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Estado de Minas ENTREVISTA/OSVALDO DI CAMPLI

Nokia aposta na 4� revolu��o industrial

Para o executivo, os segmentos banc�rio e de varejo est�o entre os mais promissores


postado em 22/10/2018 06:00 / atualizado em 22/10/2018 08:04

(foto: Futurecom/Divulgação)
(foto: Futurecom/Divulga��o)

S�o Paulo – A Nokia j� foi uma das mais relevantes empresas fabricantes globais de celulares. Fez fama com modelos como o Nokia 8110, o celular do filme “Matrix”, o 6110 e o seu ‘jogo da cobrinha’ e o 6650, a primeira vers�o da era do 3G. Mas a hist�ria da finlandesa come�ou bem antes da era da telefonia m�vel, ainda em 1865, pelas m�os do engenheiro Fredrik Idestam, com a funda��o de uma f�brica de papel. Anos depois, com a aposentadoria do fundador, o s�cio Leo Mechelin decidiu apostar no setor de fornecimento de energia el�trica. A arriscada ideia quase encerrou precocemente a hist�ria da empresa, que s� n�o fechou as portas porque partiu para a aquisi��o de uma f�brica de produtos de borracha.

Mais de um s�culo depois das primeiras idas e vindas em torno do projeto de Idestam, a Nokia volta a se reinventar na busca de fontes mais rent�veis de receita. A primeira grande transforma��o aconteceu em 2014, quando vendeu sua divis�o de celulares para a Microsoft (mas ficou com suas patentes). Dois anos depois, a companhia anunciou um acordo, v�lido por dez anos, com a empresa finlandesa HMD Global para o licenciamento exclusivo de sua marca para smartphones e tablets. Para viabilizar o acordo, a HMD adquiriu da Microsoft os direitos de uso da marca Nokia em celulares b�sicos at� 2024.

Hoje, a Nokia � uma empresa de redes de telecomunica��es. O primeiro grande passo nessa dire��o foi dado em 2016, com a compra da francesa Alcatel-Lucent por US$ 16,6 bilh�es. Com isso, partiu para novas �reas e se tornou a �nica companhia no Ocidente a atuar em telecomunica��es de ponta a ponta, com sistemas e servi�os que permitem construir uma rede de comunica��o completa. No Brasil, por exemplo, passou a atuar em neg�cios de banda larga e telefonia fixa, al�m de ampliar as possibilidades em transporte �ptico.

Por ora, os resultados financeiros ainda est�o no vermelho, mas em trajet�ria de crescimento. Segundo dados do primeiro trimestre, a Nokia teve um preju�zo de 351 milh�es de euros – queda de 19% na compara��o com o resultado obtido de janeiro a mar�o de 2017. J� as vendas chegaram a 4,92 bilh�es de euros, um recuo de 8%.

Para melhorar o desempenho financeiro, al�m da aquisi��o da Alcatel-Lucent, a empresa decidiu focar em quatro pilares de crescimento, como explica Osvaldo H. Di Campli, no cargo de presidente da Nokia para a Am�rica Latina h� cerca de um ano, vindo da Alcatel-Lucent.

O argentino acredita que o mercado de banco, varejo, agroneg�cio e energia ser�o os mais promissores para a empresa no Brasil nos pr�ximos anos. Em entrevista ao Di�rios Associados, o executivo explica como a finlandesa tem feito essa transi��o para novos segmentos.

Por que a Nokia decidiu por essa estrat�gia de apostar em verticais de neg�cios e o que avan�ou at� agora?
A estrat�gia come�ou a partir do in�cio de 2016, com a compra da Alcatel-Lucent, o que transformou a Nokia na �nica empresa no Ocidente a oferecer solu��es de telecom de ponta a ponta, em telecomunica��es fixa e m�vel, desde a rede de transporte de fibra �ptica e IP, com todos os produtos e servi�os associados para poder ter construir uma rede completa de telecomunica��es. Nesse ponto, a empresa definiu quatro pilares de crescimento.

Quais s�o esses pilares?
Um dos eixos � continuar a atender as operadoras de telecomunica��es tradicionais, como Claro, TIM e Verizon em sua evolu��o tecnol�gica e de servi�os. Mas a empresa tamb�m toma nesse momento a decis�o de abordar certas ind�strias verticais que precisam aspectos tecnol�gicos para diferenciar seu modelo de neg�cio. O terceiro pilar veio da conscientiza��o de que t�nhamos de construir uma plataforma de software para fazer frente a digitaliza��o em diferentes ind�strias. Por �ltimo, entendemos que havia a possibilidade de monetizar a propriedade intelectual da companhia. A Nokia n�o est� mais dedicada � fabrica��o de aparelhos de celular, mas concedeu por meio de um acordo de licenciamento a um terceiro que os fabrique com a marca Nokia. Isso nos ajuda a monetizar todo o aparato intelectual que temos hoje.

