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Estado de Minas ENTREVISTA/MARCOS STAMM

''A seguran�a energ�tica depende da diversifica��o'', afirma diretor-geral da Usina de Itaipu

Executivo da maior hidrel�trica do mundo em gera��o de energia fala dos planos da empresa


postado em 25/10/2018 08:35 / atualizado em 25/10/2018 08:45

(foto: Divulgação)
(foto: Divulga��o)

S�o Paulo – Desde abril deste ano, o executivo londrinense Marcos Stamm comanda o lado brasileiro da maior usina hidrel�trica do mundo em gera��o de energia, a Itaipu Binacional.

As megaturbinas do complexo produzem 17% de toda a eletricidade consumida pelo Brasil, garantindo a Itaipu o papel de pilar da seguran�a energ�tica do pa�s. Mas a fun��o de Stamm vai al�m de administrar o monumental empreendimento.

Atualmente, ele ajuda a coordenar v�rios projetos voltados � sustentabilidade e fontes alternativas de energia, como biog�s e carros el�tricos.

Como est� Itaipu atualmente? O aumento dos per�odos de estiagem tem prejudicado a usina?
Em 2016, Itaipu bateu recordes. Na verdade, foi recorde mundial de produ��o de energia. Foram 103 milh�es de megawatts. Esse recorde � dif�cil de ser quebrado atualmente, por causa das vari�veis clim�ticas que temos. Mas com rela��o a este ano, estamos registrando muita produ��o, apesar da estiagem durante o inverno. A estiagem nas regi�es Sul e Sudeste foi muito grande. Agora est� sendo amenizada com as chuvas que come�aram h� alguns dias. Mas o resultado dessas chuvas demora um pouco porque � preciso chover nas cabeceiras. Posso afirmar que tivemos um in�cio excepcional no ano. De janeiro a maio, foram os melhores meses na hist�ria. Em mar�o, tivemos um novo recorde de produ��o mensal. Foram quase 10 milh�es de megawatts.
 
A recess�o ou o baixo crescimento dos �ltimos anos evitou que o Brasil tivesse um colapso energ�tico?
N�s da Itaipu temos uma obriga��o, um compromisso que � a gera��o de energia. Temos um compromisso com a energia limpa e sustent�vel. Sabemos da import�ncia que a Itaipu tem na manuten��o do contexto da manuten��o do sistema. N�s, efetivamente, cumprimos o que nos � demandado e o que � poss�vel produzir. Em termos de produ��o, a nossa m�dia no fornecimento de energia equivale a 17% de tudo o que � consumido pelo Brasil atualmente. No m�s de janeiro, quando est�vamos no �pice, passamos a 20% da matriz brasileira.

"N�o temos interesse em produzir diretamente com outras fontes de energia, mas criar um ambiente que preserve a sa�de de Itaipu no longo prazo"


 
Mas e se o cen�rio for de forte crescimento?
Sabemos que se houver um crescimento muito forte, o governo e a ONS (Operador Nacional do Sistema) v�o buscar o suprimento dessa energia. Itaipu est� fazendo a sua parte. Vamos continuar. Estamos desenvolvendo dentro de Itaipu fontes alternativas. Isso porque, al�m de ser a maior geradora de energia hidrel�trica do mundo, somos respons�veis pelo desenvolvimento de novas tecnologias.

Qual � o objetivo de Itaipu ao investir em energias alternativas?
O objetivo � ter produ��o de conhecimento e dom�nio de projetos e tecnologias que s�o tend�ncias mundiais. Esses estudos tamb�m t�m a finalidade de avaliar os impactos para o setor el�trico de tudo o que est� surgindo. O nosso programa de desenvolvimento de ve�culos el�tricos, por exemplo, � resultado de uma parceria de Itaipu com a KWO, empresa que controla usinas hidrel�tricas na regi�o dos Alpes Su��os. O acordo foi formalizado em 2006 para desenvolver solu��es de mobilidade el�trica que sejam t�cnica e economicamente vi�veis. O objetivo � um s�: minimizar o impacto das fontes sujas de energia, de origens f�sseis e emissores de gases de efeito estufa. Nosso compromisso n�o � apenas gerar energia, mas criar estudo que tenha como foco a sustentabilidade.
 
Como est�o os projetos voltados � produ��o de biog�s? 
No biog�s, a Itaipu se associou a diversos parceiros, especialmente produtores rurais que est�o na �rea do reservat�rio. A regi�o do Paran� que est� pr�xima a Itaipu � muito forte na produ��o agropecu�ria, principalmente no que diz respeito a prote�na animal e vegetal. H� um abundante cultivo de milho e soja, associado � produ��o de carne de aves, su�nos e latic�nios. Trata-se de uma regi�o com cooperativismo muito intenso e muito pr�spero. Ent�o, essas atividades t�m grande impacto ambiental, especialmente pela produ��o de dejetos. Se esse material n�o for devidamente tratado e descartado, h� consequ�ncias ambientais. Ao desenvolver sistemas adequados, podemos utilizar os dejetos para a produ��o energ�tica. Al�m disso, evita-se que dejetos sejam despejados em rios que des�guam no reservat�rio de Itaipu, reduzindo a longevidade da usina.

