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Estado de Minas ECONOMIA

Startups da maconha esperam mudan�a na legisla��o para atuar no Brasil

Aquecimento do mercado est� atraindo brasileiros a abrir novas empresas no exterior e tamb�m no pa�s, onde esperam uma poss�vel mudan�a na legisla��o


postado em 14/10/2018 08:52 / atualizado em 14/10/2018 12:29

(foto: Georgia Army National Guard photo by Maj. Will Cox)
(foto: Georgia Army National Guard photo by Maj. Will Cox)


O mercado da maconha sempre foi rent�vel - mas ilegal. No continente americano, um dos primeiros pa�ses a mudar as regras foi o Uruguai, que regulamentou a produ��o e a comercializa��o da cannabis em 2013. Canad�, Col�mbia, Peru, M�xico e mais de 20 Estados americanos tamb�m alteraram as legisla��es, cada um com suas particularidades, a favor do com�rcio legal da droga. O resultado foi o surgimento de novos neg�cios promissores.

Um exemplo � a Tilray, empresa canadense cujo capital foi aberto em julho. Suas a��es se valorizaram 500% em apenas dois meses. Atualmente, cerca de 50 companhias do setor t�m a��es listadas em Bolsa, com �ndices publicados na plataforma online New Cannabis Ventures. Esse aquecimento do mercado est� atraindo brasileiros a abrir novas empresas no exterior e tamb�m no Pa�s, onde esperam uma poss�vel mudan�a na legisla��o.

Uma dessas empresas � a VerdeMed Cannabis Latino Am�rica, que fez no m�s passado sua primeira chamada de investidores. Os s�cios t�m planos de aplicar US$ 20 milh�es em dois anos. Metade dessa quantia seria investida na opera��o nacional e o restante em outras pra�as da Am�rica Latina. "At� 2022, pretendemos atingir US$ 80 milh�es em investimentos", diz o presidente da empresa, Jos� Bacellar, de 53 anos, ex-presidente da Bombril.

No Brasil, o com�rcio da maconha � ilegal. � permitido apenas o uso do canabidiol (CBD), subst�ncia extra�da do �leo da cannabis, um rem�dio para o tratamento de doen�as como epilepsia infantil. A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) permite a importa��o individual direta por pacientes cadastrados com prescri��o m�dica. � um processo lento e caro. Um paciente com epilepsia gasta R$ 3 mil por m�s, em m�dia. Estima-se que o pre�o do produto nacional seria 20% disso.

At� agora apenas um medicamento foi registrado para ser comercializado nacionalmente, o Mevatyl (spray) - conhecido no exterior como Sativex. Formulado � base de CBD e de tetraidocanabidiol (THC) - subst�ncia que causa euforia -, ele � usado no tratamento de esclerose m�ltipla. � nesses segmentos, de comercializa��o e registro de novos rem�dios, que a VerdeMed pretende atuar.

A mat�ria-prima, o CBD, sair� da Col�mbia, onde a empresa tem produ��o pr�pria, direto para o Canad�, pa�s que a partir de 17 outubro ser� o primeiro do G-7 a aprovar o uso recreativo da maconha. L� funcionam a sede e o laborat�rio da VerdeMed. O Brasil receber� o rem�dio pronto. "A VerdeMed fabricar� o CBD para tratamento de epilepsia infantil e o Nabiximol para reduzir os espasmos musculares ligados aos dist�rbios neurol�gicos", diz Bacellar.

Para que isso aconte�a, a empresa ainda ter� de registrar os medicamentos na Anvisa. "Mesmo que o processo burocr�tico demore um pouco, o neg�cio j� � sustent�vel apenas com a extra��o do �leo na Col�mbia", diz o gerente nacional da empresa, Nelson Margarido.

Mercado reprimido


"O Brasil tem hoje uma demanda reprimida na �rea, isso falando apenas de medicamentos", afirma Alan Vendrame, coordenador do curso de Direito do Ibmec e doutor em Sa�de P�blica pela Universidade de Connecticut. "Uma s�rie de doen�as pode ser beneficiada pelo uso de medicamento � base de maconha. H� pesquisas cient�ficas aos borbot�es que comprovam efici�ncia principalmente em doen�as cr�nicas."

O custo do processo produtivo, segundo ele, � baixo. "Um grama de �leo de maconha custa R$ 3 para o fabricante, se for cultivo pr�prio. Isso explica os altos �ndices de rentabilidade do mercado", diz Vendrame.

