A recente evolu��o do quadro eleitoral deu um novo f�lego � Bolsa: no �ltimo m�s, ela subiu mais de 7%. Essa valoriza��o foi puxada por a��es de empresas estatais - o que o mercado nomeou de "kit elei��o". Mesmo representando 20% da carteira do Ibovespa - term�metro do mercado acion�rio no Pa�s -, essas a��es foram respons�veis por 62% da alta do �ndice no per�odo.
Caso se confirme um novo governo com agenda reformista, que contemple privatiza��es, esses pap�is podem continuar subindo por mais algum tempo. Especialistas, no entanto, aconselham esse tipo de investimento s� para o longo prazo, pois ainda h� espa�o para muita volatilidade.
O "kit elei��o" ganhou esse nome porque as estatais sofrem mais diretamente a influ�ncia das decis�es do governo do que empresas privadas. A lideran�a de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial, que se consolidou como o candidato favorito do mercado pela pauta econ�mica mais liberal que a de seu oponente Fernando Haddad (PT), alavancou essas a��es.
Segundo c�lculos do professor da Funda��o Instituto de Administra��o Marcos Piellusch, nos �ltimos 30 dias, as estatais tiveram alta m�dia de 28% na Bolsa, enquanto as companhias privadas avan�aram 6%. A��es da Cemig, Eletrobras (PNB), Banco do Brasil, Petrobras (PN), por exemplo, subiram, respectivamente, 47%, 39%, 34,5% e 29,7%.
"Esse tipo de papel, que apanhou muito nos �ltimos anos, agora deu uma respirada, sobretudo com o cen�rio caminhando para um governo com menos interfer�ncia nas estatais", observa Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos.
Especialistas do mercado financeiro concordam que a recente valoriza��o dessas empresas tem rela��o, em maior ou menor grau, com a possibilidade de elas virem a ser privatizadas na pr�xima gest�o. Por�m, eles ressalvam que o processo de venda de ativos p�blicos � burocr�tico e demanda muitas etapas - portanto, as a��es podem sofrer com grandes varia��es no pre�o durante o percurso.
Gangorra
A volatilidade, ali�s, j� tem sido observada durante a pr�pria campanha eleitoral - o que pode funcionar como um alerta para o investidor mais afoito com a perspectiva de ganhos no curto prazo. Exemplo disso � a Eletrobras. No dia 8, ap�s o primeiro turno, os pap�is preferenciais da empresa subiram 18%, j� que o plano econ�mico de Bolsonaro, capitaneado pelo economista Paulo Guedes, prev� uma ampla agenda de privatiza��es.
No dia 10, ap�s declara��es de Bolsonaro de que n�o privatizaria a companhia, apenas suas distribuidoras, as a��es ca�ram quase 10%. No dia 17, em rea��o � rejei��o do projeto de lei que destrava a venda das distribuidoras da estatal no Senado, as a��es recuaram mais de 5%. J� na sexta-feira, "contagiado" pelo leil�o da Cesp, o papel subiu quase 6,0%.
"Bolsa nunca deve ser um investimento para curto prazo", diz Karel Luketic, diretor da �rea de an�lise da XP. Ele pontua que essas a��es podem continuar a oferecer bons ganhos, mas o investidor deve mirar no longo prazo. "O otimismo est� grande, mas ainda h� eventos para acontecer e os pre�os podem oscilar bastante."
O estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, ressalta, por exemplo, que h� enormes dificuldades para se implementar a agenda de privatiza��es que o mercado espera. "Em um governo liberal, pelo menos come�a a ter o embate de ideias."
Al�m disso, de acordo com o professor da FEA-USP Rodrigo De Losso, h� mais confian�a por parte do mercado na capacidade de gest�o dessas empresas caso um governo liberal seja eleito.
Investimento
Apesar da guinada recente, analistas acreditam que, para quem possui perfil de risco adequado � renda vari�vel, ainda h� espa�o para entrar na Bolsa. "Vemos uma recupera��o da economia, ainda que lenta, e melhora nos �ndices de confian�a. � o momento para estar comprado", diz Pereira, da Guide.
Como exemplos de riscos a serem monitorados pelos investidores, ele aponta o cen�rio externo, com aumento das taxas de juros nos EUA, e a defini��o da equipe econ�mica do pr�ximo governo.
J� De Losso, da FEA-USP, observa que, apesar de haver potencial para valoriza��o, h� um ru�do de comunica��o na equipe econ�mica do candidato do PSL em rela��o a muitos assuntos. "Se n�o houvesse essa contradi��o entre Bolsonaro e Paulo Guedes, eu diria que � um �timo momento para investir em ativos mais arriscados."
Se h� espa�o para a Bolsa, analistas tamb�m veem perspectivas positivas para o "kit elei��o". Francisco, da XP, que acompanha a Petrobras, diz que, caso a pol�tica de pre�os seja mantida - ainda que mensal, e n�o di�ria -, a estatal, cujas a��es j� subiram mais de 60% no �ltimo ano, pode seguir em alta. O papel preferencial, hoje em quase R$ 26, pode chegar a R$ 33 em 12 meses, projeta a corretora.
Apesar do entusiasmo com o mercado acion�rio, � preciso ter cautela, diz De Losso, da FEA-USP. Ele, que desenvolve pesquisas em economia comportamental, acredita que o investidor comum deve preferir fundos com gest�o profissional, j� que pessoas f�sicas tendem, segundo estudos, a perder dinheiro na Bolsa. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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ECONOMIA
Sob influ�ncia das elei��es, pap�is de estatais turbinam alta da Bolsa
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