A greve dos caminhoneiros, que se arrasta por 10 dias, conseguiu balan�ar uma refer�ncia hist�rica do abastecimento da capital mineira, o Mercado Central de Belo Horizonte. Est� faltando queijo canastra para muitos comerciantes, o estoque de abacaxi est� perto do fim, a banca de ovos precisou baixar as portas, as op��es de carnes nos a�ougues est�o restritas. Com estacionamento vazio e corredores tranquilos, o mercado j� registra redu��o de 25% no p�blico, que tamb�m tem dificuldade de chegar ao centro de compras, em raz�o da falta de gasolina.

Segundo ele, a dificuldade para abastecimento � geral. “A gente acaba conseguindo ter mais coisa do que supermercado porque h� muitos pequenos produtores, mas as frutas est�o acabando, quem tem queijo canastra � porque tinha estoque”, ressalta.
Desde quinta-feira, os irm�os Roque e Messias Fernandes, da Loja do Roque, n�o recebem uma das estrelas do mercado, o queijo canastra. O estoque do parmes�o tamb�m acabou. Em tr�s d�cadas trabalhando com queijo, Roque nunca viu situa��o igual. “Fizemos os pedidos para entrega amanh�, mas ainda n�o sabemos se vamos receber. Nossas vendas ca�ram 70%, porque � o que a gente mais vende”, afirma Roque.
Ele conta que o queijo do Serro s� chegou porque os produtores enfrentaram 12 horas de estrada de terra, para desviar dos bloqueios. Mas alguns produtores t�m evitado trazer o queijo em carro de passeio, porque o custo da viagem e a falta de combust�vel n�o compensam o investimento nessa estrat�gia.
Na Queijaria Catequese, o preju�zo j� chega a R$ 13 mil e, na geladeira, nenhuma pe�a do queijo canastra. “Vou ter que baixar as portas? Eu fico para explicar para o cliente que est� faltando”, afirma o dono, Paulo Roberto Moura. Seus fornecedores n�o se arriscam em atravessar a rodovia e ele n�o tem confian�a de encomendar mercadoria a outros vendedores. “N�o sei h� quantos dias esse queijo est� na estrada, se � de boa qualidade”, desconfia.
Outro s�mbolo do mercado, o abacaxi tamb�m virou iguaria. Segundo o feirante H�rcules Batista, desde quinta-feira passada n�o chega mercadoria, sem qualquer previs�o. “Hoje, conversei l� no Ceasa e n�o tem nenhum caminh�o vindo”, afirma. Ele reclama que a greve est� indo longe demais. “E n�o adianta falar de greve, porque o aluguel continua o mesmo, o imposto n�o cai, o funcion�rio tem que receber sal�rio no fim do m�s”, explica.
Os frigor�ficos tamb�m enfrentam dificuldade de abastecimento. Na Casa de Carnes Drummond, as vitrines est�o praticamente vazias. O estoque da carne de porco acabou, o do frango est� quase no fim e a carne de boi que chegou � embalada, e n�o em pe�as, como de costume. O a�ougue postal pequeno s� tem conseguido reposi��o porque as mercadorias t�m chegado em carros menores.
Sem mercadoria, a loja Para�so dos Ovos precisou fechar as portas. H� 30 anos vendendo hortali�as, Maria Senhora Prates, a Pretinha, reconhece o sufoco pelo qual passa o mercado e s� tem conseguido verduras por causa do esfor�o de seus parceiros. “Meus fornecedores est�o trazendo de carro e � s� por isso que eu tenho”, conta.
Com preju�zo de R$ 13 mil, Paulo Moura deixou de ofertar a estrela do neg�cio, o queijo canastra