"Nenhum outro investimento apresenta rentabilidade t�o alta", acrescenta o advogado Caio dos Santos Abreu, da Entourage Phytolab, de pesquisa e produ��o de medicamentos desenvolvidos a partir de subst�ncias de cannabis, de Valinhos, interior de S�o Paulo. "Em tr�s anos, a Entourage valorizou mais de 30 vezes", diz Abreu. Ou seja, uma m�dia de dez vezes ao ano, como estimam os s�cios da VerdeMed.

Hist�rico


Abreu despertou para as propriedades terap�uticas da maconha, quando a m�e dele teve c�ncer. A vaporiza��o da erva ajudava a amenizar as dores e a falta de apetite provocados pela doen�a. Em 2009, ela faleceu.

Seis anos depois, a Anvisa tirou o CBD da lista de psicotr�picos proibidos. Nessa �poca, Abreu teve a ideia de montar uma empresa de pesquisa. Conseguiu um s�cio de peso, a canadense Canopy Growth, fundada em 2014 e hoje l�der mundial do setor de maconha medicinal. A empresa, que tem a��es negociadas na Bolsa de Nova York e est� avaliada em mais de R$ 50 bilh�es, investiu US$ 700 mil na brasileira. No m�s passado, um investidor brasileiro aportou mais US$ 2 milh�es.

Paralelamente, a canadense anunciou a abertura da Canopy Latam, que pode vir a ser a maior empresa de produ��o e distribui��o de medicamentos de maconha. Comandada pelo brasileiro Ant�nio Droghetti, o bra�o latino-americano come�ou as atividades no Chile e na Col�mbia, mas tamb�m est� de olho no potencial do mercado brasileiro.

'Ch� a base de canabidiol'


Os irm�os mineiros Thiago e Jos� Felipe Carneiro, ambos de 36 anos, levaram a experi�ncia adquirida no mercado de cerveja artesanal brasileiro para a Calif�rnia, onde montaram uma empresa de ch�s em sach� � base de canabidiol, subst�ncia extra�da do �leo da maconha. Investiram US$ 3 milh�es no projeto.

Em 2015, os dois haviam transformado a tradicional cervejaria de chope da fam�lia em uma marca artesanal jovem de sucesso. Naquele ano nascia a W�ls, empresa que arrebatou o mercado de bebidas nacional e foi comprada pela Ambev. Os s�cios n�o divulgaram o valor da negocia��o, mas a empresa faturava cerca de R$ 9 milh�es por ano.

No in�cio de 2018, a Calif�rnia, sexto Estado americano a legalizar a cannabis, autorizou a venda de produtos da maconha para pessoas com mais de 21 anos. Quando isso aconteceu, j� havia 50 empresas rec�m-licenciadas esperando para atender o mercado.

Nesse movimento, os irm�os Carneiro come�aram a montar a nova f�brica de ch�s. "At� o fim do ano lan�aremos nossos produtos" afirma Jos� Felipe. "Est� tudo pronto. Mas ainda faltam licen�as. Algumas custaram US$ 300 mil. Nos Estados Unidos, a fiscaliza��o � dura."

Equil�brio


"Apesar de muita pol�mica, a experi�ncia no Estado do Colorado mostra que a regulamenta��o tem um impacto positivo na economia e na sa�de p�blica", diz Alan Vendrame, coordenador do curso de Direito do Ibmec e doutor em Sa�de P�blica pela Universidade de Connecticut. "Em 2014, ano da legaliza��o, a arrecada��o dos setor foi de US$ 50 milh�es. O valor superou o teto que o governo poderia recolher, sem restituir aos contribuintes. Ent�o, cada cidad�o recebeu de volta cerca de US$ 10", conta o professor. No Colorado, 15% da arrecada��o vai para a educa��o, 10% para a sa�de p�blica, e o restante para o er�rio.

"Esse mercado ainda est� muito desbalanceado. E, por isso, as cifras s�o t�o altas", acrescenta F�bio Lampugnani, da UPF Consulting, contratada para levantar capital para a VerdeMed, empresa de s�cios brasileiros que est� entrando nesse mercado. "N�o se trata de uma bolha, mas de um mercado ainda n�o explorado que tende a se equilibrar", afirma. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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