"Al�m de ser a maior geradora de energia hidrel�trica do mundo, somos respons�veis pelo desenvolvimento de novas tecnologias"


 
O foco dos novos projetos � a microgera��o distribu�da?
Tamb�m. A Itaipu, no m�s de maio, assinou o programa Microgrid, que estimula o surgimento de projetos de microgera��o distribu�da na Regi�o Oeste do Paran�, tendo como base o uso de fontes renov�veis. Trata-se de um novo conceito no pa�s, com a cria��o de pequenas redes de energia, denominadas ‘microgrids’, que passam a operar e se sustentar de forma isolada. � como um backup do sistema el�trico nacional, em situa��es de falta de rede. � uma quest�o de responsabilidade de Itaipu com o desenvolvimento sustent�vel.  

Existe interesse em investir em outras fontes de energia?
N�o. Itaipu tem a responsabilidade de contribuir com a seguran�a h�drica. Precisamos ter condi��es hidrol�gicas favor�veis. Ou seja, se n�o tiver �gua chegando em quantidade adequada no reservat�rio, a gera��o estar� comprometida. Comparando com o corpo humano, � como se n�o chegasse sangue suficiente para tocar o cora��o. Por isso que s�o importantes muitos desses projetos. N�o temos interesse em produzir diretamente com outras fontes de energia, mas criar um ambiente que preserve a sa�de de Itaipu no longo prazo. Isso passa por cuidar das matas ciliares, por exemplo. O nosso lago, com 170 quil�metros de extens�o, � muito grande e precisa de aten��o especial em todo o seu entorno.
 
Esses projetos dependem de algum sinal verde do governo?
N�o. Como Itaipu � binacional, tudo � feito de forma conjunta entre o Brasil e o Paraguai. Os projetos n�o s�o descartados, mas est�o em fase de estudos. O que j� est� em execu��o � o projeto do Microgrid.  
 
Por que Itaipu est� investindo em estudos nessa �rea? As universidades n�o t�m condi��es de formar m�o de obra qualificada e tecnologias em energia limpa?
N�o posso fazer uma afirma��o dessa natureza, mas posso dizer que Itaipu ocupa esse espa�o como um ator importante em termos tecnol�gicos. A seguran�a energ�tica do Brasil depender� da diversifica��o das fontes de gera��o.
 
A descentraliza��o da produ��o de energia n�o � uma amea�a � sobreviv�ncia de Itaipu?
Olha, o futuro da energia passa tamb�m pela descentraliza��o, mas n�o � o �nico caminho. Tome como exemplo a energia e�lica no Brasil. Em oito anos, essa fonte ganhou grande relev�ncia e j� responde por 13% da matriz energ�tica nacional. Itaipu, s� para relembrar, � de 17% a 20%. A e�lica, na regi�o Nordeste, chegou a suprir 70% da demanda da regi�o. Ent�o, � importante aproveitar as potencialidades de cada regi�o, assim como o potencial existente em biog�s no Oeste paranaense. H� regi�es que possuem imenso potencial de gera��o fotovoltaica, dada a predomin�ncia de luz solar em grande parte do ano.

"O Brasil produz uma das matrizes mais limpas e renov�veis do mundo. O que o pa�s precisa � unir v�rios fatores para ter tamb�m energia barata"


 
Ent�o n�o h�, nesse caso, uma concorr�ncia entre as diversas modalidades de gera��o de energia?
De forma alguma. Quanto maior for a vida �til do nosso lago, e quanto mais se investir em diversifica��o das fontes de energia, maior ser� a nossa seguran�a operacional. Quando houver fases de escassez de chuvas, de longos per�odos de estiagem, outras fontes garantir�o a demanda nacional. O Brasil produz uma das matrizes mais limpas e renov�veis do mundo. O pa�s n�o pode esquecer o etanol, que reduz a queima de combust�veis f�sseis, como gasolina e diesel. Ent�o a gente tem que trabalhar com todas as fontes. O conforto se d� quando h� abund�ncia e pre�oS baixos. O que o Brasil busca � unir v�rios fatores para ter energia limpa, mas tamb�m barata.

Se o Brasil j� tem energia limpa, o que falta para a energia ser mais barata?
S�o v�rios fatores. Particularmente, n�o cabe a Itaipu entrar nessa quest�o do pre�o da energia. Esse assunto extrapola as fronteiras de Itaipu. N�o � fun��o nossa entrar em aspectos regulat�rios. S�o quest�es governamentais.
 
A tend�ncia de expans�o do mercado de carros el�tricos abre nova perspectiva para as empresas geradoras de energia?
Sim. N�s produzimos energia. Estamos instalando 11 eletropostes, em parceria com a distribuidora Copel, um corredor de recarga de ve�culos el�tricos desde Foz do Igua�u at� o litoral do Paran�, na BR-277. O ve�culo el�trico � uma realidade que veio para ficar. N�o tem como recuar.

 

 


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