Passado o pior momento da crise, a Petrobras tenta agora recuperar o tempo perdido e dar os primeiros passos para investir em energias renov�veis, como j� fazem grandes petroleiras concorrentes. A empresa sabe que est� atrasada, e diz ainda ter pouco f�lego para fazer os investimentos, mas vai incluir essa transi��o para um novo cen�rio ambiental no plano estrat�gico para os pr�ximos cinco anos, que deve ser divulgado em dezembro.
O documento trar� mudan�as, "mas ainda n�o ser�o radicais", disse o diretor de Estrat�gia da empresa, Nelson Silva. "N�o existe meta em termos de gera��o (de energia renov�vel). Ainda n�o podemos estabelecer metas, mas podemos colocar como ambi��o alguma participa��o no total do capital a ser investido no futuro", disse Silva, que admite o recuo da Petrobras em projetos ambientalmente limpos para focar na recupera��o financeira.
Hoje, a Petrobras tem apenas quatro parques e�licos, com 106 megawatts (MW) de capacidade de produ��o. Na tentativa de reduzir a desvantagem em rela��o �s concorrentes, a estatal anunciou na quarta-feira passada uma parceria com a norueguesa Equinor, l�der mundial em captura e armazenamento de carbono. As duas querem produzir juntas energia e�lica em alto mar.
Antes da crise, os biocombust�veis eram a principal aposta da Petrobras para participar da transi��o para uma economia de baixo carbono, com processos produtivos mais sustent�veis. Sem dinheiro, a Petrobras vendeu as usinas e saiu do segmento. Em sua p�gina na internet, a empresa informa que, no futuro, poder� reavaliar um retorno. "Temos buscado avan�ar com as tecnologias de baixo carbono em nosso portf�lio de pesquisa e desenvolvimento, que conta com projetos nas �reas de captura, uso e armazenamento geol�gico de CO�, de energia e�lica, solar, biomassa, biocombust�veis e bioprodutos", disse o gerente executivo de estrat�gia e organiza��o da Petrobras, Rodrigo Costa.
Prioridades
Especialista em Planejamento Energ�tico pela Coppe/ UFRJ, o professor Alexandre Szklo ressalta que a Petrobras e as demais petroleiras presentes no Brasil continuam a priorizar o investimento no neg�cio de �leo e g�s. A estatal foca nos resultados de curto prazo para reduzir o endividamento. J� as petroleiras europeias sofrem mais press�o para poluir menos. Enquanto isso, as chinesas est�o preocupadas em garantir o abastecimento de petr�leo do seu pa�s e apostam na Am�rica Latina, sobretudo no Brasil, para cumprir essa meta.
O plano da Shell, s�cia da Petrobras no pr�-sal, � reduzir a presen�a do carbono em seus projetos em 20%, at� 2035, e pela metade, at� 2050. Mas isso s� vai ocorrer, disse Andr� Araujo, presidente da petroleira no Brasil, com mecanismos claros de precifica��o de carbono, por meio da tributa��o de atividades poluentes. A empresa � acionista da Ra�zen, ao lado da Cosan, principal produtora de etanol no mercado brasileiro.
A presidente da ExxonMobil no Brasil, Carla Lacerda, diz que a empresa est� de olho em projetos de energia renov�vel para desenvolver no Pa�s, mas, por enquanto, a prioridade continua a ser a perfura��o de po�os para retomar a atividade de petr�leo e g�s. J� o presidente da Equinor, Anders Opedal, diz que a empresa trabalha na redu��o de emiss�es h� mais de tr�s d�cadas. "Uma parte importante da transi��o � o uso mais intensivo do g�s natural", disse, durante o evento Rio Oil & Gas.
Pr�-sal
As petroleiras que atuam no pr�-sal aguardam posi��o do governo para definir como v�o compensar as emiss�es geradas com a atividade na regi�o, grande emissora de gases de efeito estufa associados ao petr�leo e ao g�s natural produzidos. H� dois modelos em an�lise - um de taxa��o e outro em que projetos ambientalmente sujos s�o neutralizados por projetos de captura da polui��o. A segunda alternativa � a preferida das companhias.
Por esse regime, cada projeto tem um "pre�o", dependendo do seu potencial de gera��o de emiss�es. "Esperamos que o pr�ximo governo puxe o debate sobre precifica��o de carbono", disse o presidente da Shell no Brasil, Andr� Araujo. Assim como a Petrobras, a petroleira anglo-holandesa acredita que os ganhos com o pr�-sal podem ajudar a engordar o caixa para investir em energias renov�veis. Ao todo, 45 pa�ses adotam uma pol�tica pr�pria de precifica��o da emiss�o de carbono. Em dois anos, ser�o mais 30, e a lista dever� incluir o Brasil, segundo proje��o do Banco Mundial. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA