Nos primeiros 50 dias da pr�-campanha presidencial, a maioria dos postulantes ao Planalto privilegia encontros pol�ticos e eventos organizados por empres�rios em suas agendas de viagens pelo Pa�s. Diante de um cen�rio ainda incerto sobre a viabilidade das candidaturas e da escassez de recursos para custear longas caravanas, os presidenci�veis, por enquanto, t�m pautado seus roteiros de acordo com convites corporativos que recebem dos mais diversos setores da economia para debater o Brasil.
Levantamento feito pelo Estado com base nas agendas oficiais de cada um mostra que esse tem sido o roteiro de Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB), Rodrigo Maia (DEM), Alvaro Dias (Podemos), Fl�vio Rocha (PRB), Jo�o Amo�do (Novo) e Ciro Gomes (PDT), o �nico representante de um partido de centro-esquerda nessa lista. A vantagem � que esse tipo de evento permite ao pr�-candidato expor suas propostas e, ao mesmo tempo, receber as demandas de cada setor.
Da lista dos mais bem colocados nas pesquisas de inten��o de voto, Jair Bolsonaro (PSL), avesso a sabatinas ou debates, e Marina Silva (Rede) s�o as exce��es. Em suas viagens, o parlamentar opta por participar de encontros menores - organizados por simpatizantes e, mais recentemente, tamb�m por empres�rios e representantes do mercado financeiro - e por atender seu eleitorado ao prestigiar cerim�nias militares e eventos ligados ao agroneg�cio, onde tem aumentado sua influ�ncia.
J� a ex-ministra mescla sua presen�a em eventos promovidos por empres�rios e por setores como universidades, cooperativas e comunidades religiosas, em roteiros semelhantes aos cumpridos por Manuela D��vila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL). Pelas caracter�sticas de suas pr�-candidaturas - situadas no campo da esquerda -, tanto Manuela como Boulos privilegiam tamb�m rodas de conversa e encontros com representantes de movimentos sociais.
Desde 7 de abril, data-limite para filia��o partid�ria, que marca o in�cio da pr�-campanha, os presidenci�veis mais citados nas pesquisas j� participaram de 250 compromissos. Juntos, rodaram 24 Estados e o Distrito Federal - s� Tocantins e Rond�nia ficaram de fora. Sul e Sudeste foram as regi�es mais contempladas.
Na avalia��o do cientista pol�tico Felipe Borba, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), � esperado que os pr�-candidatos priorizem eventos corporativos nesta fase, para evitar uma "campanha corpo a corpo" que pare�a propaganda antecipada. Os encontros com setores do empresariado ainda ajudam a fortalecer e dar credibilidade ao projeto pol�tico de cada um.
"Eles precisam de exposi��o e uma agenda muito intensa para ter o nome conhecido", disse Borba, ressaltando que, neste ano, o hor�rio eleitoral em r�dio e televis�o ter� apenas 35 dias - dez a menos que em 2014.
Com a pulveriza��o de pr�-candidaturas nesta elei��o e a disputa por d�cimos porcentuais nas pesquisas de inten��o de voto, quem se movimenta mais tem mais chance de assegurar a candidatura ou ao menos uma vaga de vice. � no que apostam, por exemplo, Fl�vio Rocha e Alvaro Dias.
"Minha candidatura tem menor visibilidade, ent�o, preciso viajar mais para atingir um n�mero maior de pessoas. Tanto que definimos agenda tamb�m em fun��o do alcance do evento proposto", afirmou o pr�-candidato do Podemos.
Nordeste. Qualificado como reduto petista, o Nordeste foi o terceiro destino mais procurado pelos pr�-candidatos. Dona de 38,8 milh�es de eleitores, ou 26,5% do total, a regi�o j� foi visitada ao menos uma vez pelos principais presidenci�veis. Henrique Meirelles esteve ontem pela primeira vez na regi�o, para participar de um evento da Assembleia de Deus em Natal.
Diante do prov�vel veto da Justi�a � candidatura do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, condenado e preso pela Opera��o Lava Jato, o eleitor nordestino come�a aos poucos a ser mais cortejado pelos presidenci�veis, de direita ou esquerda.
Neste m�s, Bolsonaro, por exemplo, visitou Natal e Salvador em um intervalo de uma semana. Boulos passou por Aracaju, Macei� e Recife em tr�s dias, e Fl�vio Rocha j� foi a Salvador, Jo�o Pessoa, Teresina e Fortaleza desde o dia 3.
�nico postulante ao Planalto que acumula o cargo de presidente nacional de seu partido, Alckmin j� esteve em S�o Luis e Teresina, mas tem priorizado mesmo, em fun��o dos compromissos pol�ticos, a capital do Pa�s. O tucano esteve em Bras�lia sete vezes desde que deixou o cargo de governador de S�o Paulo, em 6 de abril, e iniciou sua pr�-campanha.
Al�m de aceitar convites para eventos corporativos, Alckmin dedica parte de sua agenda a encontros partid�rios e � "escala��o" de especialistas renomados para respaldarem suas propostas de governo. Coordenador-geral da campanha de Alckmin, Luiz Felipe d��vila afirmou que os eventos de lan�amento dos integrantes do plano ajudam a "ocupar" espa�o no notici�rio pol�tico, al�m de combater "fofocas" nesta fase de pr�-campanha, em que � proibido pedir votos.
(Adriana Ferraz, Ana Neira e Paulo Beraldo)