O acordo rec�m-assinado com a distribuidora de energia el�trico, no valor de R$ 110 milh�es (podendo chegar a R$ 10 bilh�es at� 2030), faz parte dessa estrat�gia?

No mundo, vemos que h� uma grande oportunidade de aumentar a produtividade em certas ind�strias com o que tem sido chamado de quarta revolu��o industrial. At� os anos de 1970, vimos que a introdu��o de sistemas de informa��o (IT) foi a �ltima oportunidade de aumentar a produtividade em certas ind�strias. Com a conflu�ncia de um conjunto de inova��es formado pela internet das coisas (IoT, na sigla em ingl�s), o sistema de cloud, analytics, machine learning, que forma a quarta revolu��o industrial, vemos que h� a possibilidade de aumentar a produtividade de 25% a 30% nos pr�ximos 15 a 20 anos.

Como a Nokia pretende fazer parte desse momento?
A Nokia est� focada em cinco verticais, onde a tecnologia forma parte da cadeia de valor e da oportunidade de melhorar os modelos produtivos. No caso da energia el�trica, por exemplo, 20% � roubada em pa�ses emergentes. Com a introdu��o de tecnologia, essas perdas v�o diminuir e haver� um aumento de efici�ncia. No caso da Elektro, a queda de energia deve diminuir em cerca de 50% e as fraudes na distribuidora dever�o reduzir em 80%. � um claro exemplo de como a introdu��o de sistemas de telecomunica��es em um ambiente de energia el�trica contribui para aumentar a efici�ncia de uma companhia.

Esse tipo de solu��o ainda � algo novo no Brasil? Aqui, os consumidores reclamam de problemas muito b�sicos. Por exemplo, quando chove muito ainda ficam sem energia em casa.

O que est� acontecendo de novo � que a Nokia e outras empresas est�o trazendo uma combina��o de tecnologias. N�o � algo conceitualmente novo. O que � novo � que as companhias de energia el�trica na Am�rica Latina est�o pensando em como usar sistemas de telecomunica��es para serem mais eficientes.

Isso est� acontecendo em outros segmentos da economia?
Sim, j� vemos esse tipo de solu��o sendo adotada em minera��o e em sistema de �leo e g�s. Outro segmento � o de transporte p�blico, que permite o uso de tecnologia para solu��es de tr�nsito. Tamb�m h� possibilidades para tornar o setor p�blico mais eficiente, al�m dos segmentos banc�rio, varejo e de seguros, que podem adotar esse tipo de solu��o para diferenciar seus modelos de neg�cio. H� ainda as OTTs (distribui��o de servi�os de �udio e v�deo pela internet), oferecido por empresas como Facebook e Google. A Nokia decidiu apostar nesses setores porque entendeu que eles consomem a mesma tecnologia que n�s provemos a operadores de telecomunica��es.

No Brasil, a Nokia j� est� atuando em quais frentes?

No sistema banc�rio, no varejo, temos tamb�m uma experi�ncia em agroneg�cio e energia. N�o somos experts em nenhuma dessas �reas, por isso fazemos parte de um ecossistema.

H� um desafio adicional para a Nokia, que ainda tem uma imagem muito associada � telefonia, na hora de mostrar isso ao mercado? Em particular no Brasil, que est� longe de viver uma calmaria na economia.

A marca Nokia � globalmente forte, o que nos ajuda bastante. Al�m disso, estamos falando de casos concretos. Quando se fala em aumentar a produtividade de uma ind�stria ou melhorar aspectos de seguran�a, isso � agn�stico em rela��o � economia do pa�s. Acredito que os nossos pa�ses s�o resilientes, muitos j� passaram por situa��es econ�micas dif�ceis, como as desvaloriza��es cambiais. Mas a ind�stria est� se movimentando. Por isso, me sinto confiante em dizer que o mercado latino-americano como um todo vai estar est�vel e tem condi��es de registrar um crescimento do PIB de um a dois d�gitos.

A banda larga ainda � muito promissora?

A banda larga continua sendo um grande desafio para o Brasil e a Am�rica Latina. Os �ndices de conectividade s�o baixos se comparados aos de economias mais maduras. No caso do Brasil, a banda larga tem de ser provisionada entre 15 e 20 pontos. Portanto, essa � uma fonte de crescimento, tanto para banda larga fixa quanto m�vel. H� outras oportunidades, mas que dependem de decis�es regulat�rias. Os avan�os tecnol�gicos podem at� sofrer uma queda, porque os processos n�o est�o fechados no que diz respeito a regula��o, por exemplo, no setor el�trico. Nossa esperan�a � que as autoridades de cada uma das ag�ncias reguladoras entenda a fortaleza que h� por tr�s desses aspectos tecnol�gicos e de telecomunica��es.


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