Rio, 25 - O economista-chefe do Ita� Unibanco e ex-diretor de pol�tica econ�mica do Banco Central, Mario Mesquita, defendeu a autonomia da autoridade monet�ria, a redu��o das taxas de compuls�rios e da meta de infla��o para n�veis mais pr�ximos de outros pa�ses, que t�m referenciais entre 2% e 3%, enquanto o Brasil est� em 4% para 2020. "A manuten��o da meta em patamar elevado s� tem gerado infla��o tamb�m elevada", disse ele durante o XX Semin�rio de Metas para a Infla��o, promovido pelo BC no Rio nesta sexta-feira.
"Metas elevadas t�m contribu�do para aumentar a incerteza inflacion�ria e o risco macroecon�mico, deprimindo, ao inv�s de animar, a inten��o de investir", disse ele. Mesquita ressaltou que o Brasil tem problemas fiscais, mas estes precisam ser resolvidos pelo Congresso e pelas autoridades fiscais e n�o com a aceita��o de infla��o mais alta.
"Mesmo com as redu��es das metas anunciadas desde 2016, a meta de 4% para 2020 segue mais elevada que a perseguida pelas economias maduras e mesmo emergentes", disse Mesquita, citando que no Chile e M�xico o referencial � de 3% e no Peru, de 2%. "� melhor ficar com infla��o acima de uma meta ambiciosa do que de uma meta pouco ambiciosa, o que infelizmente tem sido nosso hist�rico."
Mesquita ressaltou que, desde 2016, a rela��o do BC com o governo e a equipe econ�mica tem sido "harmoniosa", o que, pelo lado negativo, coloca o tema da independ�ncia da autoridade monet�ria para segundo plano. Para ele, seria importante usar essa "janela de oportunidade" para justamente tentar aprovar essa medida. "O Brasil segue destoando da maioria dos pa�ses que possuem meta de infla��o por n�o ter autonomia 'de jure'. J� passou a hora de avan�ar nessa �rea".
O ex-diretor do BC disse que o BC tem repelido press�es e mantido a pol�tica monet�ria voltada para manter a infla��o dentro da meta. O corte de juros desde 2016, disse ele, ocorreu de forma "sustent�vel" e vem contribuindo para a retomada da atividade sem ocasionar desancoragem das expectativas de infla��o.
Mesquita ficou no cargo de diretor do BC entre 2007 e 2010 e disse que o per�odo foi marcado por v�rias crises, principalmente a financeira mundial de 2008. Depois da quebra do banco Lehman Brothers, Mesquita ressaltou que houve forte redu��o da liquidez internacional, aumento da avers�o ao risco e deprecia��o do real.
"Cabia ao BC prover liquidez em d�lar e real ao mercado", contou ao falar de sua experi�ncia no BC. Vender reservas internacionais e buscar outras solu��es, como o acordo de US$ 30 bilh�es em swap de moedas com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
O resultado das pol�tica adotadas pelo governo foi a retomada da economia em ritmo forte, com expans�o acelerada do cr�dito, sobretudo para pessoa f�sica, observou Mesquita. Para ele, um fator positivo importante foi que a economia da China, compradora de commodities do Brasil, estava ganhando f�lego naquele momento.
Mesquita participou de um painel do semin�rio do BC que reuniu seis ex-diretores de pol�tica econ�mica para falar dos 20 anos do regime de metas de infla��o no Brasil.
(Altamiro Silva J�nior e Vinicius Neder)