S�o Paulo, 31 - No 10� dia de paralisa��o, os grupos de WhatsApp dos caminhoneiros j� tinham at� an�ncio de frete com cargas no Brasil, Argentina e Chile. Profissionais da �rea buscavam motoristas interessados em fazer as viagens com embarque imediato, mas eram logo repreendidos por outros participantes do aplicativo. "Amigo, est�o todos em greve, quem vai carregar?", questionava. A resposta tentava remediar a situa��o: "� para depois da greve".
Com alguns trechos desbloqueados pelo Pa�s, o sentimento de muitos motoristas era de que est�o "morrendo na praia", como se n�o tivessem conquistado nada. At� �udios com a informa��o de que o presidente Michel Temer havia vetado a queda de R$ 0,46 do diesel circularam pelo aplicativo, o que gerou uma onda de indigna��o.
O tom dos discursos nesta quarta-feira, 30, era um misto de decep��o e inconformismo. Em v�deos gravados em v�rios locais do Pa�s, lideran�as ainda tentavam manter o �nimo dos caminhoneiros para que continuassem parados, pelo menos, at� esta sexta-feira, dia 1�. V�rios deles faziam boletins para mostrar como estava cada ponto de paralisa��o pelo Pa�s.
"Muitos est�o desanimados, sem roupa limpa, sem dinheiro e cansados. Mas a determina��o � ficar at� sexta-feira na estrada. Ou se ganha ou se perde a guerra, n�o tem meio-termo", discursava um caminhoneiro, em �udio enviado nos grupos. A maioria deles prefere gravar a escrever textos. Desde a semana passada, o jornal
O Estado de S. Paulo
participa de tr�s grupos de caminhoneiros, sendo cada um deles com cerca de 300 participantes.
Interven��o
Durante a greve, os discursos mudaram v�rias vezes. At� o acordo anunciado pelo presidente Michel Temer, no domingo, a reivindica��o girava em torno do pre�o do diesel e do ped�gio. Mas, depois do pacote, um "esp�rito nacionalista" tomou conta dos grupos da categoria, que viam na interven��o militar a solu��o para todos os problemas.
At� segunda-feira, havia caminhoneiros que acreditavam na tese de que, passados sete dias e seis horas da greve, o Ex�rcito poderia assumir o poder. O prazo acabou e n�o houve interven��o. Isso fez com que a "lua de mel" dos caminhoneiros com o Exercito acabasse. "Eles tamb�m s�o uns vendidos, est�o com o governo", afirmavam nas mensagens.
Nesta quarta-feira, com os grupos mais esvaziados, a maioria demonstrava irrita��o pela falta de apoio da popula��o, apesar da not�cia de que 87% dos brasileiros apoiam a greve. "S�o favor�veis � paralisa��o, mas correm para fazer filas nos postos e encher o tanque do carro", reclamava um deles. Outro dizia: "Vou embora para minha casa porque esse povo n�o merece meu esfor�o".
Houve at� alguns participantes mais radicais pedindo ajuda de criminosos para quebrar e botar fogo nos carros de quem estava na fila dos postos para abastecer. "Vamos chamar os meninos do mal e mandar colocar fogo nos carros na fila", incitava um participante, por meio de �udio.
Convoca��o
Para os caminhoneiros, o povo deveria ajud�-los a fazer uma greve geral. "Todos deveriam chegar em suas empresas, conversar com os colegas de trabalho e pararem. V�o todos para a rua e nos apoiem." Uma manifesta��o no Pa�s inteiro estava sendo convocada nesta quarta pelos integrantes dos grupos: "Repassem essa mensagem para o m�ximo de grupos que voc�s tiverem. Precisamos parar o Pa�s", insistiam.
As mensagens de apelo para que a sociedade apoiasse a categoria tomou conta de boa parte das postagens nesta quarta. O objetivo: "Derrubar o governo por um Brasil melhor". As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Ren�e Pereira)