Diante de um cen�rio pol�tico imprevis�vel e um mercado vol�til, os investidores partiram em peso para o Tesouro Direto. Em julho, foram 107 mil novos cadastros, a maior entrada em um m�s desde o in�cio do programa, em 2002 - e 27 mil acima do m�s anterior. As pessoas tamb�m est�o aplicando mais: foram 16 mil novos cadastros ativos ante 10 mil em junho. No total, j� s�o mais de 2,3 milh�es de cadastros no programa de compra e venda de t�tulos p�blicos, um aumento de 55,7% nos �ltimos 12 meses.
"Esse pode ser um novo patamar", acredita Paulo Marques, gerente do Tesouro Direto. Segundo ele, as incertezas tanto no exterior quanto no mercado interno tendem a levar as pessoas para aplica��es menos arriscadas - e, naturalmente, elas caem na renda fixa, a despeito dos juros em um patamar historicamente baixo.
A guinada no Tesouro acontece em meio a um cen�rio que penaliza a maioria dos investimentos considerados mais arriscados, como a��es e fundos multimercado, destaca o professor de Finan�as do Coppead/UFRJ Carlos Heitor Campani. Ele lembra que junho, m�s que antecedeu o recorde do Tesouro, a Bolsa acumulou perda de 5%, enquanto o d�lar subiu 4%. "O medo leva as pessoas para o extremo oposto."
A grande demanda pelo Tesouro Selic - 47% das vendas - refor�a a tese de Campani. Esse t�tulo � considerado o mais seguro, pois acompanha a taxa b�sica de juros. Ele permite resgate a qualquer momento sem risco de perdas, uma vez que, independentemente do cen�rio, o investidor ganha o juro b�sico.
Olhando para os outros t�tulos, Marcos Piellusch, professor do Laborat�rio de Finan�as da FIA, salienta que h� bons retornos que chamam o investidor para essa aplica��o. Para se ter uma ideia, o Tesouro IPCA+ 2024, est� pagando uma taxa de 5,86% mais a varia��o da infla��o. Outro exemplo � o t�tulo prefixado com vencimento em 2021, com taxa a 9,85%.
Na compara��o com produtos com taxa de administra��o maior do que 0,5% ao ano (custo m�dio da taxa de cust�dia do Tesouro mais o Imposto de Renda), tratam-se de bons rendimentos para aplica��es de baix�ssimo risco, diz.
Esses t�tulos, contudo, sofrem com a marca��o a mercado - atualiza��o do pre�o do ativo. Ou seja: se o investidor quiser se desfazer do t�tulos antes do prazo, est� sujeito a uma nova taxa, que pode ser maior ou menor que a inicial. Se levar at� o vencimento, n�o ter� surpresas e receber� a taxa contratada.
Al�m do cen�rio atual, Myrian Lund, professora de finan�as da FGV, destaca que a educa��o financeira tamb�m � um dos motivos para o recorde. Ela acredita que esse perfil de investidor - que faz aportes baixos e olha para o curto prazo - n�o est� t�o atento � conjuntura, mas sim a alternativas � poupan�a, e o Tesouro � a porta de entrada. Hoje, a caderneta est� em desvantagem, pois paga 70% da Selic.
O Tesouro Selic 2023 daria, por exemplo, um retorno l�quido de 6,38% ao ano; j� a poupan�a, de 5,5%. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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ECONOMIA
Incertezas levam a recorde de investidores no Tesouro Direto
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