BID: 62% dos trabalhadores da ind�stria no Brasil temem perder emprego para rob�

Do total de trabalhadores da ind�stria brasileira de manufatura, 62% teme perder seus empregos para rob�s no prazo de dez anos, indica pesquisa recente realizada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a organiza��o Latinobar�metro. Apesar disso, seis em cada dez pesquisados se dizem confort�veis com a educa��o que receberam e se consideram preparados para os empregos no futuro. Uma percep��o oposta aos indicadores que colocam o Pa�s em posi��es baixas nos rankings de desenvolvimento de capital humano.

Esse � um grande desafio para o pr�ximo governante do Brasil, avalia Ana In�s Basco, especialista sobre ind�stria 4.0 do Instituto para a Integra��o da Am�rica Latina e o Caribe (Intal) do BID. "O Brasil tem uma oportunidade enorme de liderar essa mudan�a na regi�o", diz ela, referindo-se � transi��o da ind�stria tradicional para a que utiliza tecnologia de ponta. No entanto, � preciso dar prioridade ao desenvolvimento das habilidades para o trabalho do futuro e para uma distribui��o "justa" dos ganhos advindos das novas tecnologias.

Para a especialista, que est� no Brasil para proferir palestra no Congresso Internacional da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil (Abit), em S�o Paulo, o receio dos brasileiros e dos latino-americanos em geral quanto � perda de empregos para rob�s � um tanto exagerado. Em vez de desaparecer, o mais prov�vel � que as vagas de trabalho mudem.

"Se aprendemos algo nos �ltimos anos foi que a quest�o (o impacto da robotiza��o) n�o � tanto sobre setores, nem mesmo sobre profiss�es, mas sobre tarefas", disse.
"Tarefas repetitivas, tanto manuais quanto cognitivas, tais como atender ao telefone, levantar ou mover itens, interpretar mapas, tendem a ser automatizadas."

No entanto, h� um conjunto de tarefas que exigem habilidades interpessoais, criativas e de ger�ncia que continuar�o a ser executadas por humanos. E, diz ela, os trabalhadores geralmente executam uma mistura dessas duas coisas.

Assim, a tend�ncia mais forte n�o � a de extin��o de empregos, e sim a mudan�a na forma de trabalhar, com redu��o de tarefas repetitivas. Uma outra pesquisa de que participou, chamada "Planeta Algoritmo", re�ne evid�ncias que dois ter�os do impacto das novas tecnologias se dar�o dentro de um mesmo emprego.

Na ind�stria t�xtil, por exemplo, j� � amplo o uso de m�quinas para cortar tecidos. Mas as tarefas de costurar e pregar acabamentos ainda s�o desempenhadas por humanos. A tend�ncia � que essa parte da produ��o tamb�m seja robotizada. Assim, as pessoas v�o dedicar-se a fun��es como design e vendas.

Apesar de estar atr�s de pa�ses de renda semelhante no desenvolvimento de capital humano, o Brasil est� bem colocado em outros requisitos, como investimentos em pesquisa e desenvolvimento, quantidade de pesquisadores e patentes per capita, diversifica��o de exporta��es, complexidade econ�mica e penetra��o da internet e o e-commerce. Isso o coloca em posi��o relativamente boa, comparado aos demais pa�ses da regi�o.