
O mercado de maquininhas de cart�o, cada dia mais disputado, agora ter� outro peso-pesado para brigar pelos microempreendedores. O Ita�, por meio da marca Credicard, vai entrar nesse segmento. A previs�o � que essa estrat�gia tenha como reflexo uma queda nas taxas de retorno do setor, desbravado pela PagSeguro.
A estrat�gia coloca uma marca muito conhecida para combater a PagSeguro sem canibalizar a Rede, a principal credenciadora do Ita�, cuja oferta de servi�os e pre�o � mais robusta. Enquanto a Rede determina sua taxa em uma negocia��o individual de cliente a cliente, a Credicard ter� uma oferta de pre�o �nico, permitindo que o lojista receba em um prazo mais curto, mas embutindo no pre�o o custo de capital – uma estrat�gia de precifica��o conhecida no jarg�o do setor como ‘MDRz�o’.
Considerando as taxas cobradas pela transa��o e o custo da antecipa��o de receb�veis, o Ita� diz que sua oferta � de 15% a 42% mais barata que os tr�s principais concorrentes no mercado de microempreendedores individuais (MEIs) – variando das modalidades de d�bito at� cr�dito parcelado em tr�s vezes, que representam 85% do volume operado no segmento.
A expectativa do banco � vender entre 100 mil e 150 mil maquininhas nos pr�ximos meses e capturar cerca de R$ 1 bilh�o em transa��es at� o fim do ano. Assim como a Cielo e a PagSeguro, que apostam em figuras populares como Fabio Porchat e Michel Tel� em suas campanhas, a Credicard ter� Ivete Sangalo como porta-voz.
Em vez de aproveitar a estrutura da Rede, o Ita� vai entrar como uma nova adquirente ‘full’ com a marca Credicard – que j� vinha sendo usada como marca de ‘combate’ do banco com o Credicard Zero, um cart�o de cr�dito sem anuidade criado para concorrer com o Nubank. O processamento ser� feito pela FirstData, dona das maquininhas BIN.
ATRASO O Ita� reconhece que chegou com atraso na batalha pelo nicho mais promissor da adquir�ncia, mas avalia que ainda h� um amplo mercado para explorar. “Ainda � um segmento em franca expans�o e subpenetrado. O timing n�o parece ser um problema”, diz Marcos Magalh�es, diretor-executivo do Ita� e presidente da Rede. Na sua avalia��o, do mercado de R$ 350 bilh�es em processamento de cart�es para MEIs, apenas 20% j� foram tomados pelos concorrentes.
“Em segmento de nichos e emergentes de inova��o, n�o � do feitio do Ita� entrar como primeiro player. Preferimos ser ‘followers’ (seguidores) que executam muito bem os setores em que decidimos entrar”, afirma Magalh�es.
A Credicard ser� uma plataforma ‘agn�stica’: o cliente poder� receber na conta-corrente ou poupan�a de qualquer banco. A venda se dar� pela internet e n�o contar� com a for�a de vendas nas ag�ncias. Em um primeiro momento, a Credicard n�o vai ofertar conta de pagamento – uma modalidade utilizada por players como PagSeguro e a Point, do Mercado Pago – para quem ainda n�o tem uma conta no nome da empresa. Esse tipo de conta deve vir em uma segunda etapa.
POTENCIAL Dados do Banco Central mostram que 19% dos 8,7 milh�es de MEIs do Brasil n�o t�m conta-corrente aberta no CNPJ. “N�o posso falar pelos concorrentes, mas acredito que nossa seletividade vai ser maior”, acredita Magalh�es. “Estamos focando em um tipo de cliente, que � aquele para qual a antecipa��o � relevante.”
A nova iniciativa mostra a tentativa do Ita� de recuperar terreno no mercado de cart�es – um segmento onde o CEO Candido Bracher j� disse que a rentabilidade vem deixando a desejar.
Uma das duas gigantes do duop�lio que existia antes da abertura do mercado, em 2011, a Rede vem perdendo participa��o de mercado nos �ltimos anos – de 28% em 2014 para 32% em 2017, de acordo com um levantamento feito pelo UBS. No mesmo intervalo, a PagSeguro saiu do zero e abocanhou uma fatia de pouco mais de 4%. “Se o Ita� n�o se mexer, vai acabar ficando na adquir�ncia com a fatia que ele tem no mercado banc�rio, que � de uns 20 e poucos por cento”, diz uma fonte do setor.
