Rio de Janeiro – A Rappi acaba de levantar US$ 220 milh�es numa nova rodada de capta��o que avaliou a empresa em US$ 1,1 bilh�o. O DST Global, fundo do empres�rio russo Yuri Milner, liderou esta rodada, que contou tamb�m com a Tiger. Investidores existentes como o Sequoia e o Andreessen Horowitz acompanharam o aporte.
Fundada em 2015 pelos colombianos Sim�n Borrero, Sebastian Mejia e Felipe Villamarin, a Rappi j� levantou US$ 406 milh�es desde o in�cio, num mercado em que a rotina tem sido levantar e queimar caixa para ganhar market share. A espanhola Glovo, que chegou ao Brasil em fevereiro, captou 115 milh�es de euros em julho deste ano.
Ainda que seja tentadora, uma compara��o entre os quatro players de delivery n�o � perfeita: Rappi, Uber Eats, iFood e Glovo t�m modelos operacionais diferentes. Como todas as empresas s�o fechadas, n�o h� dados confi�veis sobre market share.
O iFood, por exemplo, s� recentemente come�ou a montar uma for�a de entregas pr�pria. At� agora, a maior parte do seu neg�cio � “anotar” o pedido dos restaurantes. A Rappi, onde as compras de supermercado j� representam a segunda maior categoria, depois dos restaurantes, mant�m “shoppers” dentro dos supermercados que fazem a escolha dos produtos, um ponto de diferencia��o. Na Glovo, � o pr�prio entregador quem faz as compras.
A nova rodada da Rappi � um marco para a One VC, uma pequena gestora fundada por cinco brasileiros que se envolveram com a startup desde o in�cio e participaram de todos os rounds desde ent�o. Apesar de ter menos de US$ 20 milh�es sob gest�o, a One VC captou com diversas fam�lias bilion�rias brasileiras.
ESCAL�VEIS Pedro Sorrentino, um dos cofundadores, diz que a One VC busca dois tipos de neg�cio: nos Estados Unidos, empresas fundadas por imigrantes de primeira ou segunda gera��o; na Am�rica Latina e no Brasil, empresas escal�veis globalmente ou o que eles chamam de “jaboticabas on steroids” – modelos que existem gra�as a peculiaridades de mercados como o Brasil, mas com imenso potencial de crescimento. � nessa categoria que a Rappi se encaixa.
Sorrentino admite que, no mercado de delivery, “a sobreviv�ncia est� correlacionada com a capacidade de levantar capital,” mas diz que “o mercado potencial para o Rappi � maior que o do Uber, porque as pessoas comem com mais frequ�ncia do que pegam um t�xi.” “Nenhuma concorrente � t�o bem capitalizada quanto o Rappi, que cresce a taxas acima de 10% h� mais de 30 meses consecutivos,” diz o gestor. “� por isso que o valor atual n�o tem nada de irracional: mesmo entrando agora, ainda h� uma enorme oportunidade de valoriza��o.”
Para imaginar o futuro da Rappi, � preciso olhar o que aconteceu com seus antecessores. Hoje, empresas como DeliveryHero, GrubHub e Takeaway.com s�o listadas em bolsa. Grosso modo, todas essas empresas apenas anotam pedidos, sem se encarregar do resto do neg�cio.
EM BUSCA DE OUTROS RAMOS
As startups da nova safra, como Rappi, Meituan e Glovo, otimizam o modelo de neg�cio: contratam a m�o de obra e entregam uma solu��o integrada. E, em vez de se restringir a restaurantes, come�aram a explorar outros ramos, como supermercados, farm�cias, entrega de dinheiro vivo e O2O (quando o cliente compra uma mercadoria on-line e a plataforma entrega em casa.) Por enquanto, essas empresas est�o crescendo e disputando mercado. Mais � frente, o setor deve passar por uma consolida��o.
A prolifera��o de startups essencialmente fazendo a mesma coisa tem levado a investidores com m�ltiplas exposi��es e participa��es cruzadas. Por exemplo: a Delivery Hero, que j� investiu cerca de US$ 100 milh�es na Rappi, � investida da Naspers, que, por sua vez, tamb�m investe no iFood.
Uma das vantagens do neg�cio da Rappi � a alta taxa de reten��o dos clientes. Dados da companhia mostram que um ter�o dos usu�rios fazem 7 ou 8 pedidos por m�s.
MULTIPLICA��O A Rappi opera em seis pa�ses: Col�mbia, Brasil, M�xico, Argentina, Chile e Uruguai. No Brasil, onde fez sua primeira entrega em julho de 2017, a empresa opera em 10 cidades e espera chegar a 15 at� o fim deste ano.
Sorrentino tem uma racionaliza��o para o sucesso da empresa. “A Rappi oferece um servi�o que se torna um h�bito e que se incorpora ao estilo de vida das pessoas que levam uma vida ca�tica nas grandes cidades de pa�ses emergentes”, afirma o executivo.
As empresas mais compar�veis � Rappi s�o a Go-Jek, na Indon�sia, e a Meituan, na China. Recentemente, a Go-Jek foi avaliada em US$ 5 bilh�es. A Meituan est� concluindo nesta semana um IPO que deve lhe dar um valor de mercado de US$ 55 bilh�es. “A vis�o da Rappi � ser uma esp�cie de controle remoto da sua cidade: voc� pode ter o que quiser em 20 a 30 minutos ao toque de um bot�o,” diz Bruno Nardon, o CEO do Rappi no Brasil.