A mineradora Vale foi duramente criticada pelo governador do Par�, Sim�o Jatene, e por parlamentares do Senado nesta ter�a-feira, 7, por conta de sua aus�ncia em uma audi�ncia p�blica realizada no Congresso para debater, justamente, as condi��es da prorroga��o antecipada das concess�es ferrovi�rias da Vale.
Na abertura da audi�ncia, foi informado que o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, n�o compareceu � audi�ncia "em virtude de compromissos anteriores assumidos". Ap�s o encontro de quase seis horas de discuss�es, que teve a participa��o de diversas autoridades do governo, entre elas o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, o governador criticou a aus�ncia da companhia.
"� uma enorme tristeza. � a comprova��o de uma coisa que se tem falado com muita frequ�ncia, que � o fato de a Vale ainda n�o ter percebido que o papel dela n�o pode ser apenas o de algu�m que v� a Amaz�nia e, particularmente, o Estado do Par�, como um almoxarifado, onde voc� tira e retira os recursos naturais, e deixa, enfim, um buraco para gera��es futuras. Isso n�o � aceit�vel", declarou Jatene, ap�s o encontro. "Eu acho lament�vel e, de certa forma, at� um desrespeito, n�o ter vindo participar desse debate. Ela �, sem d�vida alguma, a principal interessada nisso aqui."
A audi�ncia foi realizada para discutir a proposta do governo de exigir da companhia Vale, como contrapartida � renova��o das concess�es da Ferrovia Vit�ria-Minas e da Estrada de Ferro Caraj�s, a constru��o de um trecho de 383km da Ferrovia de Integra��o do Centro-Oeste (Fico) no Estado de Mato Grosso. O Par� e o Esp�rito Santo, que s�o cortados pelas atuais concess�es que ser�o renovadas, exigem que a contrapartida da empresa esteja atrelada a obras ferrovi�rias previstas para seus territ�rios, e n�o para o Mato Grosso.
Indignado com a aus�ncia da empresa, o senador paraense Flexa Ribeiro (PSDB/PA) afirmou que "a Vale � o c�ncer do Par� e onde ela est� instalada s�o met�stases". "Eu lamento que o presidente da Vale tenha sido covarde em n�o comparecer � audi�ncia", declarou, durante a sess�o.
O senador capixaba Ricardo Ferra�o (PSDB/ES) tamb�m reclamou da "covardia" da empresa em n�o marcar presen�a no debate. "Eu queria lamentar essa postura arrogante, autorit�ria da companhia Vale do Rio Doce, que se esconde, que n�o vem para o debate no Senado Federal para que n�s possamos fazer, face a face, um questionamento sobre essa quest�o", afirmou. "Eu quero deixar registrado aqui o meu protesto, quero deixar registrada aqui a minha indigna��o pela aus�ncia e pela covardia da diretoria da Vale e do seu presidente de n�o estarem aqui na Comiss�o de Infraestrutura do Senado para que n�s pud�ssemos debater este assunto, at� porque sabemos todos n�s que essa n�o � apenas uma decis�o pretendida pelo governo federal, essa � uma decis�o que foi arquitetada pela Vale. E a Vale, com isso, se coloca numa condi��o de costas para o Senado da Rep�blica."
Questionado sobre as declara��es, a Vale informou, por meio de nota, que seu �nico posicionamento p�blico sobre o assunto foi divulgado em 2 de julho, quando o governo anunciou seu plano com a empresa. Na ocasi�o, a mineradora confirmou que participava do processo de prorroga��o antecipada das suas concess�es ferrovi�rias, que expiram em 2027. "A aprova��o para a prorroga��o antecipada das concess�es ser� submetida ao Conselho de Administra��o, ap�s a an�lise das contrapartidas requeridas pelo Governo Federal, a serem oficializadas depois da etapa de audi�ncias p�blicas. A Vale manter� o mercado informado caso haja qualquer nova informa��o relevante relacionada a tal processo", declarou, � �poca.
A proposta sobre a prorroga��o da Vale precisa entrar ainda em fase de audi�ncia p�blica para, depois, seguir para o Tribunal de Contas da Uni�o. Se a proposta for aprovada, o governo fica liberado para assinar a prorroga��o antecipada desses contratos. O governo defende que o trecho no Mato Grosso � a melhor alternativa e que, ap�s a ferrovia ser constru�da, ser� devolvida � Uni�o para que seja leiloada.
Para os Estados do Par� e Esp�rito Santo, o governo prometeu o repasse da outorga da Norte-Sul, que deve ser concedida em novembro, com lance m�nimo de R$ 1,06 bilh�o. O governador Sim�o Jatene ironizou. "Seria c�mico, se n�o fosse tr�gico. Querem oferecer um R$ 1 bilh�o que ser� pago em parcelas durante 30 anos, para fazermos nossa ferrovia." O Par� cobra a constru��o do �ltimo trecho da Norte-Sul, entre A�ail�ndia (MA) e Barcarena (PA).
ECONOMIA