Rio de Janeiro, 29 - Ainda tentando se recuperar do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros, o Brasil passa a conviver a partir desta quarta-feira, 30, com o movimento grevista dos petroleiros, que est�o divididos em duas federa��es. Uma das federa��es, a Federa��o �nica dos Petroleiros (FUP), que congrega 14 sindicatos, anunciou greve de advert�ncia por 72 horas, enquanto a Federa��o Nacional do Petroleiros (FNP), que re�ne cinco sindicatos, convocou paralisa��o por tempo indeterminado.
Devido a uma derrota na justi�a em uma greve realizada em 1991, os petroleiros s�o obrigados a manter pelo menos 30% da produ��o. Para tentar barrar a greve, o governo, atrav�s da Advocacia Geral da Uni�o (AGU) e da Petrobras, tentam no Tribunal Superior do Trabalho (TST) uma liminar para impedir a paralisa��o. As greves de petroleiros podem afetar a produ��o da Petrobras, mas geralmente n�o interrompem o abastecimento por conta dos estoques das distribuidoras. Segundo uma fonte de uma grande empresa do setor, por causa da greve dos caminhoneiros as distribuidoras est�o com os estoques lotados, e, portanto, dever�o atravessar a greve dos petroleiros sem problemas.
Na greve de 1995, a maior realizada pela categoria, feita durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a parada dos trabalhadores durou 32 dias e impactou o abastecimento do Pa�s, apesar do TST ter considerado o movimento abusivo no seu s�timo dia. Entre os petroleiros, a informa��o � de que se passar de cinco dias, ser� inevit�vel um impacto para a produ��o, mas a popula��o n�o deve ser prejudicada. Em 2015, uma greve por reajuste salarial durou cerca de 20 dias e apesar de reduzir 5% da produ��o, n�o afetou o abastecimento por conta de estoques das distribuidoras.
"Mas n�o queremos afetar a popula��o, queremos inclusive cumprir o que a AGU e a Petrobras pediram ao TST, que 100% dos trabalhadores da Petrobras mantenham as atividades, � isso que queremos, mas n�o � isso que est� acontecendo", disse ao Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real do Grupo Estado, o diretor da FUP Sim�o Zanardi, lembrando que a pauta da greve pede o fim da venda de ativos da Petrobr�s.
Os petroleiros pedem que a Petrobras volte a produzir 100% da capacidade em suas refinarias, o que n�o est� ocorrendo, segundo Zanardi, por conta da pol�tica de pre�os da estatal, cujo fim tamb�m faz parte das reivindica��es da categoria, por abrir espa�o para importadores de combust�veis. Segundo ele, o parque de refino da Petrobras est� operando com cerca de 60% e o n�mero de importadoras de combust�veis passou de 40 em julho do ano passado, quando come�ou a nova pol�tica de pre�os, para 300 atualmente.
A FUP passou o dia em assembleias por todo o Pa�s para dar orienta��es sobre a greve de 72 horas, classificada como uma greve de advert�ncia, que poder� passar a ser por tempo indeterminado em uma decis�o que ser� tomada no dia 12 de junho. J� a FNP, que inicia amanh� greve por tempo indeterminado, far� uma avalia��o di�ria se o movimento prossegue ou n�o, explicou a assessoria da entidade.
Desde segunda-feira, a FNP promove manifesta��es em unidades da Petrobras em v�rios estados, como o Centro de Pesquisas Leopoldo Am�rico Miguez de Mello (Cenpes), no Rio; um terminal no Par� e na base de Urucu, no Amazonas.
A Petrobras informou em nota, que "foi notificada pelas entidades sindicais sobre paralisa��o nos dias 30/5, 31/5 e 1/6. A companhia tomar� as medidas necess�rias para garantir a continuidade das opera��es", limitou-se a dizer, sem explicar quais medidas ser�o tomadas.
(Denise Luna)