Os benef�cios da energia solar atra�ram o empres�rio Marcelo Andrade Soares, que atua em um ramo em que o insumo energia sempre pesa na planilha de custos no fim do m�s: o de alimenta��o. S�cio do restaurante Tia Zarica, no Bairro Floresta, em Belo Horizonte, ele aplicou R$ 51 mil num sistema de 38 pain�is de capta��o de energia solar. Depois, investiu mais R$ 89 mil em outros 64 m�dulos, que entraram em funcionamento na �ltima semana. A energia solar n�o somente ajuda a esquentar a comida do restaurante, como tamb�m aquece os ganhos do empres�rio, que tem a expectativa de obter uma economia de 75% na conta de luz. “Al�m de ser uma fonte de energia limpa, a energia solar proporciona uma grande economia”, afirma.
Ele lembra que os ganhos financeiros proporcionados pela miniusina fotovoltaica n�o ficaram restritos � redu��o da conta de luz. “Mudamos a nossa matriz energ�tica, substituindo um fog�o do restaurante por um forno el�trico. A redu��o do consumo de g�s de cozinha (GLP) foi de 50%”, comemora o empreendedor, que optou por investir no sistema de gera��o de energia solar com recursos pr�prios e espera retorno do gasto inicial (R$ 140 mil) em tr�s anos e meio.
Diretora de novos neg�cios da Emap Solar, empresa de venda e instala��o de usinas solares fotovoltaicas sediada em Nova Lima, Miriam Penna Diniz diz que um estabelecimento comercial pode fazer um investimento relativo baixo (a partir de R$ 30 mil) nos sistemas de energia solar, com a op��o de recorrer aos financiamentos voltados para o setor, conseguindo o retorno do capital em at� tr�s anos. Em Montes Claros, no Norte de Minas, o diretor da Empresa Facilita Energia Solu��es, Geovane C�mara, diz que a expans�o desse servi�o no com�rcio deve continuar. “A tend�ncia da instala��o de equipamentos de energia solar � se multiplicar nos pr�ximos anos, por causa da necessidade de investimentos em energia renov�vel”, comenta.
A multiplica��o j� � vivida por Rafaella Lopes, engenheira da empresa Loja El�trica, de BH. A engenheira revela que, al�m do crescimento das vendas de materiais, aumenta em ritmo acelerado a procura pelos cursos sobre a instala��o dos sistemas de capta��o de energia solar, tamb�m oferecidos pela empresa. Cada curso tem dura��o de duas semanas.
PRATICIDADE
Outro fator que tem impulsionado comerciantes e empres�rios a investir em pain�is solares para gera��o de energia � a disponibilidade de obter financiamentos a longo prazo, espec�ficos para essa modalidade de uso, com taxas de juros muito atrativas. Com isso, empreendedores n�o precisam desembolsar capital pr�prio de in�cio, quitando parcelas equivalentes �s contas de luz pagas anteriormente. As linhas de cr�dito para a energia solar foram criadas por institui��es como o Banco do Nordeste, que implantou o programa FNE Sol, liberando empr�stimo para sistemas de energia renov�vel, com prazo para pagamento de at� 12 anos, com car�ncia de seis meses a um ano, viabilizados com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). “O financiamento desse tipo de sistema tem contribu�do para o desenvolvimento local e regional, com a constru��o de uma matriz energ�tica mais limpa e o aproveitamento do imenso potencial de gera��o de energia solar existente no Norte de Minas, no Norte do Esp�rito Santo e em todo o Nordeste”, afirma o gerente de ambiente de pol�ticas de desenvolvimento do Banco do Nordeste, Jos� Rubens Dutra Mota.
O Servi�o de Apoio � Micro e Pequena Empresa (Sebrae Minas) d� uma m�ozinha para os empreendedores investirem em energia solar, orientando sobre a busca e financiamentos e outros aspectos do neg�cio. “Oferecemos consultoria, mostrando como deve ser feita an�lise da efici�ncia energ�tica dos empreendimentos. Uma dica � que deve montada uma infraestrutura com um grau de efici�ncia capaz de se evitarem preju�zos”, afirma Jo�o Paulo Palmieri, consultor do Sebrae.
Expans�o no Norte de Minas
A express�o “sombra e �gua fresca” sempre foi usada como refer�ncia de tranquilidade, incluindo a estabilidade financeira. N�o � mais assim. A mudan�a de conceito ocorre no Norte de Minas, regi�o caracterizada pela forte intensidade do Sol. Por conta desse potencial, al�m de investimentos em grandes usinas de energia fotovoltaica, aumentam na regi�o os sistemas de capta��o da energia dos raios solares por parte de empresas do com�rcio, da presta��o de servi�os e outros segmentos, como clubes recreativos.
A usina solar voltaica despertou o interesse da rede de farm�cias Minas Brasil, que tem 37 lojas em Montes Claros e em outras seis cidades do Norte do estado. “Com os pain�is solares, estamos alcan�ando uma economia de 75% dos gastos com energia el�trica”, afirma Linton Guedes, diretor comercial da empresa. “Acredito que a energia solar � a energia do futuro, por ser de uma fonte limpa, sem causar impactos ao meio ambiente”, comenta o empres�rio, que usa capital pr�prio, esperando o retorno do investimento em quatro anos. Ele ressalta tamb�m a necessidade de o Brasil investir em novas fontes de energia em busca de maior crescimento econ�mico.
O comerciante Dinailton Alves da Silva, dono de padaria em Buritizeiro, � outro que decidiu pela energia solar. Ele informa que ainda est� fazendo or�amento da compra de uma usina de 86 m�dulos solares, com capacidade para suprir toda a sua demanda. “O grande vil�o da padaria � o custo da energia el�trica e a minha ideia � elimin�-lo”, assegura Dinailton, que buscou consultoria do Sebrae Minas e pretende fazer um financiamento junto ao Banco do Nordeste, sem precisar lan�ar m�o de capital pr�prio para gerar e consumir energia limpa.
CORTES
A unidade do Servi�o Social do Transporte (Sest/Senat) em Montes Claros tamb�m optou pela instala��o de uma usina solar fotovoltaica, com 279 pain�is, ao custo de R$ 349 mil. A diretora do Sest/Senar em Montes Claros, Teresa Cristina Mendon�a Fernandes, diz que a expectativa da unidade � reduzir em 95% a conta de luz, de R$ 12 mil mensais. A sede de Montes Claros � a primeira unidade da institui��o no pa�s a recorrer � energia solar no desenvolvimento de suas atividades, que incluem v�rios cursos e treinamentos de profissionais do transporte.
Em um clube social, o mesmo sol que deixa a pele bronzeada � beira da piscina tamb�m � fonte de redu��o de custos. Com cerca de 3 mil associados, o Max-Min Clube, de Montes Claros, inaugurou uma usina solar fotovoltaica com 936 pain�is. O investimento foi de R$ 1,3 milh�o. Segundo o presidente do clube, Wagner Batista Castro, a expectativa � recuperar o montante aplicado em cinco anos, tendo em vista a economia de 74% dos gastos com a conta de luz da entidade, que, antes, era de R$ 60 mil por m�s. (LR)