Rio, 30 - Imersa h� meses em grave crise nos neg�cios, a BRF, dona das marcas Sadia e Perdig�o, anunciou ontem a decis�o de vender R$ 5 bilh�es em ativos, passando para frente f�bricas na Europa, na Tail�ndia e na Argentina. A venda das unidades faz parte de um amplo plano de reestrutura��o, que inclui ainda a demiss�o de mais de 4 mil funcion�rios no Brasil e redu��o dos cargos de chefia.
O presidente global da companhia, Pedro Parente, afirmou que a BRF est�, neste momento, redefinindo os objetivos de curto prazo. Com isso, ir� desacelerar o plano de internacionaliza��o, que era prioridade na gest�o anterior, sob o comando da gestora Tarpon e do empres�rio Abilio Diniz. �N�o estamos modificando o plano de internacionaliza��o. Estamos revendo estrat�gias. � uma freada para arruma��o�, disse na sexta, 29, em teleconfer�ncia aos jornalistas.
Maior exportadora de frango do mundo, a companhia n�o pretende deixar de atender os consumidores europeus, argentinos e tailandeses. Mas o foco, a partir de agora, ser�o os mercados brasileiro, asi�tico e mu�ulmano - este �ltimo com a atua��o da Banvit, empresa adquirida no ano passado na Turquia.
A reestrutura��o, aprovada ontem pelo conselho de administra��o, ocorre duas semanas ap�s Parente assumir a presid�ncia da companhia, cargo que passou a acumular com o comando do colegiado. O plano � uma tentativa de rea��o da empresa, que sofreu baques sucessivos nos �ltimos meses.
Alvo em mar�o de nova fase da Opera��o Carne Fraca, na qual alguns de seus ex-executivos foram presos, a BRF teve vendas bloqueadas pela Uni�o Europeia e pela R�ssia, perdendo acesso a alguns de seus maiores mercados. Mais recentemente, a China passou a sobretaxar a importa��o de frango do Pa�s, mais um rev�s ao grupo.
A greve dos caminhoneiros no Brasil tamb�m atingiu fortemente a empresa, afetando as vendas, produ��o de mat�rias-primas e aumento de custos. Com isso, os ajustes na estrutura fabril se tornaram necess�rios. Segundo a BRF, 5% dos 88 mil funcion�rios do Brasil ser�o demitidos ao final da reestrutura��o - uma parte j� foi dispensada.
Vendas.
O objetivo da BRF � levantar os R$ 5 bilh�es j� nos pr�ximos seis meses, reduzindo, assim, o endividamento da companhia, de R$ 14 bilh�es. A empresa j� come�ou a conversar com bancos e deve fechar os mandatos nos pr�ximos dias. No pacote que ser� oferecido ao mercado, h� unidades produtoras e centros de distribui��o no Reino Unido, na Holanda, na Argentina e na Tail�ndia.
As unidades foram escolhidas por serem menos rent�veis que as f�bricas no Brasil e no mercado mu�ulmano. �Buscamos a melhora da produtividade e da rentabilidade no longo prazo�, afirmou o diretor financeiro, Lorival Luz.
A BRF tamb�m est� vendendo ativos imobili�rios e participa��es em empresas, como o frigor�fico Minerva. Nos �ltimos dias, reduziu sua fatia de 11,3% para quase 6% na empresa.
Internamente, o n�mero de vice-presid�ncias foi cortado de 14 para 10. A empresa, que perdeu dezenas de executivos nos �ltimos anos para a concorr�ncia, ainda busca preencher vagas estrat�gicas. Ex-presidente da Petrobr�s, Parente acumular� o comando da BRF e do conselho de administra��o por at� um ano. Depois, ter� de escolher qual fun��o exercer�. Ele diz ter disposi��o para seguir com a companhia de alimentos caso seja de interesse de seus acionistas. Como o foco de vendas no mercado interno ser� intensificado, a BRF pretende refor�ar a estrat�gia de suas marcas mais famosas, a Perdig�o e a Sadia, e seguir com a populariza��o da Kideli, lan�ada no ano passado para atuar nos segmentos de baixa renda, como atacarejos.
A��es.
O plano anunciado encerra especula��es sobre poss�vel inje��o de capital pelos s�cios. A avalia��o � que a empresa tem caixa robusto e uma chamada de capital n�o � necess�ria no curto prazo. Por outro lado, a venda de ativos e a redu��o do endividamento podem ajudar a levantar as a��es, que sofreram muito. Em um ano, a BRF perdeu R$ 16,3 bilh�es na Bolsa, mais da metade de seu valor de mercado.
Ap�s meses de disputa no conselho de administra��o, que era comandado por Abilio Diniz e foi trocado a pedido dos fundos de pens�o da Petrobr�s (Petros) e do Banco do Brasil (Previ), os �nimos, por ora, est�o pacificados, mas h� entendimento de que h� muito trabalho a ser feito, segundo um conselheiro. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo
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(M�nica Scaramuzzo e Renata Agostini)