Barreto.

Sem carne e leite

 Entre os setores mais afetados est� o do agroneg�cio, em particular a cadeia de aves, su�nos e latic�nios. Segundo a Associa��o Brasileira das Ind�strias Exportadoras de Carne (ABIEC) e a Associa��o Brasileira de Prote�na Animal (ABPA), que representam cerca de 170 empresas e cooperativas da cadeia produtiva e exportadora de prote�na animal em atividade no Brasil, est�o paradas 120 plantas frigor�ficas das empresas associadas de carnes bovina, su�na e de aves. Com isso, a previs�o das entidades � que at� hoje mais de 90% da produ��o de prote�na animal seja interrompida se a situa��o n�o se normalizar. Com isso, seriam 208 f�bricas de diversos portes paralisadas no pa�s.

Com os caminh�es parados nas estradas, h� casos, segundo a ABPA, de animais que est�o h� pelo menos 50 horas sem alimenta��o. A entrega de ra��o tamb�m est� comprometida por causa da greve, o que impede que os criat�rios instalados em pequenas propriedades dos polos de produ��o recebam as cargas e alimentem os animais. “A situa��o nas granjas produtoras � grav�ssima, com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais”, informa a associa��o por meio de nota. Ao todo, 175 mil trabalhadores do setor est�o de bra�os cruzados em todo o pa�s. “Os danos ao sistema produtivo s�o graves e demandar�o semanas at� que se restabele�a o ritmo normal em algumas unidades produtoras”, avalia a ABPA.

 

Com os bloqueios nas rodovias, que impedem o acesso dos insumos usados na produ��o e o escoamento de alimentos, o setor deixou de exportar 25 mil toneladas de carne de frango e su�nos – uma receita n�o gerada de US$ 60 milh�es. No caso da carne bovina, deixam de ser embarcados 1.200 cont�ineres por dia. A ABPA trabalha com o risco de desabastecimento de prote�na animal por causa da greve dos caminhoneiros. O setor emprega cerca de 7 milh�es de pessoas e produz em torno de 25 milh�es de toneladas de alimento/ano.

O quadro � semelhante no setor de leite, que tem dificuldades para escoar a produ��o. Sem poder receber mat�rias-primas e entregar seus produtos, a Nestl� est� operando abaixo da sua capacidade em algumas das 31 unidades que tem no pa�s. A empresa, no entanto, n�o confirma o tamanho do impacto na produ��o.

Para os postos de combust�vel, a crise desencadeada pelos caminhoneiros se tornou um problema, j� que n�o h� produto em muitas bombas e novas cargas n�o conseguem ser entregues por causa da greve. Segundo a Associa��o Nacional das Distribuidoras de Combust�veis, Lubrificantes, Log�stica e Conveni�ncia (Plural), a entidade tem um grupo que est� acompanhando o gerenciamento de crises da Casa Civil e com a Ag�ncia Nacional do Petr�leo. “H� produto e caminh�es para entrega. A Associa��o trabalha com as autoridades competentes para interlocu��o junto aos manifestantes, visando o abastecimento de servi�os essenciais, tais como aeroportos, barcas, �nibus, hospitais, pol�cia e bombeiros, entre outros”, informa.

Nos aeroportos, segundo a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac), h� problemas de escassez de combust�vel. Apesar disso, por enquanto os cancelamentos de voo s�o pontuais. A ag�ncia informa acompanhar em tempo real o abastecimento dos aeroportos e os impactos nas opera��es. A greve afeta tamb�m o com�rcio eletr�nico. No site da Riachuelo, por exemplo, uma tarja vermelha alerta os clientes: “Devido � greve dos caminhoneiros o seu pedido poder� chegar com atraso. Lamentamos o ocorrido.”

Petrobras derrete na Bolsa e perde R$ 47 bilh�es em valor


Ações da empresa caíram até 14,55% apenas ontem na Bolsa de Valores na maior baixa desde maio do ano passado(foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)
A��es da empresa ca�ram at� 14,55% apenas ontem na Bolsa de Valores na maior baixa desde maio do ano passado (foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)

A queda de bra�o entre caminhoneiros e Petrobras fez com que a companhia brasileira tivesse suas a��es em trajet�ria de baixa nos �ltimos dias. Os pap�is t�m perdido valor desde o in�cio da greve. O desempenho piorou com a decis�o da estatal de reduzir em 10% e congelar por 15 dias o pre�o do diesel.

O comportamento das duas a��es da Petrobras (queda de 13,71% nas PN, as prefer�ncias, e 14,55% nas ON, as ordin�rias) no preg�o de ontem foi o pior desde maio do ano passado, quando se tornou p�blico o esc�ndalo envolvendo os donos da JBS, o que mostra o tamanho da desconfian�a em torno do futuro da companhia, na vis�o dos investidores. Com isso, em apenas um dia, a Petrobras perdeu R$ 47 bilh�es de valor de mercado, segundo dados da consultoria Econom�tica. Com o trope�o, a petroleira perdeu o posto de maior empresa em valor de mercado na bolsa paulista, sendo atropelada pela Ambev.

Supera��o dos n�meros e da imagem, adotando uma s�rie de pol�ticas de transpar�ncia, al�m de enxugar sua opera��o com a venda de ativos. Longe da pol�tica intervencionista no pre�o dos derivados do petr�leo, a Petrobras come�ou a praticar o valor de mercado, alicer�ado na cota��o internacional do barril de petr�leo e na varia��o do d�lar. Foi justamente esse o estopim para que os caminhoneiros decidissem cruzar os bra�os para pressionar o governo e a estatal a reverem essa pol�tica de reajustes. Com a crise de agora, o governo voltou a intervir na pol�tica de pre�os da companhia e interrompeu a sua trajet�ria de independ�ncia.

Jo�o Luiz Zu�eda, s�cio da consultoria Maxiquim, lembra que os caminhoneiros j� usaram a estrat�gia de pressionar a companhia e o governo por meio de paralisa��es. Neste caso, avalia o especialista, mais uma vez se optou pelo que ele chama de “remendo de curto prazo”. “� apenas uma solu��o tamp�o, s� serve para agora. A situa��o s� vai come�ar a melhorar quando a Petrobras vender suas opera��es de refino, no Nordeste e no Sul, e assim aumentar a competi��o nesse setor”, analisa Zu�eda


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