H� dois meses, a empres�ria F�tima Vilani recebeu uma liga��o de seu banco sobre uma suposta compra realizada com cart�o de cr�dito na cidade de Campinas (SP). N�o reconheceu o pagamento e foi orientada pelo atendente a entrar em contato com a institui��o financeira. F�tima ligou para o n�mero localizado na parte de tr�s do cart�o, ouviu a m�sica de espera do banco, falou com um funcion�rio e aceitou a oferta de entregar o cart�o ao motoboy para uma averigua��o.
No dia seguinte, F�tima descobriu que a compra nunca aconteceu. Que n�o havia telefonado para banco. Que o motoboy n�o levou o cart�o para a investiga��o. E que o preju�zo disso tudo superava R$ 80 mil.
"Hoje, o cart�o de cr�dito � a principal porta de entrada para os casos de fraudes envolvendo nossos clientes", afirma o superintende de preven��o a fraude do Ita� Unibanco, Ricardo Lima. O banco, recentemente, iniciou uma campanha justamente para alertar os clientes sobre o 'golpe do motoboy'. Um v�deo disseminado pelo WhatsApp explica o crime e diz que o banco n�o solicita senhas e n�o pede cart�es de seus clientes.
"Quem cai nesse golpe geralmente fica espantado com o n�vel de detalhamento dos bandidos. Eles t�m informa��es sobre a v�tima, ap�s monitoramento de redes sociais, e geralmente desviam a linha de telefone no instante do golpe para que a liga��o caia exatamente no n�mero dos golpistas", afirma o delegado Jos� Mariano de Ara�jo Filho, titular da delegacia de crimes cibern�ticos da Pol�cia Civil de S�o Paulo.
"A pessoa com quem conversei possu�a todo conhecimento do sistema de cart�es. Era imposs�vel perceber que se tratava de um golpe", conta a empres�ria. "Fui parar no hospital. Eram R$ 84 mil. N�o conseguia dormir", conta. F�tima Vilani s� recuperou o dinheiro 20 dias depois. A seguradora pagou uma parte do preju�zo e a ag�ncia, onde � cliente h� 27 anos, assumiu a outra parcela.
Bancos de dados
Lima, do Ita�, lembra no entanto que golpes como o aplicado na empres�ria representam a minoria dos casos de fraudes do setor. "A gente fez esse v�deo para alertar as pessoas sobre a din�mica desse golpe, mas os crimes de engenharia social s�o apenas 5% dos casos que captamos aqui na institui��o", diz.
O promotor de Justi�a do MP-DF e presidente do Instituto Brasileiro de Direito Digital, Frederico Meinberg Ceroy, destaca que a maioria das fraudes tem origem nos roubos de banco de dados de empresas.
"Um vazamento de bancos de dados exp�e dados de milhares de consumidores. Isso depois � vendido no mercado paralelo da internet e vai alimentar milhares de fraudes no e-commerce", conta Ceroy.
Atualmente, uma for�a-tarefa envolvendo policiais e promotores de justi�a tenta levantar a origem desses ataques. Uma das linhas de investiga��o trabalha com o envolvimento de colaboradores dentro de bancos, companhias telef�nicas e centros de processamento de dados de varejistas que facilitariam o acesso a informa��es por parte de estelionat�rios.
"Existem ainda bancos de dados que s�o fr�geis e os hackers invadem sem muita dificuldade", diz uma fonte do setor, em condi��o de anonimato.