Apesar de a maioria da popula��o brasileira ter algum tipo de rela��o com banco, 35% das pessoas com renda de at� R$ 1 mil mensais sacam quase tudo que ganham - ou seja, fazem praticamente todas as suas transa��es com dinheiro vivo. Levantamento da plataforma de educa��o financeira GuiaBolso mostra que esse grupo de consumidores retira do banco mais de 80% dos rendimentos e usam o dinheiro para transa��es b�sicas, como pagamento de contas e compras em lojas.
O levantamento do aplicativo de finan�as mais baixado do Pa�s faz parte de uma parceria in�dita, apoiada pelo Banco Central, com a consultoria Plano CDE e a Fundaci�n Capital, para facilitar o entendimento das finan�as e diminuir as barreiras entre esse p�blico de renda mais baixa e o sistema financeiro.
A pesquisa - feita em junho com 193 mil usu�rios do aplicativo em 14 Estados - mostrou ainda que o saque da conta aumenta conforme a faixa et�ria avan�a. Entre os que t�m entre 36 e 49 anos, por exemplo, o porcentual sobe para 44%. No caso das pessoas de baixa renda acima de 50, mais da metade (55%) saca quase todo o dinheiro da conta. As retiradas s�o maiores no Norte e Nordeste do Pa�s. Enquanto em S�o Paulo essa fatia � de 32%, no Maranh�o, chega a 55%.
"� um p�blico que j� est� no banco e que tem Facebook, por exemplo, mas n�o paga uma conta de luz pelo celular", diz Breno Bachelat, gerente de projetos da Plano CDE. Segundo ele, a necessidade de ter o dinheiro em m�os est� ligado a cinco caracter�sticas: renda incerta, desconfian�a do digital, falta de previsibilidade, incerteza sobre o que � dinheiro da fam�lia e dinheiro pessoal e o desconhecimento do quanto se gasta.
Nova vers�o
Organizar as contas com foco na baixa renda fazia parte da concep��o do GuiaBolso em 2014, explica o fundador Thiago Alvarez, que tamb�m foi ex-diretor da ONG Alfabetiza��o Solid�ria. Todavia, depois de lan�ada, a plataforma teve muito mais ades�o das classes m�dia e alta. Hoje, a renda m�dia dos mais de 4 milh�es de usu�rios � de R$ 7 mil.
"Quando voc� se volta para esse p�blico, v� que precisa de adapta��o. Os produtos financeiros n�o foram feitos para eles, apesar de serem boa parte da popula��o", diz Alvarez. Essa incompatibilidade, explica, � um dos motivos que levam os brasileiros a sacar quase todo o dinheiro da conta e a usar produtos mais caros, como carn�s e cart�o de loja ou de cr�dito.
Com o levantamento, Alvarez explicou que a pr�xima vers�o do aplicativo, em vez de registrar todos os gastos automaticamente, ter� uso h�brido para facilitar a organiza��o de quem usa dinheiro vivo, criando uma esp�cie de carteira. A atualiza��o tamb�m n�o ter� �nfase em gr�ficos, como � feito atualmente no aplicativo da empresa.
Em andamento desde agosto, o projeto tem testado algumas dessas adapta��es em duas regi�es de baixa renda de Campinas e Belo Horizonte. A ideia, de acordo com Alvarez, � capacitar l�deres locais para que eles disseminem o uso do aplicativo nas comunidades.
Tamb�m de olho nessa parcela da popula��o, que usa pouco os meios de pagamento tradicionais oferecidos pelo banco, a fintech Koin possibilita aos usu�rios parcelar compras pela internet via boleto. A empresa mira principalmente quem n�o tem cart�o de cr�dito ou tem algum tipo de restri��o para comprar e parcelar pela internet, e ainda permite pagar ap�s o recebimento do produto.
Para o presidente da Koin, Gabriel Franco, a forma como o cliente v� o sistema financeiro tradicional est� mudando e � uma tend�ncia global buscar meios alternativos e mais baratos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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