
S�o Paulo – O n�mero de idosos n�o para de crescer no Brasil. Com o avan�o da medicina, que contribui para o aumento da longevidade, e a redu��o vertiginosa da natalidade, o pa�s ter� um perfil demogr�fico semelhante ao de pa�ses europeus daqui a alguns anos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) mostram isso. Pelos c�lculos do �ltimo censo, a popula��o acima de 60 anos representa hoje 13,5% da popula��o. Em 2027, o p�blico da terceira idade ser� 17,4% e, em 2050, 29,3%. Mas n�o pense que o Brasil ser� um pa�s de aposentados jogando baralho na pra�a. Essa gera��o, ao contr�rio, n�o quer ficar em casa parada vendo o tempo passar.
“O antigo conceito de velhice hoje est� muito mais associado � ideia de maturidade, com pessoas extremamente ativas, articuladas e consumistas”, disse o professor de medicina Mario Schefer, especialista em demografia e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em recente evento na Universidade de S�o Paulo (USP). A nova terceira idade est� � procura de produtos e servi�os que atendem aos seus anseios, um movimento que, no universo corporativo, est� estimulando o surgimento de oportunidades de neg�cios.

Um bom exemplo desse potencial � o campo tecnol�gico. Atualmente, o mundo tem exigido que os idosos estejam conectados, seja para manusear o autoatendimento em uma ag�ncia banc�ria, seja na hora de usar um smartphone para responder a mensagens no WhatsApp. Foi por isso que a rede de escolas Microlins, especializada em inform�tica e cursos profissionalizantes, com 400 unidades no pa�s, decidiu criar o curso Melhor Idade Conectada, que ajuda o idoso a conhecer e aprender a utilizar o computador, o tablet e os aplicativos em smartphones, tanto para tarefas do dia a dia quanto para se comunicar por meio das redes sociais. “As empresas precisam entender que esse p�blico est� cada vez mais antenado”, diz o empres�rio Renato Buono, dono de franquias da empresa. Atualmente, 10% do seu faturamento s�o provenientes do curso espec�fico para pessoas mais maduras. Ele acha que dobrar� o percentual em no m�ximo 2 anos.
MAIOR DEMANDA A julgar pelos n�meros, o potencial � imenso. O p�blico que mais cresce em termos de acesso � internet e utiliza��o de computadores � o da terceira idade. Em compara��o com o mesmo per�odo do ano passado, a procura por esses cursos triplicou. Segundo a pesquisa realizada pelo IBGE, mais de 9 milh�es de brasileiros acima de 55 anos est�o no Facebook, 50,82% t�m entre 61 e 70 anos e 45,1% passam 3 horas di�rias ou mais na internet. “Respeitando o tempo de aprendizado, que difere dos alunos mais novos, o idoso poder� conectar-se, atualizar-se e sentir-se mais seguro no universo digital”, garante Buono.
O aumento do n�mero de consumidores mais velhos est� aquecendo tamb�m o segmento fitness. A rede de academias Bodytech resolveu investir na estrutura exclusiva para suprir as necessidades desse p�blico. Segundo o diretor t�cnico da empresa, Dudu Netto, a �nfase do programa, chamado de Care, � criar uma cartilha dos exerc�cios adequada ao perfil de cada um. “Nossa principal miss�o � supervisionar esses alunos de forma segura, motivadora e sistem�tica”, diz Netto.
De acordo com o executivo, os professores t�m qualifica��o rigorosamente direcionada para, al�m dos exerc�cios, contribuir em quest�es relacionadas � nutri��o e patologias caracter�sticas da idade. “As aulas focam na preven��o de quedas, aumento da for�a muscular e da mobilidade, capacidade aer�bica e maior da autonomia f�sica”, afirma Netto. Atualmente, 8% dos alunos da Bodytech est�o na faixa acima de 60 anos.
Assim como a Bodytech, a rede Bio Ritmo aposta na expans�o do segmento. A empresa criou em 2003, de forma embrion�ria, o programa Bio Master, voltado � terceira idade. Hoje o sistema � operado em 11 unidades da rede, com um total de 640 alunos. “Nossas aulas s�o planejadas de acordo com as necessidades de pessoas com mais de 60 anos de idade e oferecem um acompanhamento e direcionamento individuais”, afirma Paola Beltrami Rossani, professora do programa Bio Master.
Maior presen�a dentro das academias do pa�s

Recente estudo elaborado pela Associa��o Brasileira de Academias (Acad Brasil), em parceria com a PUC-SP e a PUC-RJ, concluiu que o n�mero de pessoas com mais de 60 anos que frequentam academias aumentou de 5% para 30% na �ltima d�cada, ajudando a aquecer um mercado que movimenta cerca de R$ 600 milh�es por ano, segundo a pesquisa.
As oportunidades de neg�cio v�o muito al�m de escolas e academias. Exemplo disso � o Residencial Santa Cruz, um “asilo” de luxo inaugurado no ano passado, em S�o Paulo. O complexo mais parece um hotel cinco-estrelas, cercado por um grande jardim e 35 mil metros quadrados de mata atl�ntica nativa. Um pr�dio de quatro andares abriga 78 leitos, espalhados em su�tes individuais, duplas e triplas. A constru��o tamb�m conta com salas para a realiza��o de exerc�cios f�sicos, al�m de tratamentos diversos de sa�de e atividades de lazer. As mensalidades v�o de R$ 7,8 mil a R$ 15,6 mil.
“O conceito de qualidade de vida na idade avan�ada � muito mais bem difundido na Europa e nos Estados Unidos, e come�a agora a receber a devida aten��o no Brasil”, diz Priscila Kim, administradora do Residencial Santa Cruz. O empreendimento foi idealizado pelo Instituto das Irm�s da Santa Cruz, comandado pela mission�ria americana Diane Cundiff, com investimento de R$ 32 milh�es. Hoje, o �ndice de ocupa��o est� em 55%.
F�RUM Daqui a duas semanas, em 1º de outubro, ser� comemorado o Dia Internacional do Idoso. Em raz�o da data, o Centro de Estudos do Col�gio Santa Maria, mais conhecido como Prisma, abrir� o 4º F�rum sobre Envelhecimento – Longevidade, com uma programa��o variada durante toda a manh� e � tarde. Os participantes poder�o, por exemplo, assistir � palestra Envelhecer de bem com a vida, com o consultor e escritor Gustavo G. Boog. O encerramento ser� feito com apresenta��o da com�dia R�dio Ilus�o, formada por 16 atrizes da maturidade. O espet�culo traz de volta os tempos dos programas de audit�rio. “Envelhecer � uma decorr�ncia biol�gica, mas envelhecer com qualidade, alegria e pot�ncia � uma conquista pessoal, uma constru��o feita dia a dia”, diz a coordenadora do Prisma, Suzana Torres.
